Eles terminaram lá por janeiro, um pouco antes dela começar naquele emprego novo.
No domingo que antecedeu a segunda-feira desse novo passo, decidiu arrumar o armário, se livrar das coisas velhas, abrir mão do que a lembrava dele.
Mas, foi separando camisetas e moletons, que ela só lembrou cada vez mais.
Tudo tinha seu rosto, seu cheiro, sua cara. Ele.
Lembrou daquele casaco do dia em que ele a levou pra jantar e o ar-condicionado do restaurante estava muito forte.
E daquela camiseta que ele emprestou quando dormiram juntos pela segunda vez.
Claro que vinha pela frente um novo começo. A vida é cheia deles.
Mas não dá pra simplesmente apagar os nossos passos antigos como se tivéssemos pisado na areia.
Nenhum "novo" é igual a um antigo.
E mesmo que ela conhecesse alguém diferente, um colega de trabalho, talvez, ou até um cara que almoçasse no mesmo lugar que ela... mesmo assim, ela não ia poder desaparecer com o passado.
E, obviamente, não seria essa limpeza no armário que ia fazer tudo mudar.
A verdade é que, mesmo que o simbólico ajude, o que é nosso vai ser nosso pra sempre. O "nosso" nosso. Só nosso e de mais ninguém.
Ela guardou tudo de volta no armário.
E se deixou levar sabendo que ninguém vai substituir o que já foi.
O que nos pertence é infinito.
2 comentários:
ótimo, aliás, como sempre.
Postar um comentário