sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2010

Acaba sempre sendo muito tentador fazer um balanço do que foi o ano que passou. Tentei pensar sobre 2010 de todas as formas, mas parece que nada é o bastante, parece que sempre vai faltar alguma coisa. Talvez seja porque o ano ainda não acabou.


Mas nenhum conceito aqui pode explicar o que foi se “desapaixonar”, ver todo um futuro fugir entre os dedos, o que foi achar que havia se encontrado e se perder, o que foi ter se entregado de corpo e alma a um projeto (duas vezes!), o que foi ter vibrado ao ter em mãos dois anos de empenho, o que foi fazer valer um lugar que tantos julgavam não ser teu.


Em 2010 eu deixei de te amar. Em 2010 eu passei a te amar mais. Em 2010 eu me surpreendi por gostar dele (por mais que eu não faça idéia de onde isso vai me levar).

Em 2010 aprendi que nem todo mundo vale a pena, entrei em pânico ao conseguir ver todo mundo “sem suas mascaras”… vi quem são meus amigos de verdade (mas afinal, não é isso que acontece todo ano?), senti saudades de casa, quis fugir de casa, me arrependi de ter voltado pra casa… e me senti em casa nos braços de quem sempre me pareceu tão longe do que eu ousaria chamar de lar.


Me fiz de forte, fui orgulhosa, superei o insuperável (que achava que ia ser pra sempre – fail me) e o superável. Acordei acompanhada, acordei sozinha, não dormi.

Afundei os pés na areia e até cogitei adotar um gato (!!!!!).

Dane-se as pequenas coisas. 2010 foi um ano de encontros e desencontros, amores e desamores. Deu tudo muito certo, apagando tudo aquilo que deu errado (e podia ter roubado os momentos bons de mim).

Foi um ano SÓ meu. Um ano que eu guardei dentro de uma caixa e vivi sozinha, não dividi com ninguém. Foi um ano egoísta, e QUE BOM que foi assim.

Em 2010 eu senti 2008 tão perto e tão longe.
Foi como uma chance pra poder viver tudo de novo, só que do jeito certo.

Ah, anos pares… o que vocês fazem comigo?

Mas acaba sendo sempre tudo impar. E 2011 só vem pra provar o quanto eu estava certa. Ou não.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vida besta

Traição é uma coisa comum, e acho que todo mundo sabe disso.
Demorei muito tempo pra me dar conta que era normal. Sempre sonhei com o cara ideal, o romance certo e toda aquela história de contos de fadas que não existe na vida de ninguém. Até o dia em que eu vi que 70% dos meus amigos traiam suas namoradas e não pareciam se afetar por isso.

Não era uma coisa “NOSSA, eu traio minha namorada, como sou filho da puta”. Era mais “Essa é minha vida, sou feliz assim e ainda tenho minha mulher me esperando quando chego em casa, o que mais posso querer?”. E aí vai de cada uma aceitar isso ou não. Cada um sabe bem onde dói seu calo e quem sou eu pra julgar, né? Enfim, aprendi isso com o tempo… e por mais ridículo que seja você se conformar com algo assim… bom, fazer o que?! É rezar pra não me meter numa fria assim.

O problema, na verdade, é um só. O cara que trai a namorada só corre UM risco. E não é nem que a namorada dele descubra todas as cagadas que ele faz, porque ACREDITE, grande parte das namoradas sabe de TUDO.
Mas o real problema numa situação assim é só um: que a mina que ele pega se apaixone DE VERDADE por ele. Aí, meus queridos… sai de perto, porque a coisa fica feia.

Porque enquanto as pessoas só se “pegam” (ODEIO esse termo, jesuscristomeuirmão) só pela diversão, bom, ninguém é de ninguém e tem gente que consegue viver assim. Mas quando a menina se apaixona pelo cara e começa a achar que ele vai largar a vida dele pra ficar com ela… ai ai ai. É duro.
Porque ele não vai. E todo mundo sabe disso.
Você é a outra. Você é a “válvula de escape”. E talvez essa seja a única qualidade que ele veja em você, saber que você não o prende, não cobra e enfim. Porque se não fosse contigo, seria com a Maria, com a Joana, a Sofia, enfim, qualquer outra menina. Mas a namorada dele vai ser sempre a mesma, porque apesar de tudo, NÉ, é pra ela que ele vai correndo no fim do dia. Não pra você.

Tenho muita pena “da outra”, porque ela nunca se liga a tempo que tá fazendo papel de idiota. Seria mais fácil se ela pulasse fora antes da tragédia, sabe. Porque ela nunca vai “salvar o cara”, ou algo do tipo. Ou você acha que ele vai largar toda a segurança e a vidinha estável dele pra correr algum risco com você?
Claro que não vai…

O problema é entre A e B, e você é a apenas a C, que pode estar ali ou não.

E é bom pular fora dessa confusão enquanto da tempo… porque você só vai se machucar, só vai tomar tufo, só vai se iludir. E vai deixar vários amores passarem, na ilusão de que aquele cara que te liga pra te dar boa noite sempre vai um dia te dar boa noite de verdade, do teu lado. Mas a gente sabe, ele não vai. Ele não tá nem aí pra ti. Porque ele é egoísta e só pensa nele. Só nele. Se pensasse em você já teria largado tudo. Se pensasse na namorada, não estaria traindo.

Então, aprende logo: seja egoísta também. Foge enquanto há tempo e pensa mais em ti.
Deixa o cara lá tomar o tufo dele sozinho e vai ser feliz.

O resto o tempo resolve.

Mas enfim. Isso é o que EU acho. E boa sorte pra gente.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Slow Dancing In A Burning Room

Sempre acho que sou a errada. Sempre.

E quando vejo tanta gente fazendo tanta coisa igual, e só eu tentando fazer diferente… Bom, nadar contra a maré não devia ser algo fácil mesmo, certo?

E todo mundo é tão “livre”, todo mundo “se gosta” e “se pega” e não, NÃO, eu não quero isso pra mim. Fico me segurando pra não dizer que as coisas não funcionam assim, e fico quieta, esperando que ele me olhe e veja que eu não quero só aquela noite, ou uma carona até em casa. Eu quero dias, semanas, todos os olhares e sorrisos. Mas parece que não é o bastante. Porque ninguém tá realmente pronto pra isso.

E mais uma vez volto pra casa achando que tô procurando nos lugares errados. E é muito clichê dizer que a gente acaba sempre encontrando o que procurava EXATAMENTE onde não procurava. Certo?

É como dar de cara com o JOHN MAYER, se apaixonar e ver que ele é um cachorro. É óbvio demais. É lindo. Diz coisas maravilhosas. Mas não presta.

Meus olhos ardem de todas as noites mal dormidas de quem se preocupa demais. Tô MORRENDO de medo de perder. Acho que nunca me senti tão mal por saber que posso desperdiçar tudo isso sem querer.

É como tomar coca-cola num copo de cristal. Ou perder na Mega-Sena por um ponto.

Me perco na minha ansiedade, e já falei tanto em insegurança, mas eu tô caminhando no muro do terraço, aqui. Um passo em falso e goodbye me.

Meu orgulho tá me dando uma surra. Mas eu espero o tempo que for preciso. E se for pra “tomar o tufo”, pode vir.

Você vale a pena. E eu tô pronta.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Agridoce

Veja bem, meu bem: Eu não quero ter que mentir, nem omitir, muito menos fingir.
Sou tudo o que sinto e não escondo nada.

Você sabe exatamente como é. E tenta me levar nessa calmaria. E me joguei no teu rio, me deixei levar pela correnteza. Mas de que adianta se nado sozinha?

Em nenhum momento você disse que me acompanharia, eu te entendo tão bem… Mas minha mente é fraca, e me perco nos meus pensamentos idiotas, sempre tão pessimistas e sonhadores.

Desculpa se eu estrago tudo, mas é difícil demais ter que lidar com essa insegurança… e nós dois sabemos: é complicado demais quando se gosta de alguém como eu gosto de você.

Mas eu espero. E quero que você saiba que eu não busco aqui o amor da minha vida, ou um futuro perfeito. Eu procuro tua mão, teu abraço e teu sorriso de quem fica sem graça quando não sabe o que dizer. A gente se perde quando é conquistado desse jeito… é agridoce demais.

E não vou correr, não vou me apressar. O tempo é valioso. E é nosso. Temos todo o tempo do mundo.

(Desculpa por te chamar de “meu bem”. Não quero ser possessiva, mas também não posso me entregar tão fácil assim…)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Inércia

Deitei pra dormir com aquela sensação estranha de que o corpo flutuava sobre a cama. Acontece às vezes. E eu tento mexer o dedinho do pé e parece que preciso fazer todo o esforço do mundo pra que isso aconteça. Parece uma anestesia, alguma coisa não normal.

Quando fechei os olhos, me senti cada vez mais longe. Acordei com o celular tocando. Tocou umas três vezes. Na terceira eu já nem respondi.

Acordei às 7h, mas forcei pra dormir mais. Sonhei com água de novo. Deve ser o que? A sexta noite seguida que sonho com água. Dessa vez era uma piscina. E na rua chovia forte, mas eu tava na piscina coberta que tinha na minha casa. E corria desesperada, pedindo pra minha mãe não sair de carro naquela chuva, porque os carros tavam caindo dos viadutos com a força do temporal. E voltava pra piscina, reclamando que a água tava suja de traça.

Acordei decepcionada por ter dormido tanto de novo. Era assim quase todo dia. Era tomada por essa "maior preguiça do mundo", que parecia ser broder do tédio e da sensação de que os dias já não tinham mais graça.

Passei café, sentei na mesma cadeira, abri os mesmos sites... tentei prometer que não ia ser igual ao dia anterior, mas anda tudo tão errado... de onde a gente tira ânimo mesmo?
E lá ia meu corpo, flutuando...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Café e Passatempo

Maldita seja a insegurança.

Por mais que a gente saiba que tá fazendo a coisa certa, rola aquela sensação de que "tá tudo errado".
Comigo parece até rotina pensar que vivo uma mentira. E tá, é muito idiota. Ainda mais quando tu analisa uma situação inteira e vê que tá "ganhando". Mas não adianta, eu sempre acho que meu nome empacou no último lugar.
Me seguro pra não falar o que realmente penso, por medo de estar pulando etapas, ou sei lá, só pensando demais.

Mas olha, eu tô tentando. E é demais essa sensação de "coração aberto", de deixar o tempo levar a gente e tudo mais. Ainda mais quando tudo compensa. E como compensa. :)

Mas eu sempre fico nessa guerrinha de cabeça x coração. E acaba sendo ridículo, porque no final... eu sempre perco.

Mas também ganho.
E essa vitória é exatamente aquela que eu sempre quis alcançar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cenoura, laranja e mel

E aí meu laptop começou a fazer uns barulhos estranhos. Fiquei olhando com cara de maluca pra ele, como se ele fosse me ver também e entender que eu estava incomodada.

Queria sair de casa, queria dar uma volta, queria mergulhar os pés na piscina, queria qualquer coisa.... QUALQUER coisa. Havia passado o dia todo enfurnada no mesmo lugar, encarando a mesma janela, como se alguma coisa fosse aparecer pelo céu me chamando pra sair. Era sempre assim: eu esperava. Esperava, esperava, aguardava enquanto esperava, e não fazia nada.
Quando alguém me convidava pra sair, eu dizia não, na esperança de que alguma coisa melhor fosse aparecer. Mas não aparecia. E eu era orgulhosa, e não ia voltar atrás do meu não, né? E ficava ali, sentadinha, tentando organizar lembranças e pensamentos, que só me deixavam cada vez mais confusa.

Não conseguia me concentrar e isso era horrível. A espera era uma tortura.
Aí claro. Você se pergunta: "Ah, mas poxa, o que você tanto espera, hein?".

Sabe que eu não sei?
Acho que espero por algo pra esperar. Espero por uma vontade que me faça sair de casa. Espero que eu esteja errada quando digo que eu não mereço tudo isso.
Espero que as pessoas me entendam, talvez. Que elas me apoiem e digam "Ah, que legal! Eu sabia que isso ia acabar acontecendo, tu merece!".

Espero por qualquer coisa que não seja esse fracasso ridículo que é ficar em casa, trancada, esperando passar essa vontade de te esperar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Alergia de sair de casa

Às vezes a gente cansa. Só isso.
Cansa das mesmas caras, das mesmas piadas, do peso da máscara que usamos pra sair de casa.

A gente força tanto o riso que o rosto dói.
Chega uma hora que a gente se perde dentro do próprio personagem e fracassa na arte da farsa.
E aí quando chega em casa, se sente vazio, murcho, absurdamente trouxa por sempre tentar, mesmo sabendo no que vai dar.


Existem certas pessoas na minha vida que guardo como prêmios ao lado das medalhas de "Pessimista do ano", na minha prateleira.
São como aquelas figurinhas premiadas no Willy Wonka. Elas não te dão passeio a fábrica alguma, mas tê-las é algo quase exclusivo, motivo de alegria e tudo mais... e então, me acostumo com elas, me fazem bem. E quando acho que tudo é tão bom quanto elas, jogo as expectativas pro alto, e acabo dando de cara no chão... Pessoas são apenas pessoas... mas umas são bem menos que outras.



É um perigo se entregar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Se a gente pudesse escolher, talvez não teria tanta graça

Enchi o copo até o topo.
Que ridículo, beber pra esquecer.

Fui completamente sem limites, sem pensar. Tudo pra não ter que lembrar do que tinha acontecido... Era mais fácil esquecer do que resolver. E essa era eu, sempre enrolando, adiando, sofrendo por não assumir tudo o que tinha feito.

Escondia o que todo mundo já sabia. E me sentia incrível por ter esse "poder" nas mãos... poder de ser uma farsa.

Passei meia hora olhando fixamente pra parede, buscando uma solução.
Foi quando o telefone tocou e você disse que queria me ver.

Deixei o copo em cima da mesa, ainda cheio.

Sem nem tomar um gole, esqueci de tudo.
Era isso que você fazia comigo: me levava pra outro lugar, me deixava leve, me transformava em tudo aquilo que eu sempre quis ser.
E apesar de eu sempre abusar do pessimismo e de me perguntar até quando você ia seguir me enganando, eu sorria.

Sorria ao beber esse copo cheio de você.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre espelhos e balanças

Às vezes paro pra pensar, e chego a conclusão de que pessoas inteiramente satisfeitas com sua aparência física devem ser aberrações da natureza.

Sempre tem alguma coisa que nos “estraga”, sempre temos um motivo pra reclamar.

Quando me olho no espelho, encontro infinitos defeitos. Olho e penso: “como pude deixar chegar a esse ponto?!”. É complicado. Qualquer deslize e OPS, tô acima do peso.
Aí me deixei levar. Ganhei mais do que devia. Fiquei diferente. Sou chamada “carinhosamente” de gordinha, comecei a virar motivo de piada sobre comida… comecei EU mesma a me fazer ser piada sobre comida… E quando vi, já não tinha mais controle.
Não tenho mais paciência pra regime. Não sei ir pra academia, fazer exercícios. É complicado falar que não quer tomar Coca-cola, ou não ter vontade de chocolate…

Mas o fato é: eu REALMENTE não me importo. Se me importasse, já tinha me jogado pela janela. Porque cá entre nós, eu já fui mais magra/bonitinha. E é engraçado pensar que naquela época eu já me achava “gorda”. Hoje vejo fotos e me assusto… “De onde que eu tinha tanto osso?”.
Mas sabe, quando vejo essas meninas malucas porque tomaram um sorvete, ou porque jantaram Mc Donald’s, penso em como EU seria infeliz se controlasse cada passo, cada caloria, cada garfada. É completamente irritante alguém assim do seu lado, porque nada é pior do que alguém que não se aceita, que é infeliz dentro do seu próprio corpo. Isso torna a pessoa mais feia do que qualquer gordurinha saltada naquela blusa mais justa.

É nessas horas que eu começo a viajar naquelas coisas de pessoas de verdade e de mentira. Porque parece que tudo o que importa é o que você mostra, o que você representa…. São as roupas que te caem bem, e o decote, a perna bonita, o fato de você tirar fotos na praia de biquini e postá-las no orkut, sem problema algum (mas certamente com alguma legenda te rebaixando).
Não quero nem falar de extremos, mas se você só pegar o “grosso” do que tô falando, vai entender.

Pessoas são bem mais do que isso. É óbvio que eu adoraria ter 15kg a menos, mas será que isso ia mudar alguma coisa? MESMO? Ia me tirar alguma chance na vida? Eu ia ser mais por isso? Fazer mais amigos? Ir a mais festas? Ter mais “menininhos apaixonados" por mim (ou melhor, só querendo me pegar)? É isso mesmo que eu procuro nessa vida?

Ou procuro pessoas de verdade, que me conheçam e que me respeitem de VERDADE, a ponto de eu deixar elas fazerem piadas sobre eu ser “gordinha tensa” sem me preocupar?

É um ciclo vicioso. Quanto mais pessoas que gostem de mim pelo que sou estiverem em volta, mais eu vou ver que o que vale aqui, MESMO, é ser o que a gente REALMENTE é. E sabe… ser quem a gente realmente é APENAS traz gente de VERDADE pra perto.

Claro que não aposto aqui em “perder o controle” e sair chutando o balde, mas a verdade é uma só: Meu espelho não mostra quem eu sou por inteira.

E nada melhor do que pedir uma pizza e rir na companhia dos nossos verdadeiros amigos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Capacitor de Fluxo (2)

Sinto um frio na barriga constante.
Parece que não tem ar o bastante pra respirar.
Me pego olhando pro teto, sorrindo.

Fico nervosa e cada vez que o telefone toca, parece que não vou conseguir chegar até ele, de tanta ansiedade.
Ando me perdendo em pensamentos, e naquela sensação idiota de que preciso voltar no tempo pra seguir assim.



Me odeio por não conseguir me controlar.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Quarta Ponte

Quando colocou os pés na água, não conseguiu decidir se estava fria ou não.
Só conseguia pensar em não fazer a coisa errada, em não estragar tudo, em não pensar demais mais uma vez.

E enquanto os pés afundavam na areia, ela procurava nele um apoio pra não cair. Era naquele abraço que ela se sentia bem, e já nem lembrava como tinha ido parar ali.
Olhando pras ondas sentiu uma ponta de insegurança, como quem tá perto da linha de chegada e tem medo de tropeçar.

Pensou duas vezes antes de falar, mas não conseguia "pensar duas vezes" o que sentia. E quando ele disse que tudo ia ficar bem, ela respirou fundo, fechou os olhos e pediu pra que, só daquela vez, as coisas dessem certo de verdade.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Envelope

É estranho sentir saudades de casa.
"NADA mais normal", eu devia pensar. Afinal, foram 15 anos morando no mesmo lugar, na mesma rua, com os mesmos amigos e sempre dando bom dia pras mesmas pessoas no elevador.
Foram anos muito parecidos, acolhedores... Anos de risadas gostosas e abraços confortáveis.

Por mais que me vire bem com a "solidão" que a gente ganha de bandeja quando resolve "morar sozinha", às vezes me pego olhando pros lados, procurando por uma companhia entre os quartos vazios.

É estranho sentir saudades de casa porque "ir embora" devia ser uma coisa natural. Era mais que uma vontade, sempre foi uma meta. E em nenhum momento cogitei voltar.



Mas, no fundo, eu sei: o que dói mais não é a saudade. É saber que não pertenço mais aquele lugar que SEMPRE foi tão meu.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre aquilo que a gente evita falar (Ou não)

Então, me diz, como posso colocar em palavras tudo o que quero te dizer?
Sou chata e repetitiva, mas isso é fato e acho que já ficou claro pra você.

Tenho esse lado irritante, orgulhoso, que se esconde por trás de um escudo idiota, agressivo e sem noção. Não queria ser assim. No fundo, fico esperando que você me ligue e que diga que quer me ver. Que sei lá, não tinha nada pra fazer e lembrou de mim.
Sim, um pedaço meu REALMENTE espera que isso aconteça.
E então fico aqui, sentada no mesmo lugar, olhando pro telefone, na esperança que você mande notícias.

Tenho um pouco de vergonha por me ver tão exposta, tão fora da minha zona de conforto. Olha só o que você fez comigo!
Sabe, eu não queria me sentir assim. E acho que é isso que falta te falar. Porque tá absolutamente INSUPORTÁVEL aguentar ter que pensar em todos os prós e contras, e nem assim deixar de ficar sem ar quando te vejo. Não sei o que fazer nessa situação.
Abomino o "mal resolvido", odeio qualquer coisa que seja pela metade, e não consigo lidar mais com esse nosso "comodismo" de não resolver nada com nada.

Não dá pra dar jeito em tudo sozinha.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vitória

"De onde você tá tirando tanta inspiração?", perguntou aquela amiga da curiosidade irritante.

"Ah... da vida... dos filmes...", tentou desconversar. "Sabe como é, né? Quase nunca falo de mim...".

A amiga riu. Ela também.
Riso nervoso, daquele que a gente usa quando não sabe o que dizer.

Voltou pra casa contando os passos, alinhando bem os pés, caminhando sobre um risco imaginário que a ajudava a se distrair pelo caminho.
Tentava não pensar nele. Não nele! Não naquele sorriso, e de como ele a deixava sem palavras.
Nãaao, não, não.

Ela que sempre foi toda dona de si, orgulhosa por ter sempre "tomado a iniciativa" e uma atitude... Agora tava ali, olhando pra parede, se perguntando o porque de tanto sentimento, logo por quem não esperava.

"Ah, a ironia da vida!".
Se preocupava, e muito, com o que ele poderia pensar de tudo aquilo. Mas, no fundo, já não ligava.
Não ia assumir nunca o que sentia. E muito menos ia perguntar se ele podia sentir algo parecido também. Resolveu esperar sentada.
No auge de "trouxisse", preferiu se calar.


E ali ficou.

Sobre neophobia e heróis

Coitada, ela não tinha coragem.
Imaginem só, falar o que realmente sentia! Que?! Nunca!
Só uma idiota faria isso. E ela era orgulhosa, medrosa... em outras palavras, era uma verdadeira cagona.

Imagina ter que lidar com um não! Já pensou? Depois de TUDO o que passou? Nem pensar! Descartou toda e qualquer possibilidade de decepção. Abraçou forte junto ao peito as expectativas que ela mesma havia criado. Sabia que eram todas dela... mas nem por isso deixou de levá-las a sério.

Optou simplesmente por "não tentar". Ia ficar ali, sentada, sorrindo que nem idiota cada vez que lembrasse daquele abraço que parecia aquele tal "melhor abraço do mundo".
Se comparava a uma menina desajeitada de 10 anos, apaixonada pelo cara popular da escola. Ela sabia que ele nunca olharia pra ela. Ela sabia que era tudo mentira, que eles nunca dariam certo. Mas só aquele dia, que por ironia do DESTINO ele ficou na frente dela na fila do bar, já valeu o ano inteiro.

Gostava do jeito que ele a fazia se sentir (por mais que na maioria das vezes a deixasse sem reação - e completamente sem ar). Ele não era como os outros, não era vazio ou "decifrável". E apesar de isso afastar a grande maioria que só estava ali pra uma passagem rápida, a deixava cada vez mais e mais presa, sem saber muito bem que medida tomar pra conseguir voltar atrás. Porque sabia: já era tarde demais. E não tinha mais como evitar todas aquelas dúvidas...

Ela estava errada. Era tudo um erro pelos motivos mais óbvios que a vida poderia dar. Mas, no fundo, não ligava. O medo de errar era absolutamente maior do que o erro em si, e talvez por isso não se importava tanto com toda a bagunça que aquilo podia criar.

Antes de dormir, lembrou que ela tampouco era como todas as outras. Sorriu, com uma ponta de esperança de que, talvez, as coisas pudessem mudar.

No dia seguinte, quando olhou pro céu, se espantou ao ver o sol. Foi ali que se lembrou que não precisava sentir receio algum.
Pelo menos não com ele.

Encheu o peito de ar (como fazem todos aqueles super-heróis de cinema, que sempre parecem ter muita coragem), mas não fez nada que pudesse mudar a rotação da Terra ou as estações do ano. Só disse: "Vamos lá, Dezembro. Não me decepcione".


E jogou a sorte toda pro ar.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sobre dezembro e passos pra trás

"Tô com preguiça de pessoas", disse ela.
Tentou disfarçar a insatisfação, mas era visível o quanto estava incomodada.
Na tentativa de se afastar de todo mundo que parecia ser só metade, acabou sozinha.
Estava completamente descrente, mais pessimista que nunca. Faltava vontade, faltava assunto. E só conseguia pensar no quanto havia mudado e como tudo parecia tão igual.

E quando achou a possibilidade de virar o jogo, ficou preocupada de estar fazendo a coisa errada.
"Geralmente vou lá e dou o primeiro passo... mas dessa vez é diferente", continuou. "Ando tão chata e repetitiva, talvez seja só receio de ter que lidar com alguém tão diferente..."

Ele riu, fingindo acreditar.
"Teu problema é psicológico. Tá com medo de estragar tudo. Não pode ser sempre assim."

Mas era sempre assim. E lá ia ela, fingindo que estava tudo bem, dura, preocupada com as próximas palavras que sairiam.

Só que nada era tão agradável do que quando ficavam lado a lado, levados pelo silêncio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dezembro (4)

Olha só quem veio bater na minha porta.
Dezembro chegou, mas não trouxe você.

Trouxe amigos, trouxe abraços, trouxe casa, trouxe calor.
Trouxe aquela nuvem longa de chuva, trouxe uma noite mal dormida, trouxe uma despedida.
Trouxe ansiedade, trouxe medo.

Te procurei entre os rostos na chegada.

Quero saber quando nossa hora vem.