segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cimento

Uma noite dessas conversei muito com uma amiga, e me deparei com uma parede gigante de incertezas.

Em todas as frases que eu falava, sempre terminava com um "não sei".
Eu não sei de nada.

Não sei o que faço, não sei como resolver.
Quero solucionar tudo sozinha e não envolver ninguém nisso, mas às vezes dói tanto tentar que desisto rapidinho...

De novo pensei em pegar o carro e seguir sem rumo, tentar achar alguma resposta nesse tempo livre. Mas só de começar a pensar em como resolver, eu já penso em como tá tudo errado, e largo pra lá e não resolvo nada.

O ano passou voando, e tudo foi pra frente, todo mundo seguiu e arrumou uma forma de viver de verdade.

E eu sigo presa em coisas que já deviam ter ido embora há muito tempo, sigo sendo a chata que parece não conseguir apagar o que sente.

E nesse meio tempo, me vejo tonta de tanto ver que não sinto nada. Eu choro quando lembro do meu fracasso. Porque é um fracasso saber que você não consegue superar.

E nada me deixa do jeito que devia. Nenhuma sensação é permanente.
Nenhuma, a não ser essa.

A minha derrota é uma idiota. Me pega pela mão e não me larga de jeito nenhum.
É cimento nos meus pés, me prendendo e não me deixando ir pra qualquer lugar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

1 + 0 =

Minha vida é sempre cheia de brechas.
Sempre tem um momento em que eu volto atrás sem querer, recaio por besteira.

Ando pensando muito em tudo. Deve ser porque agora arrumei alguém pra me ouvir e ajudar.

A insatisfação diária nunca parece terminar, o que sempre piora tudo, claro. E abre mais brecha.

Esses dias o coração ardeu assim, descontroladamente, e cheguei a conclusão de que o problema realmente é comigo.

Não vai adiantar nada eu correr e contar como eu me sinto, porque ele não vai ouvir. E vou ficar com cara de idiota.
E é essa cara de idiota que me segue, como uma cirurgia plástica permanente, que devo jogar fora.

É tudo comigo. tô sozinha nessa. E não quero ajuda alheia de quem acha que sabe do que tá falando.

Sou eu. Só. Mais ninguém.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Idiota por ainda ser a idiota

Precisava de alguma mão que me salvasse.
No desespero, estendi a minha ao desconhecido.

E há tanto tempo me vejo presa, que às vezes me assusto por me sentir exatamente do mesmo jeito.

Esses dias me dei conta de que meu coração ainda para de bater pelo mesmo motivo de alguns meses atrás. Que decepção comigo mesma. Não era pra ser assim.
Saiu até um resmungo. "Ah, por favor. DE NOVO NÃO."
Sabe quando você se sente ridículo porque chegou na parada no exato momento em que o ônibus arrancou? Me sinto assim.

Tem coisas que a gente simplesmente sabe que não podem acontecer. Que a gente sabe que não tá certo. E eu sei bem o que é certo e o que é errado. E só quero que isso passe... que eu consiga ficar bem, que recomece do zero, que não fique mais assim pelo o que já devia ter esquecido.

Superar é uma grande pegadinha. Sempre que você acha que já passou, lá vem ela de novo, rindo da sua cara.
Eu já devia ter me acostumado a essa altura do campeonato.

Escrava do que sinto, imploro por algo que me faça ser quem eu era. Já tem gente que diz nem me reconhecer mais.

E aí o que faço?
Se me esconder, perco.
Se for atrás, corro o maior risco de todos.


Olha quanto tempo já passou.
Olha quantos dias, quanta coisa já aconteceu.
Olha.
Não importa quantos passos eu dê. Sempre acabo voltando pro mesmo lugar.

sábado, 10 de setembro de 2011

BR 116

Foi pra lá com a maior má vontade do mundo.
Aquele lugar repleto de pessoas que sempre a faziam tão bem.
Mas daquela vez, aquele era o último ponto do mundo que queria se encontrar.

Sentou num canto e, por um instante, esqueceu até quem era.
Aquela pista vazia logo ficou sem um mísero espaço pra respirar.

E seguia com aquela sensação de ser abraçada pela solidão no lugar mais lotado do mundo.

Buscou em abraços e sorrisos algum motivo pra dizer que estava tudo bem, mas o coração sempre parecia hesitar ao bater.

Eram sempre as melhores intenções, mas caminhar na corda bamba nunca foi fácil nem pro equilibrista.

Quanto tocou aquela música, ela voltou no tempo como sempre fazia.
Queria dizer "eu sinto sua falta", mas só conseguia olhar pro chão.


"Se ele gosta de você e você gosta dele, porque não tão juntos?????"

São interrogações demais pra uma cabeça só.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ficção

Me deu vontade de escrever, mas eu tava com todas as palavras soltas e confusas na cabeça.
Tentei e tentei colocar em ordem, mas nada saiu.

Fiquei lembrando de quando puxo o meu caderninho rosa pra escrever, e saem páginas, linhas, folhas completamente sem sentido.
Sempre o mesmo tema, sempre a mesma inspiração.

Sai hoje pra me distrair e, por um longo instante, esqueci do mundo lá fora. Éramos três pessoas numa mesa, rindo sem compromisso, sem lembrar da segunda-feira fictícia que vinha depois, sem pensar nos problemas da noite anterior.

Na volta pra casa eu fiquei tentando montar a trilha sonora do que eu nem escrevi ainda.
Essa mania de pensar no resultado final sem nem ter um projeto pra dar resultados me frustra um pouco.

Por isso me irritei.
Por que cheguei em casa cheia de ideias e não consegui colocar nada em prática.
Precisei apelar.

Coloquei um daqueles filmes clichês de Hollywood pra assistir, e ficar lembrando que nada na minha vida parece com esses romances frescos do cinema.

Nunca nenhum amigo meu vai se apaixonar por mim depois da gente ter alguma coisa sem compromisso e superficial, nunca nenhum cara vai correr atrás de mim no aeroporto gritando "OH POR FAVOR NÃO SE VÁ", e duvido muito que o protagonista cafajeste pegador mude de ideia quando me conhecer.

Sabe?
Isso não existe.

Eu não sou de ficção.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Eu

Me surpreendo sempre que me vejo presa aos mesmos sentimentos.
Parece sempre que tento das formas erradas me desligar, ou até mesmo "superar".

Vou atrás de coisas vazias, sem sentido, que não significam nada pra mim. Tudo pra tentar achar alguma coisa que me resolva. Mas nada vai me resolver, se não eu.

Nessas horas penso que eu só sinto falta da IDEIA, e não de tudo em si. E por isso dói tanto, por isso é sempre a mesma coisa. Porque tô sempre indo atrás dessa mesma coisa, coisa essa que nunca encontro.

É triste olhar pra trás e querer tudo de novo, porque não é o que posso ter.


Por isso me fecho tanto e forço estar sozinha.

Quem vai me resolver, se não eu?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Carta pra lugar nenhum

Vem andar comigo em passo de formiguinha.
Me chama pra dormir junto e me dá um beijo de boa noite.
Vem que eu te deixo dormir no meu colo.

Vamos rir juntos dessas comédias americanas enlatadas e tão engraçadas.
Vamos fazer comida congelada e tomar refrigerante sem gás.

Me convida pro cinema e reclama da minha mania de misturar as pipocas. Eu não me importo.
Sorri sem graça quando eu te elogio, vem me fazer rir fazendo cara de ranzinza.

Vem ser feliz comigo, independente do tempo, independente da vez.
Me leva pra qualquer lugar, me convida pra deitar na grama.

Me leva pela mão e não me solta.

Deixa a gente ser feliz.

Mesmo sem eu saber quem você é.