quinta-feira, 26 de março de 2009

Escrevo muito. Entendo pouco.

Escrevi quatro páginas.

Quatro páginas sobre nós dois.

Quatro páginas que deixariam tudo muito claro, que te fariam respirar mais aliviado, que me fariam mais tranqüila.

Quatro páginas que falam que nem sempre desapego é esquecimento.
Quatro páginas que seguem me afundando no assunto mais insuportável.

Quatro páginas que seriam o ponto final se fossem levadas a sério.



Quatro páginas que preferi guardar, pra não ter que lidar com tudo de novo.



Quatro. Somos quatro.

A gente sempre soube.

quinta-feira, 12 de março de 2009

____.doc

Porque alguns blogs pessoais são mantidos em segredo? Se é pra ser segredo, porque os textos estão sendo publicados? E você vem querer enganar dizendo que não quer que a pessoa pra quem você escreve leia... ah, quer sim. Esse tipo de personalidade não engana.

Palavras postadas no endereço que ninguém tem. Que você coloca o link discretamente em outro lugar, pra que alguém leia apenas em caso de sorte sua.


A contradição.
É o segredo mantido batendo de frente com a vontade de gritar pro mundo.
Puro orgulho pra não demonstrar fraqueza através da honestidade de nossa fragilidade (que se esconde muito bem por trás de uma escrita que mostra certo nível de conhecimento/intelectualidade – mesmo com erros absurdos, mas que são ignorados pela verdade que fala mais alto).





Somos mais parecidas do que imaginávamos (mas no fundo sempre soubemos).

segunda-feira, 9 de março de 2009

Andei pensando. Posto no meu fotolog sobre como a vida é malvada comigo, mesmo sendo muito boa, e aqui busco consolo em palavras que pedem pra sair de mim.
Tanta melancolia passa por meus dedos e atinge o teclado do computador, tudo pra resultar em um número exato de caracteres, unidos por saudades, mágoa, e lembranças até do que não vivi.

Queria poder me explicar melhor. Talvez não citar nomes, mas saber dizer exatamente o que se passa em mim, porque sempre acho que sou mal compreendida. Nunca me sinto clara o bastante. Ouso dizer que nem tudo é dor, e que um bom pedaço meu é alegria pura. Mas sempre que releio textos vejo como passo essa idéia de ser mais pessimista do que realmente sou (apesar de ser muito).

Me inspiro através dos meus dias, sempre com vontade de contar com minhas palavras o que aconteceu. É a minha visão das coisas, então obviamente é como minha cabeça processa, o que nem sempre pode resultar na realidade. Mas a vontade de falar é grande, como se fosse algo patológico. Parece que se eu não escrever, não poderei mais seguir a diante, não poderei mais viver e um pedaço vai ficar faltando. A partir do momento em que tive o ápice de inspiração, perdi um pouco do meu controle. Essa necessidade se misturou com obrigação pessoal, e se não escrever, me sinto até um pouco estranha, como se não fosse eu. Não sei se isso acontece com outras pessoas.
Não consigo sentar e me obrigar a escrever. Falar de tudo é um ato natural, que sai de mim independente do lugar onde eu esteja, com quem esteja, como esteja. Por isso sempre brinquei que o ser humano devia vir com um laptop embutido na barriga. Me facilitaria muita coisa.

Quando passei a escrever pensamentos sobre meu cotidiano, comecei a postar tudo no fotolog. Era inútil. Além de pessoas comentarem apenas sobre a foto que era postada, ninguém dava bola pro assunto, pro humor, enfim, pra nada. Por diversas vezes fechei os comentários, buscando ver na postagem só um sentimento de satisfação pessoal, como se só a publicação fosse o bastante. E é. Mas irritou. Então fiz o blog. E sempre que me proponho a ler os arquivos, me assusto com a quantidade de tristeza que muitas vezes posso passar através das palavras. Não é exatamente essa a intenção.

A tristeza de fato existe, e é resultado do que noto com essa minha visão das coisas. Mas não é o todo, juro que não. Às vezes ignoramos as partes boas das coisas, mas se sentarmos pra analisar, vamos ver que no sofrimento há um grande aprendizado, e porque não, uma felicidade plena. Eu me sinto assim. Me sinto tão triste por ver coisas dando errado, e por talvez ter desperdiçado tempo. Me sinto fraca por não controlar a realidade, por ter medo de falar algumas coisas que talvez nem devam ser ditas, e por não saber o real motivo de algumas ações de uma pessoa específica. Mas ao mesmo tempo dou risada do que passei, vendo como os tapas na cara foram bons, e como às vezes eu mesma causei o caos, tentando ter o controle de todas as ações.

Me tranqüiliza saber que posso ainda tentar arrumar alguns estragos e que ainda existe aquele sorriso que faz tudo ficar mais fácil (em partes).
Não vou mudar minha vida, não vou modificar meu jeito pra que daqui pra frente as coisas mudem do curso. A melancolia aqui é gritante, mas tão bem humorada que já me vi misturando risos e lágrimas, por ver graça naquilo que virou típico na minha vida.

Não sou 80% alegre, mas sei que não são 80% de tristeza. Há uma oscilação grande, e níveis ainda não fixos. Mas mesmo assim, a busca pela parte boa me faz sempre variar as porcentagens, sempre me surpreendendo. Não importa se quando busco, busco de forma errada. Já vi muita coisa boa no erro, e talvez siga vendo.

Vou em frente sem esperar nada, mas esperando muito. Querendo coisas específicas, coisas que sei que quero, apesar de muitas vezes negar através do silêncio.
Não quero que a alegria pareça orgulho, e que a tristeza mascare a realidade. É tudo verdade. E por isso é tão natural.

quinta-feira, 5 de março de 2009

confiança.doc

Confiamos nas pessoas porque cremos que elas confiam na gente também. É simples assim. Um sentimento mútuo: eu acredito naquilo que me é acreditado de volta.

Acreditei em ti como uma palhaça. E de repente todas as reclamações e mágoas fizeram sentido. O passado todo foi justificado, e os sinais de aviso, mesmo que com um pequeno atraso, se tornaram grandes placas, fixas no nosso caminho.
Essas placas hoje se encontram penduradas nas paredes do meu quarto, pra que não esqueça nunca do que tentaram me ensinar. São a prova da minha decepção, sou eu relutando pra não repetir meus erros, pra não correr atrás de você (e nem ceder caso você venha).

Dói muito ver a ironia nos teus olhos, o sarcasmo que sai dos teus dedos. Essa tua necessidade de tentar ser maior, de sair como o vencedor. Atitude esta que não passa de pura cegueira, negando ver o erro que é mais claro do que todo sentimento que esteve aqui um dia.

Mais uma vez lido com a decepção. Mais uma vez vejo e afirmo que este é o pior sentimento do mundo, e que NADA muda minha reação. Mas uma vez me levanto da queda com medo de ter confiança em alguém, com medo de estender a mão até pra quem pareça merecedor de tal.

Escondo meus braços nas costas, uso uma máscara de conformismo. Respiro fundo e finjo não ligar, quando na verdade derramo lágrimas internas, causadas pela fraqueza existente na tua imaturidade.

Não confio mais em ti.

quarta-feira, 4 de março de 2009

"I think back now and then, I hope you know I care"

Sentir falta de alguém. Fácil.
Fácil também pensar nisso. Horas a fio, dias, noites, semanas, meses.
Fácil.

Lidar com isso?

Aí dificulta tudo.


Lidar com a falta de alguém, independente de quem seja, como seja, e porque existe essa falta, isso é difícil.
Dá pra esconder, dá pra fingir, se enganar, dizer que não. Mas uma coisa é a saudade. Outra é mentir pra si mesmo.
Existe uma linha tênue separando estes dois pontos, acredite. Uma hora até você se perde em seus próprios pensamentos, sem saber o que realmente passa na sua cabeça.
O que é passado, tá realmente dentro da gaveta? Ou tá só escondido debaixo de outros papéis, enquanto você afirma que já foi descartado?
Veja bem a verdadeira complexidade da coisa.
Por momentos eu tinha certeza do descarte. Em outros me pegava pensando em como uma “coisinha” podia parecer um buraco definitivo em mim.

A resposta talvez demore pra chegar. Na verdade, por mais cálculos e análises realizados, sempre surge uma ponta de dúvida em qualquer conclusão tirada.
Então, como quase tudo na vida, é apenas uma questão de tempo. Quanto tempo? Dizer é tão difícil quanto lidar com essa falha permanente que deixam na gente.
Talvez algumas atitudes ajudem a clarear o pensamento, dependendo do tempo. Mas talvez apenas faça aumentar o sentimento...

Ontem, por um instante, fiquei pensando onde foi que errei, errou, erramos.
Porque “me livrei” daquilo que, em tantos momentos, me fez tão bem.
Mas depois lembrei de tudo o que passei, e nos tais “quatro meses de tormenta”, esperando a tragédia anunciada, vivendo contra o fluxo.
E no final das contas... um sorriso e um abraço me fizeram pensar claramente que a saudade é algo que talvez não possa nem ser descartado após a possibilidade de fazê-lo.
A saudade pode ser permanente, mascarando a vontade de ter todos aqueles momentos de novo.

Se a gente quer aqueles momentos de novo?

Aí é difícil responder... e a gente acaba ficando com a saudade e com a falta, mesmo. Com a falta de ar e o aperto no peito. Deixa assim. Melhor não saber o que fazer do que eliminar de sua vida algo que claramente é tão impossível de apagar.