sexta-feira, 19 de março de 2010

Não é possível viver somente de razão

Sou transparente, e isso é um saco. Nesses 22 anos de vida, tudo o que fazia envolvia uma tentativa fracassada de ser mais orgulhosa e de esconder meus sentimentos. Em vão.
Eu grito o que sinto, todo dia, toda hora, a todo instante. Não consigo esconder. A sensação que fica, é que coloco outras pessoas numa zona de desconforto por culpa disso. Uma espécie de vergonha alheia. E por isso vou lá, e mais uma vez tento demonstrar uma coisa que não é real, uma casca, uma manta protetora que esconde quem realmente sou.
E tudo isso vira "inútil" quando saio gritando o que está acontecendo. É insuportável. Eu sei. E sempre tentei me esconder e "superar tudo sozinha". E aí vem alguém e me diz "tu vai ficar muito melhor quando falar sobre o que sente". E deu, é isso. Quem disse que a gente tem que ficar pensando no que os outros vão comentar sobre o que a gente sente? E não, não tô falando aqui daquelas coisas do tipo "o que todo mundo vai falar de mim?" ou "oh-meu-deus, o que será que as pessoas acham que sou?". Não falo de pessoas num modo geral, falo das envolvidas no que sinto. Elas que me interessam. E se me preocupo com elas a ponto de tentar esconder a verdade para poupá-las de "constrangimento", nada mais justo que elas entenderem quando eu vomitar todos meus sentimentos.
Sou transparente e não sei esconder minhas feridas.

domingo, 14 de março de 2010

I'm fine without you

E quem não adoraria ter uma borracha pra apagar algumas lembranças? E quem não gostaria de apagar algumas pessoas, e fingir que nada aconteceu?
Claro, num estilo como "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Um Lacuna Inc pra salvar nossas vidas daquele passado que nos atormenta. Porque tem coisas que passam por nós, e não foram escolha nossa. Óbvio, não temos como prever tudo o que acontece, e por isso somos sempre surpreendidos por decisões fora de nosso alcance...

Não gosto da idéia deste filme (apesar de ser um de meus filmes favoritos, vejam bem). Aliás, odeio todo e qualquer filme que deixa claro que estamos condicionados a um "destino", e que mesmo que você apague um fato de sua vida, aquela pessoa vai acabar voltando, porque "era assim que tinha que ser".
Não gosto disso. É como se você cortasse seu braço fora porque não quer mais aquele braço pra você, mas ele vai e cresce, contra sua vontade!

Então, adiantaria mesmo apagar alguém da sua vida?
Vocês realmente acham que valeria a pena apagar uma pessoa, todas as lembranças, tudo o que fizeram juntos, filmes, festas, shows, e principalmente, amigos que vieram na metade do caminho? A dor que você sente é realmente maior que a "lição" que você teve? E só passar uma borracha no passado resolveria tudo?

Não resolveria se, como nesse filme, estamos todos marcados pra viver de uma certa forma, mesmo que seja contra nossa vontade.
Nunca sei se que o que acontece aqui é acaso, nunca sei se vivemos traçados por um destino. Nunca sei se minhas escolhas do passado que decidem meu presente e futuro, mas só sei que na vida já consegui grandes feitos a partir de uma enorme decepção. Mas já ultrapassou a linha do "karma", já não é mais a "volta" de uma coisa ruim.
E se eu tivesse apagado? Ia ter conseguido tudo isso? Ia ter amadurecido e aprendido tudo o que hoje sei? Ou ia ser apenas 30% menos "casca dura", 20% menos sentimental, e 50% menos amarga, mas ainda com a vida que eu achava que era a única que era capaz de viver?

Será que consigo me fazer entender aqui? A dor assombra, vai e volta, nunca acaba, não se estivermos falando de um acontecimento realmente importante. Por mais que você tenha teoricamente esquecido de tudo, você vai lembrar. Você vai se arrepender, ou se perguntar porque não foi tudo diferente... e claro, por isso, apagar tudo seria muito bem vindo.
Mas, valeria realmente a pena?

Você está disposto a apagar de sua vida aquilo que fez você ser quem você é? Não. Eu não. E provavelmente a dor de me ver sem tudo isso que consegui nesses últimos anos, seria muito maior que a dor que sinto agora. A dor desse egoísmo eu não gostaria de sentir. E prefiro assim, lembrando todos os dias de todas as besteiras que fiz, e paciência! Não é assim que acontece? A gente não tem "controle" das decisões da vida? Então tá. Então se é destino, se é acaso, se é um joguinho de tabuleiro onde somos apenas as peças, que seja! Tá bom assim. E tá bom saber que aprendi, e que não vou voltar atrás.
No fim das contas, o que dói aqui mesmo é ver que tem gente que não aprendeu, e que segue os mesmos passos, faz os mesmos erros, parece não aprender nunca, segue dando com a cabeça na parede e nunca demonstra caminhar pra frente. Parece parado, no mesmo lugar.
Talvez pra essas pessoas sim, um Lacuna Inc iria servir.

sexta-feira, 12 de março de 2010

5...4...3...2...1...

Sempre tentei ser uma boa amiga. Acho que sempre tratei bem as pessoas imaginando que elas me tratariam bem também. Um lance de reciprocidade, entendem? Uma certeza.

Já falei aqui que confiança é um sentimento mútuo: se confio em alguém, é porque essa pessoa demonstra que confia em mim. Simples assim.

Mas aí sempre tem aquela pessoa que faz tudo ir pro lixo.

Quantas e quantas vezes vocês já não quebraram a cara com um amigo? E pior, quantas vezes já não descobriram que seu MELHOR amigo mentia pra você, se fazia de vítima e, na verdade, não se importa tanto contigo, e sim apenas com ele mesmo?


A decepção é quase como uma bomba relógio. É só você se dar conta que ela está ali, que pronto: tudo explode em questão de segundos.

E o que a gente faz? Saí correndo apavorado e deixa tudo largado, fica e tenta arrumar tudo, ou sai de fininho como se nada tivesse acontecido, e apenas se afasta e tenta esquecer?

Aquela frase “eu te avisei...” passou pela minha cabeça umas vinte e cinco vezes só hoje. O lance, então, é levantar a cabeça, sair de perto e deixar a bomba explodir sozinha. Porque ela vai explodir. Apesar do caos e de causar uma comoção geral, na hora em que explodir, ninguém vai mais nem lembrar dela. E a vida segue... como deve ser.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Vai embora

Ontem mesmo tava pensando: tem como sentir falta de alguma coisa que já passou?

Não passou como PASSADO, mas que já sarou, já curou e que não te dói mais.

Fiquei muito tempo tentando sacar se a gente lembra porque quer tudo de novo, ou porque só marcou a gente de verdade, e por isso é impossível de apagar. Como se fosse insuperável.


E aí pensei, analisei, calculei, e não... não é querer tudo de novo. Mas não dá pra passar por cima daquelas coisas que definiram alguns comportamentos em nossas vidas, sabem?

Independente do que seja.

Não é a toa que a gente fala tanto em cicatrizes, marcas e feridas...

Rala teu joelho no cimento pra ver... Vai machucar, doer, e vai ser um saco! E apesar do tempo passar e curar essa ferida, a marca vai ficar ali por muito tempo. E sempre que você olhar pro seu joelho, vai lembrar da burrada que fez quando caiu e se machucou por besteira. E vai lembrar de todo mundo te dizendo "não coça, senão cai a casquinha e vai demorar ainda mais pra sarar..." Mas a gente coça, até aprender que não é assim que a coisa funciona.


Entendem?


A ferida do meu joelho já curou há muito tempo. Mas não tem um dia sequer que eu não olhe pra lá e não lembre da queda, da dor, do machucado e de como foi “traumático" o processo.

E não, não quero cair de novo, porque ralar o joelho é um saco! Mas sempre lembro da fase de cura, e de como é absurdo uma ferida coçar e você não poder “tirar a casquinha” porque dói mais.

Sempre parece que a casca não sai nunca, mesmo quando parei de coçar. De qualquer jeito, a marca segue aqui.


É dessas coisas que não saem nunca mais.