segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Auxiliadora

Logo quando sentei no ônibus, me desesperei. Abri a bolsa e não achei caneta.
Só tinha ali o bloquinho rosa, mas NENHUMA caneta.

Aquela sensação ruim, como se alguém tivesse me impedindo de alguma coisa me matava. E fui até em casa guardando e acumulando, ouvindo todas aquelas músicas tristes de sempre e tentando me conformar.

Eu achava que, por estar completamente fracassada na vida pessoal, todas as outras coisas dariam certo. Porque é assim que tem que ser, né não?
Quando a gente só toma ruim atrás de ruim numa área, a outra pelo menos tem que funcionar.
E na real sempre consegui me segurar com decepções porque quase que já me acostumei e tô pronta pra elas. Mas quando EU sou a decepção fica mais difícil.

Passei dias demais sozinha com tempo livre o bastante pra conseguir (ou pelo menos tentar) analisar tudo, desde o começo, e até me perco nas minhas histórias e nos meus pensamentos. Fico tonta com tanta coisa, tantos erros e quase nenhum acerto.

Mas é nessa tentativa que eu tanto bato a cabeça contra a parede, a ponto de já nem saber mais direito quem sou ou até mesmo quem posso ser... Tem coisas que não reconheço. Queria tanto ter tomado algumas decisões diferentes. Vivo tão na dúvida e no "será", na possibilidade trouxa e num sentimento incompleto que nada parece dar certo.

Parece que é sempre só metade do caminho.
E eu tenho uma estrada inteira pra percorrer... mas nunca consigo chegar no fim.


Chuva de pedra

Acordou do NADA, infartando de ansiedade, COMPLETAMENTE sem motivo.

Eram 3 horas da manhã e ela não amava ninguém.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cidade cinza

Fiquei muito tempo pensando em como a distância complica as coisas.
Complica e sempre complicou.

E a gente viaja, pega avião, ônibus, trem, e não adianta, a saudade tá sempre ali, de brinde, nos esperando em cada desembarque, nos abraçando cretinamente.

O "tchau" corrói com a mesma intensidade que o "oi" nos transforma.

São tantas pessoas, sorrisos e rostos, tantos abraços não dados e olhares não trocados.


Somos escravos de quilômetros.

Mas, mesmo assim, no fundo a gente sabe: algumas pessoas são colocadas no nosso caminho. E mesmo que fisicamente distantes, todas as vezes serão sempre como a primeira.

Não há distância entre aquilo que é real.

sábado, 13 de agosto de 2011

"Transformers 4"

Esses dias sai com meu melhor amigo, só pra conversar. Às vezes a gente conseguia se ver com calma, sem ninguém interrompendo, sem gritarias, sem gente pedindo foto, ou tentando nos entender.
Era sempre complicado porque nossos horários quase nunca batiam, mas a gente sempre dava um jeito. Nunca era marcado, porque eu brigava se ele desmarcava em cima da hora. E ele fazia isso com frequência.
Depois de muitas brigas e discussões, ele sempre me convidava dizendo "NÃO TÔ MARCANDO...!". E no fim a gente sempre acabava indo.


Naquele dia, enquanto eu contava o quanto era difícil me entregar, ele falava orgulhoso de como sentia amor demais. Rimos da minha desgraça de quem não sabe corresponder a altura, e discutimos por horas sobre coisas em que jamais concordaríamos.
Ele falava sobre assuntos que sempre me faziam pensar. Mesmo quando achava que era tudo besteira.

Saímos dali e fomos direto pro cinema, ver o que talvez tenha sido um dos piores filmes da temporada. A gente tinha essa "maldição" de só escolher filme ruim e achar graça neles todos. Talvez nem fossem tão ruins, talvez fosse só eu. Assumo, sou muito exigente.

Mas enquanto toda sala parecia achar muita graça das piores piadas do mundo, eu respirava aliviada por ter ao meu lado alguém que realmente me entendia, que sempre sorria e apontava uma solução pra quando eu falava que nada ia dar certo.

E era essa coisa de segurança e olho no olho que me fazia ver o lado bom das coisas.

Tem gente que passa a vida inteira procurando por uma amizade assim.
Às vezes nem eu acredito que consegui.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Trem 119

O sol saiu assim, quentinho, apesar de ainda fazer frio lá fora.
E eu coloquei todas as minhas roupas pra não correr risco nenhum de ser levada pelo vento.
O trem sempre demorava pra chegar, mas era eu que sempre esperava por ele tarde demais. Ia e sempre pegava aquele vagão em que as pessoas pareciam mais tristes do que deviam.

Lembrei de uma vez que escutei "Sophia" do Esteban e fez sentido. Era dezembro. Ano passado.
E ri, porque sempre achei aquela letra alheia demais.
Hoje, por acaso, acabei ouvindo de novo.

Apesar de não fazer mais sentido algum, veio um sorriso automático, chato. De saudade, de alívio.
Ao mesmo tempo, veio uma sensação boa, inexplicável, que acabou resultando em algumas lágrimas tímidas e covardes.

Ainda não sei explicar e digerir tudo isso. Mas é bom.
É bom porque faz sentido.
Eu era a idiota que achava que sempre estava errada, e nossa, foram meses difíceis.
Só que quando a gente resolve as coisas, acaba. Sabe?
É algo como... "pronto, passou".

Foi um ponto final naquilo que eu nem sei mais como começou.

E é essa sensação calma, de coração tranquilo e seguro que eu sentia antes, que eu sinto agora.
Aquela de sempre.

O engraçado é que, enquanto escrevo essas linhas, sinto os olhos pesarem, como se quilos de areia tivessem sido jogados na minha cara.
É estranho chorar assim, por desabafo, por emoção, sem coisa ruim, sem doer.


Com o tempo a estação foi se aproximando e nem sol mais tinha lá fora. Eram só aqueles faróis fortes de sempre da BR. Eu tava indo pra outro lugar agora.
Mas sabe que eu ainda me perco? E preciso ligar pra alguém me achar, pedindo ajuda.
"Me busca lá?".
Acho que nunca vou mudar... você sabe!

Só que o meu caminho não é o mesmo.

Enquanto enxugo o rosto, lembro de você dizendo estar feliz por mim.



Chegamos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Âncora

Às vezes falta alguma coisa e eu não sei direito o que é.
Aí coloco aquelas músicas do Thomas Dybdahl pra tocar.
Às vezes parece que é muita informação pra processar... em outras, parece que é pouco... que tem que ser mais. Mas mais o que?

Eu queria ter tido algumas respostas antes. Quero conseguir solucionar isso.

Não gosto muito de planos e projetos, independente de quais sejam. Não gosto porque eles nos dão expectativas. E as expectativas da minha vida SEMPRE resultaram em decepções. Mas de que adianta querer o dia seguinte se a gente não pode esperar muito dele? É aí que volto pra essa droga de ciclo idiota, que sempre me leva pro mesmo lugar. Pras mesmas músicas do Thomas Dybdahl e pro vazio inexplicável.

É engraçado ver gente dizendo que gostaria de estar no teu lugar. Principalmente quando nem você sabe se é ali mesmo que queria estar.

Minha cabeça tá sempre longe. Não sei o que precisa acontecer pra colocar finalmente os pés no chão.