segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Dezembro (3)

A parte ruim é ter que ouvir tudo aquilo delas, essas coisas que eu não preciso saber.
Mas a parte boa é te olhar nos olhos e já não conseguir mais segurar o sorriso.

Lembrar de todos os abraços e das tuas palavras, irônicas, disfarçadas com aquela risada gostosa, de quem não se importa muito se agrada ou não.

Me perco bastante entre o certo e o errado. Mas entre as duas opções, escolho ir com o coração. Uma vez me disseram que eu precisava ir atrás daquilo que me fazia feliz. E neste instante, só consigo pensar nisso: esses são meus passos, apressados, indo ao alcance daquilo que talvez seja o mais próximo da realidade que eu já imaginei querer fazer parte.

Te dou minha mão.

E é pra nunca mais soltar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Isto

Achei as palavras que explicam o que escrevo. Nesse momento, Fernando Pessoa fala por mim:

Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dezembro (2)

Quando você me encontrar, já vai saber: Não sou como todas elas. E morro de medo que você me coloque nesse balaio, cheio de gente que não se importa, que não liga, que não se entrega e não aprendeu direito como tudo isso funciona.




Sou aquela vontade de rir por besteira, por piada ruim, só pra não perder o momento. Aquela vontade de Mc Donald's com Coca Cola, pouco ligando pra calorias ou com as gorduras processadas.
Aquela que não sabe se entregar sem se sentir segura, e que hoje lida com um espaço vazio num lugar que já foi muitas vezes quase completo.

Sou essa procura incasável, essa vontade boa de sair de casa pela manhã.

Cansei de gente parecida, cansei de todas elas... mas no meio delas, olha só quem eu vi.
E agora, quando eu acho que talvez esteja certa, aqui estou, fazendo o que sempre afirmei que não iria fazer, sentindo o que muitos julgarão como errado.

Só que a gente não escolhe esse tipo de coisa. A gente não "vota", a gente não seleciona.
Eu acordei um dia e me dei conta do que é realmente de verdade aqui. E acho que perdi meu tempo por ter ficado em silêncio por todos esses dias.
Olha bem: aqui estou eu, remoendo uma coisa que nunca imaginei que iria me deixar assim.


Quem diria?

Dezembro

Sou esse punhado de esperança tola, sendo pessimista por esperar o pior só por vontade de querer o melhor.

Sou um tanto de cansaço de quem já tentou demais, mais toda essa vontade de quem ainda não vai desistir.

Sou aquela que se anima com pouco, que cria esperanças, que acha que pode confiar na própria imaginação.


Sou tudo o que falta, sou muito do que sobrou.
Sou aquela vontade afobada pelo amanhã, de quem já cansou do ontem.

Sou eu, apenas. Eu, sorrindo, chorando, te dando a mão e dizendo "agora é pra valer".

Vem comigo?

sábado, 13 de novembro de 2010

Fichas

Às vezes, quando tento resolver o que se passa aqui, chego a conclusão de que me falta um pedaço.
Falta alguma coisa. Sempre falta...

O ponto aqui é que atingi um auge do vazio. E já não sinto mais nada. Aqui reúno esses gritos desesperados de uma tentativa fracassada de salvação... mas você não me escuta.

Eu queria voltar.
Queria ir naqueles dias que me faziam bem, que me deixavam cheia, 100%. Sinto medo de não conseguir mais agir daquele jeito. Já não encontro saída desse labirinto.

Tenho medo de atingir o ponto máximo de exaustão, de já não conseguir mais...

E se o tempo cura tudo, ele que me cure, então. Que me deixe bem, que me traga de novo aquela sensação que eu já nem lembro mais como é.

A monotonia desse sempre é cruel.
E nem sei mais se quero seguir aqui.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sobre nós dois (4)

Ela pensava demais.

Ele agia sem pensar.


Nesse desencontro, se encontraram.
E até hoje fracassam na tentativa de ser o que sempre quiseram.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poço

Às vezes, tudo o que a gente precisa é daquela garantia de que vai ficar tudo bem. E sabe, vai sim. Sempre fica tudo bem. E quando dói, quando dói forte assim, a gente respira fundo, repetindo aquela frase como se fosse um mantra: "Tudo vai ficar bem".

É doloroso quando nos damos conta de que todo mundo seguiu em frente, menos a gente. Quando sempre lembramos dos mesmos momentos, quando o coração arde pelos mesmos motivos... Quando só a gente tá ali.
Sozinho é tudo mais difícil. E independente dos abraços servindo de suporte, independente das mãos servindo de apoio, independente dos sorrisos servindo de remédio... a gente SENTE.

E voltar pro mesmo lugar, mesmo que por motivos diferentes, nunca é bem vindo.

Sempre damos esses passos repetidos, tropeçando e trocando os pés, nessa confusão toda de sentimentos. E quando estamos prestes a cair, desesperados achando que não há mais volta, gritamos em busca de algo que nos puxe de volta praquele lugar que pertencemos.

Talvez eu tenha caído e descoberto que simplesmente pertenço a esse lugar aqui no fundo.

Quem vai me tirar daqui?

Paciência

A gente vive na mentira porque a verdade dói demais. Não queremos assumir o que sentimos, não queremos dizer o que realmente se passa aqui.

Foram tantas as vezes que tive que me concentrar pra mascarar tudo. E desviei meu olhar repetidamente, pra que você não olhasse em meus olhos o que realmente queria dizer.


Vai ser pra sempre assim.


A verdade é o "elefante branco" da sala. Nós dois sabemos MUITO bem que está ali... mas ignoramos. E seguimos nossas vidas.
Porque parece tão mais fácil viver nesse faz de conta que construimos, do que simplesmente aceitar o que todo mundo já viu.

Vai, volta praquele lugar seguro, onde ninguém pode ver você chorar. Se esconda das tuas verdades, e siga dizendo que "vai ficar tudo bem".
Eu acredito em ti.

E vou seguir aqui o tempo que for preciso, engolindo seco, segurando o choro e sorrindo cada vez que você olhar pra mim.
É assim que tem que ser.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vazio cheio de nada

Nos transformamos em um espaço em branco.
Não sou nada. Mas sou toda você dentro de mim.

Sou nós dois, gritados, desesperados, implorando por algo muito maior que nós.
Somos essa vontade do nascer do sol na beira da praia, de areia no pé, de espuma do mar entre as mãos.
Apaixonantes, mas tão vazios. Rápidos, hipnotizantes... uma temporada, uma fase, uma estação.

Abraçamos o conforto do "fomos".
Já não nos sobrou nada além do passado.
E engolimos todos os dias que já se foram, mantendo-os longe de nós.

Como dói fechar os olhos e já não conseguir lembrar do seu primeiro oi.
Mas talvez fosse pior se abrisse os olhos e não te visse mais aqui.


A vida um dia vai nos encher de novo.

sábado, 6 de novembro de 2010

RS - 287

Ela já não fazia aquele mesmo trajeto há muito tempo.
Mas, sempre que fazia, lembrava daquele perfume forte que ele costumava usar.
Nessas longas horas é que se dava conta do quanto ele fazia falta.

E independente de tudo o que sentia, sempre se rendia ao prazer de voltar.
Em seus braços é que ela se sentia segura, mas ele já não bastava. Nem nunca bastou.

Mais uma vez ia pra longe, ouvindo as mesmas canções e sempre usando aquele tempo pra lembrar.

“Acho que nunca serei capaz de superar nós dois”.
Secou as lágrimas, e sorriu. Afinal, foi isso que ele a ensinou a fazer.

E viveu.

Guerra Fria

Ler tudo aquilo me dava um aperto no coração.
Uma sensação antiga, como tudo aquilo que já havia sentido um dia.
Eu nunca seria nada daquilo. E na minha briga incansável, diária, de tentar ser melhor, eu batia de frente com a verdade: Eu nunca seria ela. E sem ser daquele jeito, você nunca me aceitaria de volta.
Me sentia como uma criança rejeitada. Sempre assim, todos os dias, em todas as vezes que me dava conta que você nunca me olharia diferente.

Eu tinha deixado a vida me engolir, a rotina me levar. E me afastei cada vez mais da idéia de que eu só seria feliz do seu lado.
Se por um lado era bom saber que eu sabia me virar sozinha, era insuportável a idéia de que eu te havia tirado de mim. Parecia que tinha aceitado a derrota, assumido o último lugar.

E de todas as coisas que eu sabia e sentia, a única certeza era aquela de que nunca sentiria algo tão real e intenso quanto aquilo tudo que senti ao teu lado.
E voltar pra cá me trazia de volta toda aquela sensação boba, de quem não sabe como será o dia seguinte.

Mas, apesar de lembrar, reler e ainda assim sorrir, a última coisa que eu queria era você. Sentimento bipolar, a idéia de te ter doía muito mais do que a de não estar ao seu lado.

Afinal, quem sabe mais disso que nós dois?