segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

302

Fiquei tentando lembrar coisas aleatórias e lembranças que, na verdade, eram apenas imagens de uma VHS que assisti esses dias lá em casa.
Não sei se o que sei é porque vivi mesmo, ou porque me contaram na mesa do café da manhã.

Mas todas aquelas lágrimas sofridas e o pranto doído, se transformaram num oceano que nos afogou até o anoitecer.
As cortinas todas fechadas, pra que a gente não visse que não tinha mais sol.
E o ar-condicionado ligado, pra enganar o fim da primavera, acusava essa vontade constante de enganar.

Doeu em mim.
Doeu como nunca.

E pelo vidro do carro eu vi minha vida andar perdida por aí.

sábado, 26 de novembro de 2011

Assim será

Sai com aquela vontade de ir embora sem olhar pra trás.
E quando voltei, o tempo parecia ter parado pra me avisar o quanto eu estava errada em retornar.

Ele me olhou com tanta pena que até senti dó de mim.
"Coitadinha de mim, que lástima, eu devo ser um horror", pensei.

E a gente nunca mais se falou.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Espera

Eu queria saber deixar de lado essa insegurança barata que insiste em me amedrontar.
Queria saber te colocar contra a parede e perguntar "ESCUTA AQUI, O QUE TÁ ACONTECENDO?".
Mas eu viro o rosto.
Eu escondo o sorriso bobo.
Finjo que tá tudo ótimo e viro a menina de 12 anos de novo.
Aquela que se escondia atrás da mesa da escola e não contava o que sentia pra ninguém.
A gordinha descoordenada, desinteressada e que nem interesse despertava.

É esse medo idiota, misturado com um pessimismo constante, que sempre me faz andar pra trás e não entregar nada assim, logo de cara.
Fico só jogando migalhas, achando que isso vai interessar.

Quem sabe.

Te daria o mundo se fosse preciso.
Ia e voltava da China se você me pedisse pra provar o que sinto.

Mas, de novo, só sou eu aqui com meus 12 anos e minha imaginação infantil.
Aquela coisa de querer segurar na mão depois da aula e ter um ombro pra encostar a cabeça na volta pra casa.
Sem maldade, sem malícia.

Aquela coisa pura, que desperta em mim assim que você sorri.


Tomara que seja assim pra sempre.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Estação rodoviária

Eu queria me dar ao luxo de ser feliz ao teu lado. Porque vejo nos teus olhos uma vontade parecida com a minha.
Eu queria decorar o caminho da tua casa, te arrancar sorriso, te deixar sem palavras.
Queria tua companhia pra ver um filme bobo ou pra viajar sem rumo, sem roteiro.

Queria te chamar de meu só pra ser tua. E continuar me encantando como me encanto sempre que você me olha.
Queria te provar do que sou capaz, tentar, pelo menos dessa vez ser de verdade.
Esquecer de horários, trabalhos e rotinas.
Ser só nós dois, como sei que podemos ser.

Queria chegar agora e fazer teu coração arder, como você faz com o meu.

QUERIA.

Mas eu não sei perder o medo de querer.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cimento

Uma noite dessas conversei muito com uma amiga, e me deparei com uma parede gigante de incertezas.

Em todas as frases que eu falava, sempre terminava com um "não sei".
Eu não sei de nada.

Não sei o que faço, não sei como resolver.
Quero solucionar tudo sozinha e não envolver ninguém nisso, mas às vezes dói tanto tentar que desisto rapidinho...

De novo pensei em pegar o carro e seguir sem rumo, tentar achar alguma resposta nesse tempo livre. Mas só de começar a pensar em como resolver, eu já penso em como tá tudo errado, e largo pra lá e não resolvo nada.

O ano passou voando, e tudo foi pra frente, todo mundo seguiu e arrumou uma forma de viver de verdade.

E eu sigo presa em coisas que já deviam ter ido embora há muito tempo, sigo sendo a chata que parece não conseguir apagar o que sente.

E nesse meio tempo, me vejo tonta de tanto ver que não sinto nada. Eu choro quando lembro do meu fracasso. Porque é um fracasso saber que você não consegue superar.

E nada me deixa do jeito que devia. Nenhuma sensação é permanente.
Nenhuma, a não ser essa.

A minha derrota é uma idiota. Me pega pela mão e não me larga de jeito nenhum.
É cimento nos meus pés, me prendendo e não me deixando ir pra qualquer lugar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

1 + 0 =

Minha vida é sempre cheia de brechas.
Sempre tem um momento em que eu volto atrás sem querer, recaio por besteira.

Ando pensando muito em tudo. Deve ser porque agora arrumei alguém pra me ouvir e ajudar.

A insatisfação diária nunca parece terminar, o que sempre piora tudo, claro. E abre mais brecha.

Esses dias o coração ardeu assim, descontroladamente, e cheguei a conclusão de que o problema realmente é comigo.

Não vai adiantar nada eu correr e contar como eu me sinto, porque ele não vai ouvir. E vou ficar com cara de idiota.
E é essa cara de idiota que me segue, como uma cirurgia plástica permanente, que devo jogar fora.

É tudo comigo. tô sozinha nessa. E não quero ajuda alheia de quem acha que sabe do que tá falando.

Sou eu. Só. Mais ninguém.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Idiota por ainda ser a idiota

Precisava de alguma mão que me salvasse.
No desespero, estendi a minha ao desconhecido.

E há tanto tempo me vejo presa, que às vezes me assusto por me sentir exatamente do mesmo jeito.

Esses dias me dei conta de que meu coração ainda para de bater pelo mesmo motivo de alguns meses atrás. Que decepção comigo mesma. Não era pra ser assim.
Saiu até um resmungo. "Ah, por favor. DE NOVO NÃO."
Sabe quando você se sente ridículo porque chegou na parada no exato momento em que o ônibus arrancou? Me sinto assim.

Tem coisas que a gente simplesmente sabe que não podem acontecer. Que a gente sabe que não tá certo. E eu sei bem o que é certo e o que é errado. E só quero que isso passe... que eu consiga ficar bem, que recomece do zero, que não fique mais assim pelo o que já devia ter esquecido.

Superar é uma grande pegadinha. Sempre que você acha que já passou, lá vem ela de novo, rindo da sua cara.
Eu já devia ter me acostumado a essa altura do campeonato.

Escrava do que sinto, imploro por algo que me faça ser quem eu era. Já tem gente que diz nem me reconhecer mais.

E aí o que faço?
Se me esconder, perco.
Se for atrás, corro o maior risco de todos.


Olha quanto tempo já passou.
Olha quantos dias, quanta coisa já aconteceu.
Olha.
Não importa quantos passos eu dê. Sempre acabo voltando pro mesmo lugar.

sábado, 10 de setembro de 2011

BR 116

Foi pra lá com a maior má vontade do mundo.
Aquele lugar repleto de pessoas que sempre a faziam tão bem.
Mas daquela vez, aquele era o último ponto do mundo que queria se encontrar.

Sentou num canto e, por um instante, esqueceu até quem era.
Aquela pista vazia logo ficou sem um mísero espaço pra respirar.

E seguia com aquela sensação de ser abraçada pela solidão no lugar mais lotado do mundo.

Buscou em abraços e sorrisos algum motivo pra dizer que estava tudo bem, mas o coração sempre parecia hesitar ao bater.

Eram sempre as melhores intenções, mas caminhar na corda bamba nunca foi fácil nem pro equilibrista.

Quanto tocou aquela música, ela voltou no tempo como sempre fazia.
Queria dizer "eu sinto sua falta", mas só conseguia olhar pro chão.


"Se ele gosta de você e você gosta dele, porque não tão juntos?????"

São interrogações demais pra uma cabeça só.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ficção

Me deu vontade de escrever, mas eu tava com todas as palavras soltas e confusas na cabeça.
Tentei e tentei colocar em ordem, mas nada saiu.

Fiquei lembrando de quando puxo o meu caderninho rosa pra escrever, e saem páginas, linhas, folhas completamente sem sentido.
Sempre o mesmo tema, sempre a mesma inspiração.

Sai hoje pra me distrair e, por um longo instante, esqueci do mundo lá fora. Éramos três pessoas numa mesa, rindo sem compromisso, sem lembrar da segunda-feira fictícia que vinha depois, sem pensar nos problemas da noite anterior.

Na volta pra casa eu fiquei tentando montar a trilha sonora do que eu nem escrevi ainda.
Essa mania de pensar no resultado final sem nem ter um projeto pra dar resultados me frustra um pouco.

Por isso me irritei.
Por que cheguei em casa cheia de ideias e não consegui colocar nada em prática.
Precisei apelar.

Coloquei um daqueles filmes clichês de Hollywood pra assistir, e ficar lembrando que nada na minha vida parece com esses romances frescos do cinema.

Nunca nenhum amigo meu vai se apaixonar por mim depois da gente ter alguma coisa sem compromisso e superficial, nunca nenhum cara vai correr atrás de mim no aeroporto gritando "OH POR FAVOR NÃO SE VÁ", e duvido muito que o protagonista cafajeste pegador mude de ideia quando me conhecer.

Sabe?
Isso não existe.

Eu não sou de ficção.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Eu

Me surpreendo sempre que me vejo presa aos mesmos sentimentos.
Parece sempre que tento das formas erradas me desligar, ou até mesmo "superar".

Vou atrás de coisas vazias, sem sentido, que não significam nada pra mim. Tudo pra tentar achar alguma coisa que me resolva. Mas nada vai me resolver, se não eu.

Nessas horas penso que eu só sinto falta da IDEIA, e não de tudo em si. E por isso dói tanto, por isso é sempre a mesma coisa. Porque tô sempre indo atrás dessa mesma coisa, coisa essa que nunca encontro.

É triste olhar pra trás e querer tudo de novo, porque não é o que posso ter.


Por isso me fecho tanto e forço estar sozinha.

Quem vai me resolver, se não eu?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Carta pra lugar nenhum

Vem andar comigo em passo de formiguinha.
Me chama pra dormir junto e me dá um beijo de boa noite.
Vem que eu te deixo dormir no meu colo.

Vamos rir juntos dessas comédias americanas enlatadas e tão engraçadas.
Vamos fazer comida congelada e tomar refrigerante sem gás.

Me convida pro cinema e reclama da minha mania de misturar as pipocas. Eu não me importo.
Sorri sem graça quando eu te elogio, vem me fazer rir fazendo cara de ranzinza.

Vem ser feliz comigo, independente do tempo, independente da vez.
Me leva pra qualquer lugar, me convida pra deitar na grama.

Me leva pela mão e não me solta.

Deixa a gente ser feliz.

Mesmo sem eu saber quem você é.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Auxiliadora

Logo quando sentei no ônibus, me desesperei. Abri a bolsa e não achei caneta.
Só tinha ali o bloquinho rosa, mas NENHUMA caneta.

Aquela sensação ruim, como se alguém tivesse me impedindo de alguma coisa me matava. E fui até em casa guardando e acumulando, ouvindo todas aquelas músicas tristes de sempre e tentando me conformar.

Eu achava que, por estar completamente fracassada na vida pessoal, todas as outras coisas dariam certo. Porque é assim que tem que ser, né não?
Quando a gente só toma ruim atrás de ruim numa área, a outra pelo menos tem que funcionar.
E na real sempre consegui me segurar com decepções porque quase que já me acostumei e tô pronta pra elas. Mas quando EU sou a decepção fica mais difícil.

Passei dias demais sozinha com tempo livre o bastante pra conseguir (ou pelo menos tentar) analisar tudo, desde o começo, e até me perco nas minhas histórias e nos meus pensamentos. Fico tonta com tanta coisa, tantos erros e quase nenhum acerto.

Mas é nessa tentativa que eu tanto bato a cabeça contra a parede, a ponto de já nem saber mais direito quem sou ou até mesmo quem posso ser... Tem coisas que não reconheço. Queria tanto ter tomado algumas decisões diferentes. Vivo tão na dúvida e no "será", na possibilidade trouxa e num sentimento incompleto que nada parece dar certo.

Parece que é sempre só metade do caminho.
E eu tenho uma estrada inteira pra percorrer... mas nunca consigo chegar no fim.


Chuva de pedra

Acordou do NADA, infartando de ansiedade, COMPLETAMENTE sem motivo.

Eram 3 horas da manhã e ela não amava ninguém.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cidade cinza

Fiquei muito tempo pensando em como a distância complica as coisas.
Complica e sempre complicou.

E a gente viaja, pega avião, ônibus, trem, e não adianta, a saudade tá sempre ali, de brinde, nos esperando em cada desembarque, nos abraçando cretinamente.

O "tchau" corrói com a mesma intensidade que o "oi" nos transforma.

São tantas pessoas, sorrisos e rostos, tantos abraços não dados e olhares não trocados.


Somos escravos de quilômetros.

Mas, mesmo assim, no fundo a gente sabe: algumas pessoas são colocadas no nosso caminho. E mesmo que fisicamente distantes, todas as vezes serão sempre como a primeira.

Não há distância entre aquilo que é real.

sábado, 13 de agosto de 2011

"Transformers 4"

Esses dias sai com meu melhor amigo, só pra conversar. Às vezes a gente conseguia se ver com calma, sem ninguém interrompendo, sem gritarias, sem gente pedindo foto, ou tentando nos entender.
Era sempre complicado porque nossos horários quase nunca batiam, mas a gente sempre dava um jeito. Nunca era marcado, porque eu brigava se ele desmarcava em cima da hora. E ele fazia isso com frequência.
Depois de muitas brigas e discussões, ele sempre me convidava dizendo "NÃO TÔ MARCANDO...!". E no fim a gente sempre acabava indo.


Naquele dia, enquanto eu contava o quanto era difícil me entregar, ele falava orgulhoso de como sentia amor demais. Rimos da minha desgraça de quem não sabe corresponder a altura, e discutimos por horas sobre coisas em que jamais concordaríamos.
Ele falava sobre assuntos que sempre me faziam pensar. Mesmo quando achava que era tudo besteira.

Saímos dali e fomos direto pro cinema, ver o que talvez tenha sido um dos piores filmes da temporada. A gente tinha essa "maldição" de só escolher filme ruim e achar graça neles todos. Talvez nem fossem tão ruins, talvez fosse só eu. Assumo, sou muito exigente.

Mas enquanto toda sala parecia achar muita graça das piores piadas do mundo, eu respirava aliviada por ter ao meu lado alguém que realmente me entendia, que sempre sorria e apontava uma solução pra quando eu falava que nada ia dar certo.

E era essa coisa de segurança e olho no olho que me fazia ver o lado bom das coisas.

Tem gente que passa a vida inteira procurando por uma amizade assim.
Às vezes nem eu acredito que consegui.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Trem 119

O sol saiu assim, quentinho, apesar de ainda fazer frio lá fora.
E eu coloquei todas as minhas roupas pra não correr risco nenhum de ser levada pelo vento.
O trem sempre demorava pra chegar, mas era eu que sempre esperava por ele tarde demais. Ia e sempre pegava aquele vagão em que as pessoas pareciam mais tristes do que deviam.

Lembrei de uma vez que escutei "Sophia" do Esteban e fez sentido. Era dezembro. Ano passado.
E ri, porque sempre achei aquela letra alheia demais.
Hoje, por acaso, acabei ouvindo de novo.

Apesar de não fazer mais sentido algum, veio um sorriso automático, chato. De saudade, de alívio.
Ao mesmo tempo, veio uma sensação boa, inexplicável, que acabou resultando em algumas lágrimas tímidas e covardes.

Ainda não sei explicar e digerir tudo isso. Mas é bom.
É bom porque faz sentido.
Eu era a idiota que achava que sempre estava errada, e nossa, foram meses difíceis.
Só que quando a gente resolve as coisas, acaba. Sabe?
É algo como... "pronto, passou".

Foi um ponto final naquilo que eu nem sei mais como começou.

E é essa sensação calma, de coração tranquilo e seguro que eu sentia antes, que eu sinto agora.
Aquela de sempre.

O engraçado é que, enquanto escrevo essas linhas, sinto os olhos pesarem, como se quilos de areia tivessem sido jogados na minha cara.
É estranho chorar assim, por desabafo, por emoção, sem coisa ruim, sem doer.


Com o tempo a estação foi se aproximando e nem sol mais tinha lá fora. Eram só aqueles faróis fortes de sempre da BR. Eu tava indo pra outro lugar agora.
Mas sabe que eu ainda me perco? E preciso ligar pra alguém me achar, pedindo ajuda.
"Me busca lá?".
Acho que nunca vou mudar... você sabe!

Só que o meu caminho não é o mesmo.

Enquanto enxugo o rosto, lembro de você dizendo estar feliz por mim.



Chegamos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Âncora

Às vezes falta alguma coisa e eu não sei direito o que é.
Aí coloco aquelas músicas do Thomas Dybdahl pra tocar.
Às vezes parece que é muita informação pra processar... em outras, parece que é pouco... que tem que ser mais. Mas mais o que?

Eu queria ter tido algumas respostas antes. Quero conseguir solucionar isso.

Não gosto muito de planos e projetos, independente de quais sejam. Não gosto porque eles nos dão expectativas. E as expectativas da minha vida SEMPRE resultaram em decepções. Mas de que adianta querer o dia seguinte se a gente não pode esperar muito dele? É aí que volto pra essa droga de ciclo idiota, que sempre me leva pro mesmo lugar. Pras mesmas músicas do Thomas Dybdahl e pro vazio inexplicável.

É engraçado ver gente dizendo que gostaria de estar no teu lugar. Principalmente quando nem você sabe se é ali mesmo que queria estar.

Minha cabeça tá sempre longe. Não sei o que precisa acontecer pra colocar finalmente os pés no chão.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Quando vem, quando vai

Fico pensando muito, até mais do que devia.
Tanto, que às vezes tento resolver tudo o que não foi resolvido. Só que sozinha... e aí não rola.
Quando rola esse tempo livre, quando rolam as viagens longas, ou só aquela noite em que a gente demora mais pra dormir...

Fiquei lembrando da última vez que fui pra São Paulo e voltei mais confusa que mocinha em final de novela das 8.
Aquela coisa de ter esperança, mas não ter certeza. Acontece.
Pensei em tudo o que fiz, falei, imaginei. Pra que, mesmo?
Dessa vez eu achava que ia ser a última.

Deve ser comum isso nas nossas decepções, não? A gente leva um tombão e acha que nunca mais a gente vai se sentir bem.
Ou pior, a gente acha que nunca mais vai deixar ninguém se aproximar pra não quebrar a cara de novo.
Isso talvez explique muitas discussões que tenho tido nos últimos dias.

É muito babaca essa sensação de não conseguir confiar em mais ninguém.
Mas é medo, né. Medo desse cinismo, de fingir que nunca aconteceu nada.
Essas coisas mal resolvidas.

Aí me sinto como se tivesse caminhando em ovos. Qualquer passo errado e já era.

É ridículo pensar que erro somos NÓS?
Não pode ser só eu, né... não pode.

Mas tudo bem.
Essas coisas na verdade me fazem ver que alguns "tufos", talvez, tenham valido a pena. Pra gente ver quem é realmente que vale alguma coisa, em quem a gente pode confiar, com quem a gente tem que ter sempre um pé atrás.
É bem complicada essa sensação de ser passada pra trás, de ser trocada, enganada, ou sensação de seja lá o que fizeram comigo.
Mas sempre fico lembrando de que tudo que vai, volta.
E volta MUITO BOM pra quem merece.

É engraçado quando acontecem esses "acidentes bons" com a gente, gostar de quem a gente não queria. Aquele velho papo que a gente não controla o que sente.
Isso tudo anula um pouco tudo o que penso.
Já tava sentido falta dessa sensação de simplesmente não pensar.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Branco e preto

E se ele fosse o cara certo?
E se eu tivesse deixado passar?
E se fosse tudo por culpa de um passo errado, tudo por causa de uma palavra mal dita, um suspiro não dado?

E se fosse tudo MINHA culpa e eu tivesse mudado toda a rota da minha vida?
A gente pode estragar o nosso destino?
Existe isso?

Ou a gente estraga porque é só nosso inconsciente desejando algo melhor?

E como a gente pode saber disso?

Aliás, tem como?


São tantas perguntas que às vezes acho que, ao invés de um coração, carrego um ponto de interrogação.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Gaveta

Escute as músicas que te lembram ele.
Veja as fotos, os recados antigos, os bilhetes.
Sorria com as memórias boas.
Brigue com as ruins.

Te dê a chance de viver toda aquela história de novo.

Foi?

Certo, agora respire fundo e guarde tudo na gaveta.
Aquela que você nunca ousa abrir.

Uma hora a gente tem que esquecer.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Deixa o tempo resolver

"Você é a garota MAIS difícil que conheço", ele disse irritado.

Ela riu.
"É só impressão."

Ele andava com medo do que podia acontecer. Mas mal sabia que ela se sentia do mesmo jeito.
Tudo por culpa de todos os outros que fizeram questão de mostrar a ela o quanto nada era como ela imaginava que fosse.
Confuso assim.

E ela acordava todas as manhãs com aquele aperto ruim, aquela sensação de que estava tudo errado.
Ninguém despertava nada naquele coração tão abandonado.


E há meses ela se perguntava quem é que ia conseguir salvar aquele fracasso anunciado.

E se ele...
Nah.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ontem, HOJE, amanhã

Fiquei pensando sobre como as coisas dão errado.
Pensei também sobre como dão certo.
E sobre como não gosto de comemorar ou comentar que está tudo bem.
Porque sempre que descanso a cabeça e suspiro por sentir que está tudo ok, alguma coisa faz tudo mudar. É a ordem natural das coisas, pelo visto.

Mas tá tudo bem, sim.
É engraçado encontrar satisfação quando a gente pensa nisso.

E é tão comum a gente procurar um problema onde não tem, ou reclamar que falta alguma coisa... Mas, no fundo, não falta quase nada.
Fiquei pensando em como eu me sinto a vontade com tudo, como se estivesse em casa.
E em todas as pessoas que me dão a mão pra me oferecer algum conforto e que se preocupam pra que eu me sinta bem.

Há uns 4 dias eu tenho ido dormir muito tarde, muito mesmo.
E não é que não exista sono, mas ficar acordada tem sido muito melhor.

Ontem a gente conversou sobre dar um passo de cada vez.
E chega a ser absurdo o quanto me conformo com o tempo que tem que passar pra tudo se encaixar.
E como a nossa vida escoa em momentos aleatórios, como nossas escolhas têm SIM uma reação lá na frente, no quanto a vida parece um quebra-cabeças...

E eu fecho os olhos com força pra conseguir desejar direitinho tudo o que preciso e torço pra que esteja tomando as decisões certas.

Eu me afastei visando só a aproximação, e essa sensação de ter tirado um elefante das costas não podia ser melhor.

Anotei no calendário que o amanhã é o mais importante e, por isso, o hoje é a prioridade.
Porque o que eu viver agora vai decidir o que está por vir.
E o que eu vivi...
Bom, não tem mais volta, mesmo. E se tá tudo bem agora, é porque alguma coisa eu fiz direito.

Pelo menos isso.

domingo, 12 de junho de 2011

RS 292

Bateu aquela dorzinha idiota de saudade, e eu de novo fiquei pensando besteira.

Engraçado que quando isso acontece, não tem nenhum amigo online no msn.
Paciência.
Na verdade eu sei o que eles iam me dizer.
"Não fica assim, vai passar, você é maior que tudo isso", bla bla bla, não é isso que quero ouvir.
Já sei nem mais o que quero ouvir, porque nunca escuto, mesmo.
Talvez se eu tivesse evitado, enfim, agora não faz mais diferença.

Mas eu sinto saudade, sim. Todos os dias. E dói. E eu não tenho motivos pra fingir pra mim mesma. Não mais.
Porque eu sempre dizia que não, que tava tudo bem, mas eu tava só tentando me convencer.
E vai ver é isso que a gente faz quando bate o pânico de não conseguir mais se salvar de uma situação absurda.
Eu tenho é vergonha. Vergonha gigante de não ter superado por completo.

E eu sempre fico pensando... fico assim pelo que não vivi, pelo que foi, por querer de novo?
Nunca sei exatamente o que essa saudade significa.

Tem algumas noites que sonho que você me diz que ainda gosta de mim, pedindo pra voltar.
E eu te digo não.

Te digo não com tanta certeza, que às vezes acho que não aceitaria você de volta nem se fosse pra ser como antes.

E talvez a dorzinha boba seja isso.
Dor de saber que aqueles anos lá não vão voltar, que aquela tarde de inverno que fez calor ficou pra trás, que descobrir que se pode gostar de alguém de verdade...
é só uma vez, mesmo.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ele

Leio o que ele escreve e me dá inveja.
Ele usa as palavras muito bem.

E eu tento escrever como ele, da rotina, dos dias, do tal cinza e tudo mais, mas não.
Só sai uma linguagem enjoada e metida a rebuscada, nada meu é simples. É tudo complicado demais, enrolado demais.

E aí volto pra ele.
Quantas e quantas vezes já não escrevi sobre ele...
E nenhuma lamentação, completamente diferente do que sempre escrevo quando falo sobre outra pessoa.
ELE me desperta algo diferente.


Eu lamento por ele, sabe? Dói em mim também. Porque eu sei que lá dentro acontece uma manifestação ambulante, uma roda punk de sentimentos...
Mas ele não desiste, e a cada erro parece só querer se encontrar.

Aí ele sorri, me chama pelo apelido que me deu, me abraça, diz que me ama, e a inveja até passa.
Porque ele é quase meu irmão. Ele faz crescer em mim o amor que ele tenta distribuir poraí. E me ensina muito, mesmo sem nem tentar.
Desde o primeiro oi, sempre foi assim.
Quase um amor a primeira vista, uma identificação imediata, amizade que eu levo numa corrente pendurada no pescoço pra que dure a vida inteira.

Quando eu tento me encontrar, é nele que acabo me achando.
Na voz cansada de quem já caminhou demais, naquele olhar que parece sempre implorar por um sorriso.
E quando ele escreve, minha mente começa a funcionar, impulsionada por palavras tão simples, mas tão verdadeiras.

Quisera eu ter talento pra falar assim.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Bloco de notas

Escrevo sobre você porque nos meus textos você é perfeito.

Mas é uma pena te ter por perto e ver que você não faz jus ao que digo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Plástico

Já faz muito tempo que não sei o que significa "gostar de alguém'.
Será que a gente esquece?
Será que tem como voltar?

Lá se foram vários meses de sei-lá-o-que e acho que aprendi de novo a como ficar sozinha.

Não vou mentir. Invejo um pouco os outros casais. Mas não por querer ter o que eles tem, mas por talvez saber que é tão absurdo e difícil encontrar alguém que às vezes a gente até desanima, desiste por não querer ter que lidar com toda aquela confusão de novo.

Eu não gosto de ninguém não por não ter ninguém pra gostar.
Eu não gosto de ninguém porque cansei de sempre ver as mesmas pessoas, as mesmas desculpas, ser quase sempre "passada pra depois".

Fico naquele ranço de dizer que o problema são os outros, mas quem sabe o problema não é comigo?
A gente nunca se acha bom o bastante... até pra quem não nos merece.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Deixa eu te contar...

Andei treinando muitas despedidas nos últimos dias.
Ensaiei frases em frente ao espelho, tentando lembrar do que eu precisava falar, o que devia ser dito, o que não podia passar em branco.
No meio do caminho me dei conta que já ensaiei muitas chegadas, também.
E aí você treina tudo e nunca sai do jeito que você espera. Porque quem tá do outro lado acaba sempre te surpreendendo.

E naquele momento em que os vi no palco, só conseguia lembrar de como tudo aconteceu e nos trouxe até aqui.

Como aquela vez em que a van atrasou, porque marcaram o horário errado com o motorista. E eu sentei em frente ao bar com um amigo, agarrada no telefone, pra que nada desse errado.
E no fim ninguém se deu tchau direito naquele dia, porque tava todo mundo atrasado pra voltar.
Ali eu vi 4 meninos que eu acreditava. É estranho te posicionar assim sobre teus amigos, porque geralmente a gente abraça algumas causas pela parceria.
Mas ali não. Era uma coisa maior, ia além e me fazia sentir coisas que nem sei se existem formas pra se explicar.

Foi quando vim pra cá que tudo tomou forma, foi um projeto que abracei com toda a força que podia ter.
E cada tijolo que a gente foi colocando, cada passo que a gente deu junto, escoou aqui. Bem aqui.

Lembrei daquela vez que a gente se encontrou na casa dos meninos pra tentar ficar bem, porque sabia que vinha coisa difícil pela frente, ou quando viramos a noite gravando clipe, querendo ir embora pra casa a todo instante, mas sempre deixando a impressão pra quem tava ajudando de que ia acabar logo...
Aquela vez que fomos comer num rodízio de pizza e dissemos "O PRÓXIMO SABOR QUE PASSAR TODO MUNDO VAI TER QUE COMER!"... e veio calabresa, que decepção!
Ou aquele show na Independência, o primeiro do "gurizinho" que tava assumindo a bateria. Lembro como se fosse ontem: uma menina pediu um autógrafo, e ele ficou perdido, sem saber o que fazer. Todo mundo riu tanto vendo aquela cena, mas na verdade, o que ninguém sabia era que aquilo ali ia virar rotina alguns anos depois!
Quando me perguntaram "qual tu acha que é a maior vitória que a gente pode conseguir?" e me disseram um "Vai rolar" logo depois que respondi o que eu achava que era...
E quando isso se repetiu no ano seguinte, a gente saiu às 4h da manhã pra poder chegar a tempo. A gente conseguiu fazer o milagre da multiplicação numa cama pra que desse pra descansar, e quando fui pra sala, estranhando o silêncio e achando que todo mundo tinha saído, me deparei com umas 8 pessoas divididas pelos sofás, dormindo junto.

E as coisas foram dando certo, tão certo, pra todos nós.
A gente se ajudava porque a gente acreditava, porque a gente era aquilo dali.
E eu coloquei toda a minha força e fé nos 4 meninos que me fizeram ser quem eu sou hoje.
Fiquei abismada porque naquela hora só lembrei de coisas boas, de momentos em que a gente se apoiou, em que todo mundo se reuniu e fez tudo funcionar. E engraçado porque depois de tanto tempo, em nenhuma hora foi ruim, foi difícil, foi complicado. Foi sempre simples, foi sempre agradável.
E fomos sempre assim, também.
Acredito que isso seja eterno.

O que me emociona e ainda me tira o ar em alguns momentos, é ver como crescemos JUNTOS. É ver que eu tô seguindo pra um caminho diferente porque apareceu algo maior.
Mas que eles estão tão em frente quanto eu... E se eu ajudei eles a chegarem onde chegaram, eu só consegui tudo o que tenho por culpa deles, também.

Eu deixei um pedaço de mim porai, porque não sou capaz de dar um adeus e jogar tudo pra longe. É isso que explica tudo o que a gente já enfrentou.

Algumas decisões na nossa vida são difíceis, mesmo.
Mas nada, nada MESMO, acontece sem querer. Muito menos a gente.

E são nessas decisões complicadas, nesses abraços de "obrigado por tudo" e no sorriso honesto de quem fica feliz por ti, é que a gente vê que fomos muito mais que uma equipe.
Somos uma famiLHA, com "LH", mesmo, como nos chamamos. Desde sempre, desde o começo.

E no fim eu ensaiei uma despedida inutilmente.
Porque ninguém abanou dando tchau, ninguém chorou porque nunca mais ia se ver.
Não foi uma despedida.
Foi um "muito obrigada", foi um "vocês são os culpados por isso também".
Foi um "a gente sempre soube que esse dia ia chegar e que bom que veio por um motivo tão bom".

Não consigo imaginar o que pode vir pela frente, mas consigo ver claramente os mesmos 4 meninos nas minhas "futuras lembranças".
Pois é isso que a gente chama de "amigos pra vida toda".
E não consigo achar outra definição pra pessoas que conseguiram mudar tanto a minha vida.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sem título

Esses dias me deu uma saudadinha, daquelas que fazem a alma arder.
Sempre acontece, quase todos os dias, mas eu consigo me controlar.
Só que dessa vez, não.

É idiota pensar que todos os dias eu acordo e lembro que sonhei contigo.
É idiota se você for parar pra pensar, mas é involuntário, completamente inconsciente. A gente não controla essas coisas.
Todos os dias a mesma coisa: luto comigo mesma pra conseguir te tirar daqui.
Já consegui uma vez, por que não conseguiria agora?

Sempre tento dar o adeus que por tanto tempo evitei. A distância certamente arrumaria tudo.

Mas coloco tudo na balança. "Valeria a pena?" "Eu seria melhor assim?" "Eu conseguiria finalmente ganhar?".
No fim das contas, te tirar da minha vida nunca vence nessa história.
E aí fico procurando alguma maneira de te guardar de novo na gaveta. Porque é lá que você vive.
Essa gaveta vazia que eu chamo de coração.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Adrenalina e coração

Deixa eu te contar da menina de cabelos escuros e longos, que é toda coração.
Que tem intensidade tatuado na testa, mas que não precisa sair gritando aos quatro cantos o quanto é capaz de sentir.
A gente sente só pelo olhar.

Ela se esconde atrás da franja grande e das unhas lascadas de quem tem preguiça de arrumar. Mas quando se deixa levar pelas palavras, se expõe e não foge de ninguém.

A menina de cabelos escuros e longos é toda coração porque só sabe ser assim.
Ela ama o mundo, abraça quem passa, transbordando carinho, distribuindo sorrisos ao ar livre.
Ela é o que quer ver.

E na brincadeira de amar, teve que aprender a força que nem todos os jogadores são como ela queria. Não existe regra pra quem carrega o coração na mão.
Em cada passo ela tropeça, mas não se dá por vencida assim tão fácil.

E é vivendo assim que todo mundo ao seu redor acaba se deixando levar, seja pelo sorriso contagiante, seja pela alegria de quem quer sempre o dia seguinte pra comentar como o anterior foi tão bom.
A rotina pra ela é pouco. No mundo dela, existe muito mais do que festas, bebidas e shows de rock.
Ela vai além. E entre sonhos e realidade, todas as noites ela vai dormir na esperança de ter conseguido transformar o universo naquele lugar que ela aprendeu a gostar.

Eu torço pra que um dia ela chegue lá.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Alheio

Às vezes doía mais em mim do que neles.
Já tava acostumada a sofrer pelos outros por tabela.

E vinham, desesperados, a procura de respostas... mas suas atitudes não batiam com o que me falavam. E, por isso, nunca significava nada.
E eu tentava por eles, pensava, quebrava a cabeça... mas, no fim, não valia de nada.


Eu já tinha um coração exausto que não respondia nem por mim...
Como eu poderia responder pelos outros?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Espera e vai

Sentaram, um de frente pro outro, mas por horas encararam o silêncio.
Ela mexia no saleiro pra disfarçar, ele pediu um café e se perdeu por ali.

Algum tempo depois, ele desistiu.

"Você ainda me odeia?"
"Acho que sempre vou odiar."

"Mas ainda me ama?"
"Você sabe que sempre vou, de alguma forma."

"E por que não me esquece?"
"E você deixa?"

Ela riu.
Ele também.

E seguiram assim, até o dia em que o coração não deixou mais.

sábado, 7 de maio de 2011

"Adeus. Volto logo"

Lembra aquela vez que te falei que ia deixar o cabelo crescer?
Tu riu da minha cara. "sabe há quanto tempo tu me diz isso?".
Ri também.

Aí vem aquelas tardes em que eu era uma menina tanto quanto sou hoje, boba e apaixonada, te segurando forte com as mãos. Eu queria te exibir,
queria sair na rua e gritar pra todo mundo ouvir que tinha encontrado o amor da minha vida. Você evitava, mas me entendia.
Você me sacava, me lia, me decifrava como ninguém.
Me olhava nos olhos e eu desmontava.

Caminhávamos disfarçando aquela vontade toda, talvez da mesma forma que disfarço até hoje.
Com passos curtos, rápidos, apressados, indo em direção ao sabe-se lá o que. Mas tava lá, e a gente ia.

Até que a gente se perdeu. As mãos se separaram, mas a vontade nunca passou.
É engraçado ver o quanto meu coração enche cada vez que teu nome passa pela minha cabeça.
Sou toda vazio, de alma cansada e sem ânimo pra tentar de novo.
Mas você é a única excessão.
A despedida me dói, me destrói. Cada adeus é um pedaço de mim que morre de novo e de novo. E por isso abano de volta e me pego sempre procurando por uma cópia sua por onde vou. Tento te negar, mas fica difícil. Você está em todo lugar.

Me diz "vem" e eu vou.
Nunca poderei dizer não aquilo que me fez ser quem eu sou.

Avesso

Eu sinto muito por sentir demais.
Espero sem saber o que esperar.
Aguardo, impaciente.
Sorrio, infeliz.

Te procuro no escuro, me apago na mesmice. Dou a mão pro vazio, abraçando o nada todas as noites antes de dormir.

Peço perdão pelos teus erros... que são muito mais meus do que de qualquer um.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Vazio por completo

Lá se vão 5 meses.
5 longos e ABSURDOS meses.

Faz 5 meses que ele me disse que queria ficar sozinho.
Faz 5 meses que vi ele com ela naquela festa.
Faz 5 meses que fui embora chorando de lá, abismada por ele me causar tanta dor.
Faz 5 meses que olho pros lados, procurando alguém que valha alguma coisa.
Faz 5 meses que vi que eles são todos iguais.


5 meses de pessoas previsíveis ao meu redor, de gente que não vale de nada, de sorrisos forçados, de vergolha alheia, de lágrimas covardes, de saudade inútil.

5 meses de vazio.
Vazio por completo.

Não sei mais o que é sentir, pareço uma cega, que só vê uma repetição exaustiva de luzes, sem nada a acrescentar.

Lá se foi um tempo que não tem volta, um verdadeiro desperdício.

E lá vem mais 5 meses idênticos. Dias e semanas exatamente iguais, desesperados e afobados como eu.
Lá vem tudo de novo, os mesmos tropeços, erros, batidas na parede.
Porque afinal, de que adianta eu escrever aqui sobre como as coisas mudarão?
A vida tem se mostrado sempre a mesma. Longa e absurda...
Sou só uma marionete dessa peça sem graça, cansada de "atuar".

E não me venha dizer que tem pena de mim por eu não sentir nada!
Felizes são aqueles que venceram! Sorte a deles! Não é?
Pra mim resta sempre o segundo lugar. Posição de derrota, abraço o costume e o comodismo que ela me dá. Pelo menos isso: tenho alguma coisa pra abraçar.
Sou só eu e eu mesmo. Combinação perfeita em 5 meses de uma ridícula solidão.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Pretexto

Me peguei pensando em você.
Viu só? Nem chorei.

Foi sobre como eu ainda sorrio na tua presença, mas ainda olho pro chão pra não ter que te encarar.
Como você me abraça e tudo vem em câmera lenta, mas logo se transforma no mesmo turbilhão que uma vez me derrubou.
Não é engraçado ver tanta mágoa reunida com tanto carinho?


Fiz listas absurdas relatando todos teus defeitos, provando o quanto você estava errado, mas acho que nem eu mesma consigo me convencer...
Eu posso te criticar e falar na tua cara o quanto te odeio e sofri pelo jeito que me tratou, mas você sempre me faz voltar atrás.
Sempre tem alguma coisa, sempre do teu jeito parece mais simples... e eu me pego na dúvida toda vez que te encontro.
Você sempre dá um jeito pra provar que eu me engano quando te nego.
Acaba sempre sendo uma briga diária comigo mesma. Eu versus eu e mais ninguém.


No fim das contas, o que faz mesmo um cara ser um cara afudê?

Me fazer rir? Ser educado? Ser humilde? Ser verdadeiro? Mostrar que vale a pena?
Ou talvez ser só você?

Às vezes esqueço que você existe. Mas quando lembro, já nem vejo as coisas ruins. E é na surpresa de recordar que noto que nunca estive errada.
Precisei de várias idas e vindas pra saber o que sempre me foi claro.
Foi tudo um grande pretexto.
E eu não preciso de palavras, músicas ou ações pra entender.

Quero que fique claro, transparente, que o que senti nunca mudou. E talvez eu que tenha confundido, mesmo.
Que pena, meu bem!
Que pena que precisei de um abismo pra ver teu sorriso lá no chão.
Mas pelo menos eu ainda te tenho aqui.
Tenho teu abraço, tuas piadas amargas, tua reclamação ranzinza, tua vontade de sempre querer dar teu melhor.
É muito bom te ver feliz.
E só isso já faz tudo valer a pena.

domingo, 1 de maio de 2011

Infinito

Sempre que sinto demais e não vale de nada, penso no quanto desperdicei.
Joguei fora, enchi e não significou coisa alguma.

Sempre espalhando a toa, sempre doando.

Dessa vez resolvi ser auto-sustentável.
Vou suprir, me bastar.

Guardei tudo.
E talvez não exista nada mais consciente do que ser responsável pelo próprio coração.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Palavras de quem ama (mas também não quer mais)

Vou te dar o texto mais bonito do mundo. E, quando você ler, vai saber que é pra você.

Vou falar do teu sorriso, disfarçado pelo teu olhar melancólico de quem sempre guarda demais.
Frases que marquem, como as pintas do teu braço direito, e que indireitem teu andar desengonçado, dos teus pés tão confusos quanto tua cabeça, que sempre se enrolam na hora de escolher que direção seguir.
Vou unir tuas palavras às minhas, engolir meu orgulho e repetir incansávelmente o quanto ainda me importo. Vou jurar de pés juntos que fomos um erro, mas um erro bom, que serviu só pra gente ver a vida inteira de outra forma.
Vou te provar que ao que senti nunca existiu igual, mas que há anos estou pronta pra caminhar sozinha.
Vou falar o quanto você me inspira, mas sem me lamentar, ou reclamar que nunca demos certo. Só vou agradecer por ainda contar com teus braços ao meu redor sempre que preciso.

Fujo todos os dias, com medo de olhar pra trás, esperando já exausta por tudo o que parece nunca chegar.
Mas nunca sei o que espero, e sigo parada, tentando descobrir o que me faz querer tanto o que vem pela frente.
Enrolo em meus dedos sílabas perdidas, que quando se unem, falam bem menos do que seu abraço parece me dizer.
Repito sentenças e abuso do ódio, mas sempre estendo a mão na esperança de te ver bem.

Não sei o que é viver sem te ter, apesar de nunca realmente te querer.
O maior paradoxo da minha vida, nada mais é do que a única saída e solução pro tanto que digo.

Quando falo que sou vazia e não sinto mais nada, é por saber que nunca vou encontrar algo que me deixe do jeito que você me deixou. Por saber que não te quero, mesmo sendo tão claro que só ao teu lado sei que sou capaz de mais.
Por tudo o que vimos, por tudo o que fomos, por tudo o que nunca seremos e o que eu nem faço questão de ser.

Todos os dias uso o sorriso que ganhei de você. E me pergunto: Pra quê eu quero esses outros 6 bilhões se, no fim das contas, eu sempre posso contar com você?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Escolhas


Tenho as mãos vazias, os pés cansados e um coração guardado no armário, que já não serve pra mais nada.

Eu, que sempre fui de acreditar, decidia pelo não, pelo nunca, pelo "e daí, quem se importa?".
Afinal, de que adianta sonhar, desejar, querer, se a gente nunca chega ao ponto?
Do que adianta você sorrir quando me vê, se, no fundo, sente pena da garota que fez por tanto tempo sofrer?

Escolho ficar debaixo das cobertas, tapada de orgulho, com uma vontade indecifrável e uma fraqueza já comum.
Escolho por não te ver, por não responder.
Escolho fingir que você nunca veio.

Escolho aceitar o que você escolheu e que me fez ficar assim.

Já faz tanto tempo que não sou mais aquela menina que você disse gostar.

E talvez seja melhor assim.
Me repugna a idéia de ser algo que agrada alguém que só soube me fazer mal.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Formato: indefinido

Cada vez que penso que te amo, caem mil desculpas no meu colo, me fazendo ver que não existem motivos pra este sentimento sem razão. Mas não adianta, meu amor. Como eu gostaria que você se desse conta do potencial que existe em nós dois.

terça-feira, 5 de abril de 2011

De novo

Me sinto uma farsa, desperdiçando palavras sobre aquilo que não sinto.
Sorrisos desonestos, que imploram por uma escapatória, gritam a noite e sussurram todos os dias no meu ouvido, o quanto já cansaram de uma estampa que já não trasmite mais nada.

Me escondo atrás de mesas de escritório, que me abraçam durante o horário comercial.
Decoro textos que são ditos em frente às câmeras, mas, atrás delas, nunca sei o que falar.

Sangro as pontas dos dedos, forçadas a desabafar, seco os olhos tão acostumados com um afogamento contínuo, cansativo, patético.

Engulo seco, palavras cortadas ao meio, vomito frases sem sentido algum.
Não olho fixo, desvio, nem vejo.


Fujo com a mesma covardia infantil usada por quem soltou minha mão.
Busco, procuro, desisto. Não preciso de muito pra escapar do que não consegui arrumar.

terça-feira, 29 de março de 2011

Incapaz

E nem mais quando tenho todos os motivos do mundo, consigo me lamentar por ter sido passada pra trás.

Limitados, meus sentimentos agora se preocupam apenas em ocupar o imenso espaço que já foi tão teu.


domingo, 27 de março de 2011

Memória fraca, coração nulo

Quando vejo aqueles casais recentes na rua, aqueles que adiam o adeus e ficam enrolando pra largar o abraço quando precisam ir embora, fico tentando lembrar quando foi a última vez que me senti daquele jeito.
Sabe? Quando tu dá tchau e entra em casa com um sorriso bobo, difícil de apagar.

Já nem sei mais quando foi a última vez que me peguei sorrindo sem motivo, sem precisar de explicação.

E na verdade, nem sei mais se quero me sentir assim, porque sempre é igual, sempre tem um fim e nunca é como "devia" ser.
Parece que falta uma parte, parece que comprei o "Pacote Felicidade" com defeito.

Não posso reclamar do que eu mesma escolhi. Não posso, não devo. Não vou.

Mas "cansei" já nem cabe mais. Me encontro exausta, descrente, não tenho mais vontade ou ânimo pra algo que sempre me leva pro mesmo lugar.
A gente desiste depois de sempre ver a vida insistindo no mesmo erro.

Quando fico pensando sobre como todos são iguais, me sinto como alguém que vai a Igreja em busca de uma salvação que fisicamente não existe.
Me diz, vale a pena tanto desgaste?

Só que quando assino contrato com a solidão, olho pro lado, e vejo tantas histórias, tantas coisas, tanta gente reclamando de amores e desamores, tanta gente contando seus infinitos relatos sobre tantos e tantos rolos, casos... e me pergunto: Por que não comigo?

Aliás, por que SEMPRE comigo?

Quem que vai enrolar na hora de largar meu abraço?

Não dá pra ficar sozinha de braços abertos por tanto tempo.

terça-feira, 22 de março de 2011

O incrível caso do coração que petrificou

Foi quando o coração parou de bater que ela entrou em pânico.
Duvidou de si mesma e já não sabia se daria conta daquele espaço tão duro.
O sangue já não passava pelas veias do corpo, e ela parecia funcionar apenas com orgulho, egoísmo e arrependimentos.
Levantava o rosto, respirava fundo, tentava se preencher, mas não conseguia nada além de ar.

Era a dona de um lugar oco por dentro, covarde por fora.
E quando tentava lembrar como havia deixado chegar naquele ponto, era sempre impedida por uma sirene cansativa e irritante, que parecia soar para salvá-la daqueles sentimentos escondidos que ela estava proibida de lembrar.

Mas era como tinha que ser. Talvez devia ter sido antes, já não encontrava solução.
Possuia uma pedra em forma de coração, que se entregou, "arregou", foi fraco e não deu conta do que precisava.

Estava ligada no automático.
Mas, no fundo, preferia a máscara da superação ao choro tolo de quem não sabe mais em quem confiar.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Bilhete de caneta azul

Quando chega, atira as roupas pelo chão.
Se tranca no quarto, cheia de manias, como uma velha senhora que há anos repete o mesmo ritual.
Perde as contas dos dias, não sabe mais quantas semanas.
Sempre suja o pijama de café e acha engraçado quando encontra manchas tão parecidas pelo chão.

Dá duas voltas na chave da porta da frente, mas sempre esquece de fechar a janela.
Tem preguiça de fechar as portas do guarda-roupa e dorme com a TV sempre ligada, por medo da solidão do escuro.



Quando acorda e vê que já passou do meio-dia, lembra que lá se vai outro dia que ela deixou escapar.
E no calendário imaginário que montou em sua cabeça, já faz muito tempo que o tempo esqueceu de passar.

Cansou de envelhecer.

Dois mil e muito

Sempre que surge essa vontadezinha de desistir, lembro do que me fez começar. Do meu maior motivo, do que me fazia correr atrás de todas as possibilidades, me virar em várias pra pelo menos tentar.

Sensação constante de nadar contra a maré.
Procuro não me abater e não misturar o que deve ficar sempre bem separado, e sempre fui mestre na arte de “não demonstrar”.
Mas já faz um tempo que perdeu a graça, e acreditem: é difícil não conseguir fingir.

Pra mim, fugir de alguma coisa ou “desistir” não é sinal de fraqueza. Às vezes deixar algo tão importante pra trás é difícil demais, e acaba se tornando uma decisão tão absurda e confusa, que a gente se torna mais forte por escolher o caminho que não traz mais essa segurança de fazer tudo o que os outros esperam que você faça.

Mas o impulso é meu inimigo. E preciso de foco pra fortalecer essa minha fraqueza infantil de quem não sabe mais esconder tanta decepção.

Vou precisar de muito, de TANTO que talvez não dê tempo o bastante pra resolver.
Mas vai ser sempre do mesmo jeito: a queda livre acaba comigo, mas eu levanto, sorrio e sigo no mesmo lugar, lembrando sempre de tudo o que me fez começar.

Talvez seja do erro mesmo que a gente tira o nosso melhor.
Já cansei de tanto errar, mas tenho que aceitar: só assim mesmo pra ver que a certa aqui sempre fui eu.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Finanças de um coração falido

Qual o preço do teu pedido de desculpas? Eu pago.
Quanto custa pra gente voltar a ser o que era antes? Economizo, sei que consigo.
E pra gente reconhecer nossos erros? Me diz, faço o cheque.

Aceita cartão?

O que eu preciso fazer pra esquecer? Porque eu não consigo?
Quando vale meu orgulho? Você paga por ele?
Você paga pra poder contar comigo de novo? Olhar nos olhos, dar sorriso honesto, não negar o abraço? Me diz, vale a pena?

Nada paga o que eu perdi antes de tomar a decisão errada. E se voltar no tempo tá fora do orçamento, então me fala o que preciso fazer, quanto de dinheiro preciso guardar, a quantidade de moedas no cofrinho que preciso ter pra você fazer parte dos meus dias de novo, sem eu ter vergonha de conversar, sem eu me sentir mal por lembrar que doeu mais do que devia.

Estou disposta a qualquer proposta que me faça voltar a te ter como meu amigo.
Informações neste guichê.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O depois que nunca chega

Quando você não aguenta mais, isso começa a transbordar e não há máscara que aguente.

Quando você precisa, alguém só diz “SUPERA”, e não se importa em te consolar ou só te abraçar pra ajudar, porque esse alguém não se importa.
Ninguém se importa.

É um vazio infinito, nada parece preencher. E quando chega aquela hora que até você não se aguenta mais, se pergunta: “Porque não vim com botão de ‘hibernar’? Ia ser mais fácil me manter longe de mim mesma.”

Dá vontade de fugir, se esconder, recomeçar do zero.
Fazer novos amigos, mudar pra outra cidade, fazer uma plástica e ficar irreconhecível.
Vontade de um DeLorean e um capacitor de fluxo, de qualquer coisa que faça tudo ficar bem.

É difícil demais quando a gente não é o que esperam que a gente seja.
Mas é pior quando todo mundo ao redor não tem nada a ver com o que esperava que eles fossem.

No final, já nem se sabe de quem é o erro.
A gente só deseja colocar a cabeça no travesseiro e dormir pra passar.

Vai que dê certo…

Maria Pessimista e Joãozinho vai-dar-tudo-certo

A gente evitava algumas palavras porque era mais simples. Cortar respiração, sentimentos pela metade, fingimento pra não doer em ninguém.
A gente nunca foi "a gente", pelo menos não pra PRA gente, não pra mim.

Todo mundo achava que sabia, todo mundo achava que era óbvio, mas a gente nunca soube, nem fazia questão de entender.

Era divertido assim, reconfortante saber que ele sempre ia ser o único abraço que me deixava leve, o único sorriso que me fazia sorrir.
Eu já nem me importava com nada, é como se fossemos amigos desde de sempre, como se tivesse que ser assim, mesmo.
Era a única pessoa que me entendia, mesmo sem fazer nenhum esforço para tal.

Ele me irritava, mas tirava o melhor de mim. Era tudo na medida certa, e às vezes eu me surpreendia quando me pegava olhando nos olhos dele pela sinceridade, sem desviar, sem ter vergonha de ser aquela versão que ele despertava em mim.
Era estranho quando eu ficava tão a vontade porque já tinha me acostumado a incomodação banal.
Mas era sempre o único lugar pra onde eu queria ir, a única parte de todo o mundo que me fazia ficar bem.

Todo mundo julgava, brincava, fazia piada sobre o que achava que sabia. Nos divertiamos com o nosso próprio fracasso.

Apesar de sempre precisar de uma afirmação, quando ele me abraçava, com a mão na minha cabeça, é que eu sabia que ele era um pedaço de mim, já.
Bizarro como a gente mudou a vida um do outro, estranho como foi tudo tão natural.

Eu já não consigo mais olhar pra frente se ele não estiver lá, porque senão estarei pela metade.
O que eu guardo dentro de mim é descomunal, é familiar, é amor daquele mais puro, que a gente não espera nada em troca.
Fico sempre feliz ao ver que fomos absurdamente maiores que qualquer drama bobo por motivos pequenos.
Fico aliviada em ver que tenho ao meu lado um amigo que me faz tão bem.
É bom demais ver que a mudou.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sobre medos e maratonas

Toda vez que me pego escrevendo sobre amores e desamores, me dá um pouco de dor de cabeça.
Sou constante nesse assunto, insistente, como se sempre tivesse algo pra resolver.

Sempre são dores, chororôs, papo furado, por assim dizer.

E se eu te contar que eu só levei UM tufo DE VERDADE em toda minha vida, você acreditaria?
O resto foram só decepções. Que aliás, são bem comuns, como você pode ver.

Mas o "tufo", pra quem não sabe, é quando se atinge o limite do "pé na bunda", é o fora mais sofrido, é a realidade te dando nocaute, levando o troféu pra casa, te deixando ali, caída no chão.
Só passei por essa "derrota" uma vez (e faz tempo). Foi exatamente ela que me mudou completamente, que me deixou mais instável, mais dura, completamente desconfiada e "vazia".
Não brinco quando digo que não deixo ninguém se aproximar porque eu gosto de ficar sozinha, é mais fácil lidar com os meus problemas do que ter alguém ao meu lado me deixando "pior".
Sempre são expectativas, desejos, vontades, e a pessoa quase nunca as alcança... Só que o erro é sempre MEU, porque as expectativas são MINHAS. E as pessoas, bom, elas são APENAS pessoas.
Então é mais simples eu ficar sozinha do que ter que me desapontar sempre quando erro sobre alguém.

Mas sempre falo, escrevo, grito, e nunca sei o que me faz falta realmente. Se é companhia pra sair, se é alguém pra tomar café logo depois que acordo, ou só uma pessoa pra dividir a lasanha congelada da Sadia que SEMPRE sobra pela metade. E isso é o que mais me chateia nas férias: o tempo livre. Vocês tem idéia do quanto minha cabeça deu voltas entre dezembro e o dia de hoje? Isso atrapalha tudo... e sem dúvida foi o que me estragou nesses últimos meses. Não era pra ser assim. Não posso me dar ao luxo desse tempo porque só eu sei pra onde sou capaz de me levar quando ele sobra.

Sempre penso demais, sobre coisas demais. A análise infinita de tudo aquilo que eu nunca encontro solução. E fico falando as mesmas situações, usando diferentes palavras sobre
como "sou forte" e de como dói "saber que ele não quer nem olhar na minha cara".
Uma palhaçada.

Vai ver que é por isso que sou tão insistente ao falar de uma coisa que não faço questão de sentir: eu preciso dela. Querendo ou não.
E é nessas horas, meu caro, que levanto a bandeirinha do "EU SOU UMA FARSA!" e sou vítima de apedrejamento em praça pública! Porque sou uma completa panaca que só se mantém
longe porque tem medo do que pode sentir.

Eu já senti demais, e confie em mim, não sou familiarizada em ver tudo isso dando certo.
É tão mais fácil sair correndo do que lutar contra as coisas que nos apavoram, né não?!

Mas apesar de saber que não se aproximar é o que pode me salvar, taí um mal que vou ter que me acostumar a lidar.

A gente corre, se esgota, desidrata, quase uma maratona. As dores são parecidas e o tempo pra curar a decepção, quase uma fisioterapia. É um tratamento chato, que pede paciência, mas no fim a gente sempre ganha.
Sempre vai ter o dia seguinte pra comer sozinha os restos da lasanha, ou sempre vai ter algum filme legal passando na TV que ajuda a fazer o tempo voar.

Posso ter sido vencida pelo coração, mas essa o tédio não leva.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A memória (quase) nunca falha

Sempre amores antigos, sempre o passado.
Sempre o que "poderia ter sido", sempre o que nunca foi.

Nunca o será, o amanhã, o que está por vir.

É como se servisse um prato repleto de dias anteriores e o devorasse, sem previsão de fim.

É o calendário que anda ao contrário, são as lembranças que invadem o presente.

É a falta de coragem de dar o próximo passo e dizer "pronto, passou".


Porque nunca passa, mesmo. Afinal, se passasse, como eu iria lembrar?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Manual de superação

Ela nunca foi de guardar rancor, e no mundo dela, isso era muito bom.
Mas sempre tinha ódio de alguma coisa, e se controlava pra não ser tomada pela raiva ridícula desse tal orgulho idiota que todo dia teimava em aparecer.

Odiava ele. E NOSSA, como odiava. Ódio infantil, com vontade de vingança pré-escolar, de puxar cabelo e colocar o pé pra tropeçar.
Mas preferia o silêncio, porque não tinha coragem, não podia... e também nem queria...

Odiava o fato dele também ir aos mesmos lugares que ela.
As mesmas festas, os mesmos amigos, tomar da mesma cerveja, comer da mesma comida, "O QUE ELE FAZ AQUI?".
Saía na esperança de não lembrar, mas ele estava sempre lá.
Mas ela era uma completa idiota, e no fundo gostava da presença dele, porque era naquele sorriso que ela se sentia bem. Mas como uma verdadeira idiota que era, bastavam só mais 5 segundos pra sair gritando o já comum "SAIIII DA MINHA VIDA", com os bracinhos pra cima, no mais clássico estilo "desenho animado".

"Porque não arranja novos amigos? Porque não vai visitar a namoradinha perfeita que mora longe? PORQUE TEM QUE SEGUIR AQUI?"

Mas ela esquecia do que precisava realmente esquecer, e abria os braços pra recebê-lo, como sempre fazia (e não seria sensacional se os abraços durassem mais tempo?).
Era incrível a facilidade que ele tinha de fazê-la sorrir, E QUE ÓDIO, ela não queria sorrir!

Tudo que ela fazia era sair de casa pra tentar esquecer. Afinal, essa era a primeira e ÚNICA regra do manual de superação: NÃO ARRUMAR TEMPO LIVRE PRA PENSAR BESTEIRA.
E lá ia de novo, todos os dias, não importava onde e nem com quem.
Diferentes filmes, lugares, copos, sorrisos, lábios, músicas, corpos, e nada era o bastante, porque era tudo "durex". E durex não cola bem, durex solta, durex não segura um coração partido.
Voltava pra casa em busca da super bonder, mas nunca encontrava, sempre tava em falta.

E sabe o que era pior?
É que nos momentos em que ele estava presente é que ela conseguia ver, de verdade, que tudo podia ficar bem.
Por mais absurdo que parecesse, odiava sair pra "esquecer" porque ele nunca estava junto, sorrindo, como ela sempre gostava de ver.
Era ali que tudo voltava a fazer sentido, e já não importava o ódio, a mágoa, ou qualquer atitude que provasse o quanto ela era idiota.
No fundo ela não odiava ELE.

Só odiava saber que ele era mesmo "o cara mais afudê do mundo" como SEMPRE achou, desde o primeiro oi, e todo o ódio por ELE era inútil, fantasioso, inventado, feito pra ela ter algum motivo pra "se sentir mal".
Ele não era RUIM.
Ruim era ela tentando arrumar motivo pra curar uma ferida que talvez ela mesma tivesse criado.

Talvez fosse isso mesmo.
E era nessas horas que via o quanto ainda tinha que caminhar pra conseguir amadurecer.

Que droga que é virar "gente grande"!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Síndrome de Patinho feio

Incrível como aquele tipo de menina me perseguia. Era meu karma. Só podia.
Lindas, magras, com seus cabelos loiros impecáveis, que elas usavam pro lado na hora daquelas fotos em que, ACREDITEM, elas saiam todas iguais.

Sempre perdia pra elas. Sempre era passada pra trás.

Às vezes me sentia nadando contra a maré, tentando ganhar de todas elas. Mas nunca adiantava, sempre que achava que tava vencendo, uma delas me passava.

E eu olhava pros lados e parecia estar vendo uma repetição de estilos, elas todas idênticas, sempre com o olhar vazio de quem não tem nada a oferecer.

Aos poucos eu ia indo devagarzinho pro canto da sala, tremendo de medo, lembrando que não tinha nada daquilo que eles pareciam tanto gostar.

Era sempre assim… e elas sempre roubavam meu lugar.
Tão perto da linha de chegada, elas todas me passavam… e eu nunca conseguia meu espaço no pódio.

Cansada, desidratada, já sem ar, acabava por desistir na metade do caminho.

O mundo é delas mesmo!

E só me resta torcer pra que elas não acabem com tudo aquilo que eu demorei anos pra montar.

Meu próprio mundo, sabe? Sobreviverei.

Sobre tremores, ondas e o nascer do sol

Não peço por nada.
Nunca pedi e nem me vejo no direito de tal.
Sempre conto os passos, calculo distâncias, me preocupo com resultados e suas provas reais. Mas no fim, de nada adianta. Nunca posso adivinhar ou prever. No fim das contas, tudo é só parte do meu processo pra aceitar o que não posso decidir.
Finjo que tenho algum poder sobre a vida, quando na verdade sou completamente escrava dos meus sentimentos, impostos por uma força maior, incrívelmente fora do meu controle.

E tudo perde um pouco da graça quando não tem graça alguma. E assim foi: não vi um pingo de magia, não vi graça nenhuma no teu sorriso que por muitas vezes parecia até forçado.
E quando tentei ignorar, quando tentei me fazer de "maior", vi que que nada adiantava. Você que era essa força maior, que sempre me mostrava que a vida seguia, a gente querendo ou não. E o que faltava era eu assumir o erro. Eu sabia que não daria certo de jeito algum.

Essa noite que sonhei que tinha um gato. Cinza, com manchas amarelas. Meu ódio por gatos sempre me fazia sonhar que tinha vários deles, e que éramos felizes, mesmo com arranhões e espirros chatos por culpa dos pêlos.
E talvez isso explique tudo: Aqui estou, com meus arranhões, cicatrizes e uma vontade incrível de te tirar a força da minha vida. Mas eu não posso!
Não posso porque sempre lembro dos motivos que me levaram a gostar de ti, de te achar diferente, e de te respeitar por TUDO que você parecia ser. E você sempre me prova que eu estive certa o tempo todo, até quando não quero.
E mesmo com todos teus defeitos, falhas e ações infantis e medrosas, ainda consigo ver nos teus olhos que eu nunca estive errada.
A gente precisa se aceitar nos nossos dias, mesmo sabendo que não merecemos nem um minuto do tempo deles.

Eu não preciso de você, você não precisa de mim. E é assim que as coisas são: Você é o desnecessário, eu sou a pessoa substituta, e a vida continua.
Seguiremos no mesmo caminho de sempre, fingindo que nada nunca aconteceu.

Mas sempre que você tirar a venda dos olhos, não esqueça: vou estar sempre ali. E só eu sei quem você realmente é, e só você sabe tudo o que eu sou capaz de sentir.
Que se danem os corações partidos e todas as lágrimas que derrubei por ti.
Não consigo te odiar, não sei provar pra mim mesma que você é um idiota, pelo simples motivo de saber que você não é.

O que eu sinto é absolutamente maior do que qualquer erro que podemos cometer.
E não sei me enganar ou tentar forjar um ódio que nunca existiu. A minha mão vai sempre estar estendida até quando você não precisar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tentativa de nº25

Sou um poço de arrependimento.
E a gente aprende, desde criança, que a vingança é tola e dispensável.
Mas esse meu lado revoltado, cansado e cheio de descaso não sabe ter limites.

Eu que costumava contar os passos, que sabia a hora do silêncio e do respeito, havia perdido a graça. Já nem pensava mais antes de agir e muito menos antes de falar.

Só queria o estrago, o problema, a raiva e nenhuma solução.

Queria dar o troco. Mas fui vencida pelo que sentia.

Então só voltava pra casa com a cabeça baixa, querendo fugir pra bem longe, onde nenhum de meus impulsos poderiam causar dor.

Que desastre seria se tentasse!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Buraco no asfalto neon

Era difícil porque se via no espelho e não se reconhecia.
Tentava, aos poucos, voltar ao que era antes, mas talvez fosse tarde demais pra tentar arrumar tudo o que havia estragado.

Contava nos dedos de uma mãos os motivos pra seguir ali, mas já tinha até perdido a vontade de fazer tudo o que havia escrito naquela lista com todos os planos de ano novo.
Desanimada, cogitou trancar as janelas pra não ver mais o tempo passar.
Tinha raiva da inocência, odiava lembrar que havia sido fraca e se entregado mais uma vez.

Guardava na gaveta diferentes máscaras, cada uma pra um dia diferente, e já nem sabia mais quem ela era.
Tinha a amargura, a dor, o ódio, a vingança e o rancor. Tudo dentro, seguro, preso e atado. Sentia pena em saber que havia perdido o amor todo no meio do caminho. Mas não ia voltar atrás pra buscar.

Ao lado esquerdo da cama, juntava as moedas que recebia de troco nas festas que ia pra esquecer o coração partido.

"Quem sabe um dia não consigo dinheiro o bastante pra comprar mais felicidade?".

Não custava tentar.

Estrutura

Sempre complicava e dava nós na própria cabeça, pelo simples prazer de complicar.
Não queria ele porque ele não valia a pena. Mas doía a cada vez que unia os pontos e via que todas as expectativas foram quedas livres em direção ao fim.
E ele nunca passou segurança, ele nunca passou nada.
E toda aquela frieza agora parecia contagiosa, pois era assim que ela se sentia. Vazia, sem nada a oferecer.

Queria falar pra ele, mas não conseguia tirar forças pra olhar nos olhos de quem a fez por tantas vezes chorar. Já não queria nem vê-lo mais, nem por um instante.
Preferia fingir que ele havia se mudado pra Bulgária, preferia pensar que aquilo tudo nunca existiu.

Tentou de todas as formas se afastar, ignorar e dizer que o odiava e que nunca mais ia deixá-lo fazer parte da sua vida... Mas um pedaço dela ainda pensava que ele podia sim ser diferente de todo mundo.
Só que ela não era o bastante...

E se diminuindo assim, mais uma vez, se perdia naquele pranto bobo, que a embalava todas as noites antes de dormir.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Amigo tempo

Ah o tempo.
O tempo, o tempo.
Eu dependo do tempo, sou escrava do tempo.
Porque ele passa e eu fico bem.
É sempre assim.

O tempo cuida do meu coração, o tempo cuida do meu futuro, o tempo apaga meus medos.
O tempo coloca um ponto final, o tempo leva meu passado.

O tempo, o tempo.

Mas e o MEU tempo? E o NOSSO tempo?

Sou inimiga do tempo!
Vivemos numa briga diária. Ele me levando pra frente, eu puxando ele pra trás.


Só que ontem não consegui fugir. Ele me deu um tapa na cara, gritou, disse que eu estava perdendo.

Então é isso: o tempo está no controle.
Só me deixo levar, só quero ver ele passar.

Batalha

NADA é pior que a sensação de saber que você não é nada do que parecia ser.
Nada dói mais do que esse momento em que fica claro que tudo o que você diz acreditar é só uma fachada.
Nenhuma constatação é pior do que saber que você é igual a todos os outros. Só mais um.

E eu sigo aqui, do mesmo jeito de sempre, tentando entender onde que errei quando vi alguém diferente nos teus olhos.
Você perdeu o lugar que era SÓ seu. Ele tá aqui, tomado de ódio e decepção, que substituem tão bem tua presença.



Posso estar por baixo, mas a vitória é minha. Você ainda vai ter de volta tudo o que me fez passar. E aí, pronto: ganhei.

Desculpa, mas eu não consigo te desejar nada mais além disso.
A batalha já tá ganha, e o futuro é MEU.
Pena que você não soube me acompanhar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Diagnóstico

- Doutor! Doutor! O senhor precisa me ajudar!

- O que foi, minha filha?

- Não sei. Não sinto meu coração.

- Como não sente seu coração? Venha aqui. Respire. Diga trinta e três.

- Trinta e três.

- Novamente.

- Trinta e três.

- Repita.

- Trinta e três.

- Não, querida. Você está enganada! Você tem um coração sim. Ele só está quebrado.

- Ah... sério, doutor?! Mas eu... mas eu não sinto nada!

- "Não sentir nada" aí dentro faz parte do processo. Por acaso você está tendo ódio, raiva, arrependimento?

- Sim...

- Choro?

- Todo o tempo...

- Ah, um caso clássico de coração partido.

- Mesmo? O que eu faço? Tem algum remédio?

- O tempo.

-...

- Ah! E fique longe dele. Ver ele não vai te ajudar nada. Tenta fingir que ele nunca existiu, vai por mim. Vai ser difícil, vai doer, mas uma hora você vai conseguir tratar ele como trata todo mundo.

- Mas eu vou ficar bem?

- A gente sempre fica.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Não sou tão teimoso quanto pareço"

Os ônibus, aqueles azuis que nunca haviam me levado a lugar algum, passavam por mim fazendo inveja, indicando um lugar que nunca havia me pertencido.
Ia embora fingindo não ver, mas olhava de canto de olho, com aquela raiva que costuma consumir os mais fracos.
Tentava seguir as placas pra não errar o caminho, mas minha maior vontade era a de voltar. Centro, retorno, aeroporto, bairro. E eu seguia olhando as placas, pra ver se alguma me indicava o caminho certo até você. Um dia eu acertaria, ou pelo menos esperava que assim fosse.

Mas chegar sempre dava uma sensação de conforto. Conforto tolo, digno de segurança e sorrisos bestas. Dava vontade de respirar fundo e agradecer por não precisar mais se preoupar com sacolas e mochilas, nenhuma reclamação ou gritos sobre obrigações. As regras eram nossas porque tinhamos decidido que assim seria.

Levada pela tontura gostosa daquela ansiedade, observava os carros parando ao meu lado e imaginava se todos se sentiam como eu.
Pegamos a reta, aquela que sempre me perdia. Agradeci por não estar na direção e torci para que meu inconsciente decorasse o caminho certo.
Mas eu não passaria por ali tao cedo.

A sorte é que ali não havia nenhum ônibus azul. E quando olhei pro céu, esqueci completamente o porque de tanto sentimento...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Recaída

Ele se despediu rapidamente, me descartando da melhor forma que podia.
Fiquei quieta e aceitei como se fosse meu trabalho abaixar a cabeça pra realidade.

E tudo o que eu pensava sobre ele foi rolando ladeira abaixo.


Fiquei dias tentando entender o que eu via de diferente naquele silêncio que o incomodava e no meu medo de falar qualquer palavra que pudesse atrapalhar qualquer coisa que a gente tivesse. Mas foi meu pé atrás que estragou toda e qualquer expectativa.
E agora eu brigava com aquela sensação de ódio e raiva, misturada com a melancolia idiota de quem sentia vergonha de assumir um erro.

Já estava um pouco acostumada em "ser passada pra trás", ou de ser considerada um acidente, um equívoco, um desperdício, que fosse.

Ele ria da minha cara, me pedindo pra não ficar olhando só pro lado ruim das coisas, mas eu era toda decepção.
E apesar dos pedidos dele pra que eu não o visse como tal, era assim que era pra mim.

Em nenhum momento conseguia fingir satisfação, porque era fraca e não sabia lidar com essas coisas. E tudo isso só me dava cada vez mais vontade de fugir pra longe sem dar satisfação.
Ficava enjoada com as lembranças de dias rápidos e curtos, em que ele parecia ser completamente diferente do que eu via hoje.


"Vai ficar tudo bem", minha mente dizia numa repetição sem previsão de fim. Tentava acreditar, mas nessa luta cabeça versus coração, quem perdia era sempre eu.
Em nenhum momento me permiti chorar, reclamar ou lembrar. Mas quem diz que me obedeço?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Zero

Quero que o tempo voe, não quero sentir os dias passando, quero esquecer de tudo o mais rápido possível.
Não quero pensar em nada, não quero ter lembranças, quero focar em tudo o que é superficial e não exige tanto de mim.
Quero sublimar, superar, abstrair, apagar.

Quero e PRECISO começar do zero, me conformar que é assim mesmo e aceitar que vai demorar muito pra me permitir outra vez.

Não quero nada, pois o tudo já me deixou na mão.
Preciso do vazio pra conseguir seguir.
Cheia de amor já não dá mais.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

50 mg

Eu cansei um pouco dessa vida de acordar sempre igual, de ir dormir sempre igual. Essa vida de anestesias e remédios pra solidão. Esses dias todos idênticos, onde o único momento em que o coração bate mais forte é quando sou tomada por aquela lembrança de que a dor ainda não curou.

E quando tô prestes a lembrar de você, automaticamente seguro o choro, respiro fundo, e finjo que você nunca existiu. É mais fácil partir do zero e te fazer de um "mero desconhecido que virou amigo", do que de "o cara mais afudê do mundo... que partiu meu coração... e virou amigo".


Eu tento TANTO....

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Síndrome de Macunaíma

Tenho preguiça do tempo.
Preguiça das horas que não passam, das noites mal dormidas, dos dias banais.

Tenho preguiça das lembranças, das despedidas, do tanto que vai demorar pra esquecer.
Tenho preguiça de tudo aquilo que você já deveria saber, de tudo o que eu ouso sentir.
Tenho preguiça de pensar no quanto vai levar, de quanto custou tudo isso.
Tenho preguiça de te olhar, de tentar puxar assunto, de tentar de novo.
Tenho preguiça de seguir, de superar, de me explicar.





Só não tenho preguiça pra ter preguiça. E isso tenho de sobra...

Prato de hoje: AMARGURA

“Legal mesmo” é quando você vê que tá gostando de quem não queria. Eu sei que soa complicado e idiota, mas sabe, isso acontece. E é ruim.

Ruim porque aí você vê o QUANTO é idiota e decide deixar tudo de lado e, quem sabe pela primeira vez, se deixar levar pelo coração.

E o que acontece? Claro, dá errado! Porque a gente tenta, mesmo?

E aí fica tentando salvar o que estragou, utilizando todas aquelas máscaras de sorrisos forçados e frases prontas...

Já fui feita de palhaça tantas vezes na vida, não devia me surpreender assim. Mas a situação aqui é que EU mesma me fiz de palhaça. Eu tentei quando devia ter ficado quieta, eu alimentei uma coisa completamente confusa e absurda.

Antes de provar esse desespero trouxa, só me resta lidar com tudo isso. Porque a cada momento em que tenho vontade de sair correndo porque não dá mais, ou que tenho que segurar o choro, só eu tô ali pra me fazer companhia. Talvez isso tenha me levado a crer tanto que ninguém vale a pena... Porque ninguém merece aguentar meus dramas e todas as coisas que eu (acho que) preciso.

A gente sabe que o tempo cura tudo, que a gente vai superar e tudo mais. Mas todos os dias lembro que eu podia ter evitado, do quanto fui burra de achar que tinha alguma chance nesse jogo todo.

Talvez pior que se ver gostando de quem não queria, é achar que alguma coisa vai dar certo... e não dar.

Eu tranquei todas as entradas de casa. Aqui ninguém mais entra.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pausa absoluta (2)

Não consigo mais dormir, mesmo quando tenho sono.
Não lembro mais do que sonho, nem se sonho mesmo.
O "descanso" não existe, dormir tornou-se automático.

Eu não quero fechar os olhos e lembrar de tudo que perdi.
Não quero acordar pensando no que nunca foi meu.
Queria poder evitar essas situações de desconforto, ou os sorrisos forçados e os olhares desviados.
Já nem sei mais se quero voltar no tempo pra conseguir evitar tudo isso, ou se espero o tempo passar pra atingir o ponto em que "tudo valeu a pena".


Sou como um balão vazio, jogado no canto da sala.
Não consegui, perdi, murchei. E só me resta o nada.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ventania (2)

Esses dias descobri que não existe canto melhor na minha casa que a sacada que dá pra rua. Nunca morei em nenhum lugar com uma “sacada aberta”, e talvez por isso aquele tenha se tornado o meu ponto favorito de todo apartamento.

Foi quando sentei lá que começou a ventania. E não era um vento frio, agonizante ou daqueles que atrapalham. Era um vento bom, gostoso, renovador.

E naquela minha hora em que reservava pra olhar pro céu pra tentar resolver as gigantes e fúteis complicações da minha cabeça, que me dei conta:Tava REALMENTE tudo bem.

Eu externava, gritava, incomodava e me perdia, mas tinha certeza de que tudo serviu pra mostrar todas aquelas coisas em suas melhores formas.


Lembrei da Ana Terra.

“Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando”.


O vento não secou meus olhos, não esfriou minha pele, não bagunçou meus cabelos. Ele me abraçou, com a vontade de conseguir, com a confirmação de que estamos indo do jeito certo.

Quando olhei pro lado, vi toda minha dor ir embora, voando, levada pelo vento.
Fizemos uma troca. E comigo só ficou tudo aquilo que um dia me fez tão bem.

Prato de hoje: IRONIA

É tudo tão banal.
É tudo uma brincadeira, não importa realmente.
Quem liga pra sentimentos? E DAÍ se você arriscou?!
A gente coloca um ponto final e DEU. Fica tudo bem. Fácil assim, tão simples quanto arrancar um band-aid.
E aí a gente conversa como se nada tivesse acontecido e sorri, porque QUEM liga pra um erro tão comum, né?

Acontece! Vai passar! Você vai superar e ainda vai rir de tudo isso!!
BLÁ BLÁ BLÁ, quem precisa de um coração?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O tempo todo

Já não quero nada. Não sinto nada.
Não olho pra frente porque o futuro pouco importa.
Mantenho o olhar baixo pra seguir com os pés no chão.
Ninguém vale o esforço, ninguém vale tentativas ou qualquer coisa que seja.

Não quero outra decepção.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Liberdade induzida

Aconteceu quando olhei pro céu.

Vi as nuvens e não consegui associá-las a nada. Eram apenas nuvens. Nada de coelhos, monstros, nada.
Tentei forçar o olhar, desejando por algum tipo de imaginação que me fizesse olhar direito, mas, na verdade, não desejo nada. Nem de bom, nem de ruim.
Me calei e finjo, em silêncio, que sei tudo o que quero.

Me perdi entre nuvens, no tempo, em vontades cortadas ao meio, incompletas e tentadoras.
Não existe arrependimento. Existe falta de coragem pra assumir que não consigo mais.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Música, café e abraços

A gente tem todo esse problema de esperar demais, de querer demais. São muitos passos atrás do que a gente julga como necessário ou importante.

Mas a verdade é que não importa o quanto você caminhe, esse tipo de coisa não é a gente que decide. É mais que todos os sorrisos e todas as vontades. É algo maior que a gente, e talvez por isso doa tanto.

Porque não é O fim que enche o saco e chateia naquela hora que você fecha os olhos antes de dormir. Mas sim saber que não foi dessa vez que você conseguiu. Que de novo, você se enganou. E que vai demorar mesmo pra você se acostumar com a idéia de que gostar de alguém é complicado demais…

Um dia a gente vai entender tudo isso. Do mesmo jeito que a gente entende de música, de café gostoso e de abraços bons.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Você disse que nós fomos um acidente...

Sabe aquela coisa de pessoa certa na hora errada?
Eu sempre tive medo desse tipo de coisa.
Mas nunca tinha tido a pessoa certa, ou a hora errada... Aliás, o que é uma “pessoa certa”, mesmo?

Essa noite fui invadida por uma vontade de não fechar os olhos, um gosto por olhar pro céu até que o sol nascesse. E aquele friozinho da manhã me fez lembrar o quanto eu gosto desse horário, de como me sinto bem quando consigo ver o sol sair.

Pensei muito, pensei demais, como sempre penso. Mas talvez seja melhor assim, mesmo. Meu corpo tem essa reação bizarra a momentos como esse. Não consigo chorar, não consigo sentir ódio, não sinto nada... É estranho saber que me enganei e não conseguir nem demonstrar...

Eu nunca tento. Mas e quando a gente tenta e dá tudo errado, hein? Sei que devia ser motivo pra eu tentar de novo pra me superar... mas só consigo pensar em fechar a porta, trancar com chave e cadeado e não deixar mais ninguém entrar.
Porque ninguém vale o esforço.

Mas ele valeu. E quando a gente acha uma pessoa que vale “até o tufo”, talvez seja a pessoa certa na hora errada, mesmo.

Sabe aquela fitinha preta ali? Ela nunca vai sair do lugar.

Seria eu, se não fosse você

Vai demorar uns dias pra voltar a sorrir…
Vai esquecer de tudo aos poucos, aprender a sentir falta.
Deixar de lado o que sente, disfarçar a insatisfação, engolir o choro.
Transparecer apenas o que lhe convém.
Se mostrar forte, segura de si, mas na verdade…

Não aguenta mais a sensação de não encontrar nessa vida algo parecido com o que achou que a vida seria…

Vai caminhar sozinha, procurar em um abraço qualquer razão pra dizer que ama, mantendo uma distância confortável e não se entregando jamais por inteiro…

Vai sufocar o coração que não desistiu e não aguenta mais a sensação de procurar nessa vida algo parecido com o que achou que a vida seria e não encontrar…

(Seria eu se não fosse você - Valentin)

Se eu fosse "muda" talvez ajudasse

Sabe, às vezes tenho vergonha de ser eu mesma, de dizer o que sinto. Tenho medo que você se incomode, canse e me passe a diante.

Sou assim, mesmo. E esse lado meu é o que não deixo você ver.
Você vê a que sorri, que brinca, que se diz segura e certa de tudo que (acha que) sabe.
Mas toda vez que você vai embora, rio sozinha da minha quase desgraça, do meu cabelo bagunçado, do meu pé feio, dos quilos que ganhei no ano passado. Aí penso de novo "como ele me aguenta?".
E quando vejo todas aquelas meninas lindas que me dizem que te acham demais, abaixo a cabeça e tenho só uma certeza: vou ter que comer muito arroz e feijão pra chegar aos teus pés. Porque cada vez que você sorri, ou mexe no cabelo, me desmonto, perco a fala, fico com vergonha de dizer qualquer coisa e estragar o que você consegue fazer sem nem tentar.

E é nessas horas que me torturo, me achando ridícula por me esforçar, por achar que preciso correr pra ser quem você merece. E me perco, me estrago, na certeza de que todas minhas corridas são só motivos pra você me achar uma idiota.

Aí escrevo, porque alivia. Escrevo tudo o que não tenho coragem de te dizer... Parece mais simples desabafar e deixar tudo em segredo. Mas esses dias, depois de publicar um texto, me dei conta de que você poderia ler tudo isso. E foi aí que me senti a maior babaca de todo universo. Te imaginei por horas irritado, balançando a cabeça em negação. Ah, sou uma idiota mesmo. Eu que sempre gostei de escrever sobre os outros, agora me entrego e não sei falar de outra coisa. Há um mês eu só consigo escrever sobre a confusão que você fez aqui.

É complicado demais gostar de alguém...

Ventania

Achei que sabia.
E ousei ter certeza.
Aí descobri que não sei de nada.

E virei a página.
Mas veio o vento, e me levou de volta pro mesmo lugar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Metade

Quero escrever tanto, sobre tantas coisas, que as pontas dos dedos doem, na necessidade de digitar.
A cabeça, cheia, pesada de idéias perdidas e pensamentos sem razão, já não consegue mais dar conta.

Três dias foram o bastante. O bastante pra ver que falta alguma coisa.
Tá, sempre falta, blá blá blá, "você nunca tá satisfeita!", blá blá blá, sei de tudo isso.
Mas às vezes a gente não sabe explicar muito bem o que espera, o que procura. Sinto aqui aquela sensação permanente de incompleto, de metade. E quando tento me concentrar pra descobrir o que me falta, perco um pouco do ar, da noção...
E tá sendo assim há algum tempo.

A verdade é que existe uma razão pra eu nunca deixar ninguém entrar. Quando eu me privo de olhares, de amores passageiros, de coisas assim, completamente sem sentido, é por um motivo muito óbvio: não sei lidar com isso. Nunca soube.

Grito intensidade... Como diz uma grande amiga minha, eu sinto em negrito, CAPS LOCK, sublinhado...
Não adianta. Quando gosto de alguém, gosto de alguém. Não sou meio termo, não sou o que a maioria espera de mim.
Não sei ser essa garota que a cada dia tem um amor diferente. Não sei ser essa menina indecisa, que não sabe escolher com quem quer ficar... E isso me estraga. Isso me faz ser diferente, mas cansativa, insistente daquela forma chata, daquele jeito que só quem tem muito jeito consegue aguentar. E você acha que não sei disso?
É por esse motivo que fico me escondendo, engolindo as palavras, transbordando orgulho. E fico remoendo vários pensamentos inúteis nesse meio tempo... Não adianta. Sinto tudo sozinha.

E eu sei que 87,4% das coisas que me colocam nessa área desconfortável são aqui da minha cabeça. Porque eu penso demais, imagino demais, calculo todas as possibilidades... sofro por antecipação. Não sei simplesmente "deixar rolar", porque sempre acho que alguma coisa tá errada...
A gente às vezes cansa de tomar a iniciativa e não ser correspondida, sabe?
Ou de correr atrás e não receber "retorno".
E claro que morro de medo que tudo isso esteja acontecendo porque EU estraguei com esse meu jeito "profundo" de sentir tudo demais.

Mas olha BEM pra mim. Eu tô tentando, de verdade. E de peito aberto, como sempre... E na realidade, eu nunca lidei com uma situação como essa.
Você pediu calma, pediu a velocidade mínima, e me disse que ia ficar tudo bem... Eu confio em ti.
Tá difícil aqui. E sei que você não espera isso de mim...
Mas tá difícil porque não tô acostumada. Me sinto um pouco perdida no meio do nada, esperando alguém me buscar pra mostrar o caminho certo. Sempre disse que era um labirinto... e eu sigo perdida. Fico tonta procurando uma saída.

Mas sempre que eu paro e penso nisso tudo, sempre chego na mesma conclusão... Não importa o que aconteça daqui pra frente. Tô disposta a esperar o tempo que for preciso. Não vou sair daqui até que me digam com TODAS as letras que tô perdendo meu tempo.

Você é como um cubo mágico. É difícil chegar até a solução... mas juro, sou paciente.
E a gente precisa ser honesto com o que sente... e aqui tá tudo o que eu sinto, o que grito, o que quero que você entenda. E se o que falta aqui é uma resposta tua, eu seguro a barra.
Vai dar tudo certo.
Né?