quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dez pras Onze

Peguei a chave de casa, pensando em ir embora. Arrumei a mala cautelosamente, cheia de vontade de partir.
Ao ver o armário vazio, o espaço em branco parecia ser em mim. Pensei em recolocar as coisas no lugar e sentada na cama, cogitei quais seriam as chances de seguir no mesmo lugar.

Minhas coisas representavam a bagunça da minha cabeça. Tantos pensamentos embolados, amontoados... não é fácil pra quem sabe demais.
Era triste ver tudo indo ladeira abaixo. Mais uma vez, o fracasso me abraçava, cruel ao não me largar. E eu, boba, sorria pra ele, aceitando a posição que tínhamos de “melhores amigos”.
Não me importei em olhar pra frente. Cansada, fixei o olhar no chão. Baixei a cabeça pra verdade, e assim resolvi viver.

Essa vida que parece um eterno carrossel.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Profissionalmente pessoal

“Trabalha, menina!”

Afinal, é isso que interessa.

Quem precisa de amigos, quando se tem vários colegas de trabalho? Pra que conversar sobre nossos problemas, se podemos fazer uma reunião sobre o que realmente importa?

Trabalho, trabalho, trabalho.
Esquece da tua vida, guarde-a na gaveta.
O teu profissional conta mais que o pessoal. E o que você sente, são apenas sentimentos enlatados, que não podem refletir no seu automático.
O esforço é todo para ser a melhor e passar na frente de todos. É isso que esperam de você.
Não os decepcione!

Corra atrás dessa mentira de verdade, que disfarça tuas falhas, e te faz ser o que você sempre evitou.

Eles não podem te ver.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Desencontro

Penso muito em nós dois.
Mais do que deveria.
Penso naquela sensação de vazio que me invadiu no dia em que me disse que já não queria mais. Sou fraca, e cedo aos teus chamados.
Ouso a cada vez que digo que tampouco te quero.

Meus olhos ardem, feridos pelas lágrimas que correm atrás de ti.
E me supero quando consigo acordar sem te ter em meus sonhos.
Me teletransporto a nosso mundo em busca de salvação.

Sofro em silêncio por medo da sua reação ao ver tudo que sinto, sabendo que, novamente, serei deixada pra trás.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

On my head the water pours

É muito amor. É muito amor e não dou conta. Me desequilibro por não saber como caminhar com tanto sentimento. Você me enche, me completa, me faz bem. E quando se afasta, o meu pânico logo é curado por seu sorriso, que me persegue em todo lugar.

Eu queria saber te dizer, com todas as letras, alto e claro, o quanto sou feliz ao seu lado.

Te levo nas linhas daquele caderno, guardado e separado de memórias. E não são só palavras. É uma rajada de vento na janela, que bate e me acorda pela manhã. É a vontade de te dizer que sem você, o mundo para de rodar.
E eu insisto, teimo, grito para que meu mundo gire forte.

Já faz tempo que isso me corrói. Mas é tanto amor que nenhuma dor é dona de mim. Sou cheia de sentimentos confusos, tolos e infantis. Mas mergulhada em amor, do mais puro, o mais sincero: o nosso.

Eu sinto tudo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Vingança


A qualidade separa as bandas boas das ruins. Certo? Claro. Mas muitas vezes uma boa parte das pessoas não se importa com a qualidade. E apenas segue um fluxo cego, burro, aquela massa que enche o saco falando mal do que nunca ouviu. E eu, você, seu vizinho, seu colega e quem sabe até sua mãe, já lemos alguma crítica “baixa” a alguma banda que não merecia aquelas palavras. Veja a Fresno, por exemplo. “Chacota” da mídia por tantas vezes, parece sempre uma incompreendida. Ou quem sabe só uma bomba relógio de potencial extremo, que parece que os “mais fracos” nunca querem segurar, por não saberem lidar com ela.

Me tornei uma “defensora” da Fresno a partir do instante em que vi o tamanho da qualidade que eles tinham. Enquanto algumas bandas faziam rimas sem graça e pagavam de “malandrinhos”, a Fresno era honesta. E sempre foi, na verdade.

Então lá fui eu conferir o último trabalho da banda, o Revanche. Fui com medo, assumo. Li apenas críticas positivas, somente elogios. E quando isso acontece é porque alguma coisa está errada. Não que não possa existir um CD que cause isso nas pessoas (risos), mas eu fiquei com medo de talvez dar de cara com um disco completamente ao contrário do meu favorito, Ciano.
Aí, adivinhem: pra minha surpresa, lá estava eu, ouvindo a banda no auge de sua superação.

Na primeira música, um verdadeiro pânico. "Revanche" abre o disco como um soco no estômago. Completamente diferente do que eu esperava, já me fez gostar do CD logo de cara. Riffs que lembram aquela Fresno antiga, que tantos fãs reclamavam sentir falta.
Os caras gritam através das guitarras. Absurdo. Isso fica ainda “pior” em "Die Lüge", canção que te dá vontade de levantar da cadeira e discutir com as caixas de som, se perguntando como eles conseguiram aquele resultado.
Em “Relato de um homem de bom coração”, você já entrou na brincadeira. A banda abraçou a idéia do sintetizador com os riffs violentos e, por incrível que pareça, a união funciona perfeitamente.

E quando eu ia apostando minhas fichas em canções mais pesadas (odeio essa expressão, mas enfim), me embasbaquei com as baladas. "Quando Crescer" marca exatamente a metade do álbum e te deixa completamente sem palavras. “Eu sou o que eu queria ser quando crescer”, diz Lucas Silveira, que mesmo estando no lugar em que sempre quis, parece não estar satisfeito. Impossível não se identificar.
Aí você dá de cara com "Porto Alegre", pra embasbacar. Sem dúvida a melhor de todo CD. Essa é a música que você vai lembrar quando terminar de ouvir o Revanche. É essa música que vai te fazer ouvir o disco inteiro, de novo.
E pra fechar, "Canção da Noite (Todo mundo precisa de alguém)". Quase como um hino, a música que encerra o CD, te faz pensar que você certamente acabou de ouvir o melhor álbum do ano.

Acho incrível como a Fresno se reinventa a cada disco, sem nunca perder as principais características. Ela ousa, sem precisar ficar naquela zona de conforto que tantas outras bandas fazem questão. Em Revanche, a Fresno dá um passo a mais. E não um passo a “frente”, mas sim um pra cima, marcando sua posição de “acima da média”, deixando todas as outras bandas completamente sem graça.

Então, o que realmente separa as bandas boas das ruins, além da qualidade? A sinceridade, os vocais impecáveis, as melodias nunca antes tentadas, enfim.
A Fresno, meus amigos, mais uma vez conseguiu se destacar entre as demais.
E que vingança, hein?

Sobre amigos e cabelo

Ontem vi um grupo de “crianças” de uns 11, 12 anos. Um grupo grande, reunido no shopping. Me lembrei de quando tinha essa idade e de como tinha amigos. E de como a gente é submetido a pensar que com o tempo conheceremos mais pessoas e nosso “leque” de amizades vai crescer. Mentira.
Quando eu tinha 10 anos, colecionava amigos. A partir dos 12 aprendi que não ia ser assim pra sempre.
Hoje, mal e mal coleciono companhias.

E agora sempre que conheço alguém muito, mas MUITO afudê, meu coração se fecha, como uma defesa contra uma possível decepção. Porque a gente cansa. E eu, sem dúvida alguma, cansei de achar que as pessoas são realmente legais. Porque elas só são assim quando precisam da gente... depois... quem é que precisa de depois, mesmo? Hum.

Conto em menos de uma mão nomes de pessoas que com CERTEZA nunca me farão mal algum, e que vou levar pro resto da minha vida como pedaços em mim. Deles não posso reclamar. Mas sabe, a gente desiste um pouco cada vez que vê que, pra algumas pessoas, o que importa são os seguidores no Twitter, o reply do “famoso”, ou repetir inúmeras vezes as vantagens que não são tão vantajosas assim. Mas tudo bem. Cada um tem a prioridade que achar melhor.

Mas acontece que a gente não escolhe amigos pela quantidade de coisas que ele fez. Não é ESSA a bagagem que importa. Uma pessoa que só pensa em si não me cativa. Porque EU não sou assim, e não sou obrigada a ouvir inúmeras vezes uma pessoa ser grosseira porque se vê no direito de tal ou repetir como sabe tudo sobre todos os assuntos do mundo. Porque essa pessoa anula a parte mais importante e divertida da criação de uma amizade, que é nada mais que a descoberta.
Aquela incrível sensação de ter uma companhia ao teu lado pra aprender sobre a vida contigo. Que traz as opiniões dela pra irem de encontro às tuas. E assim crescemos juntos. Amizade, pra mim, nada mais é do que aquele clichê todo de união, de sinceridade. Não uma pessoa declamando sobre si mesma, falando como SÓ ela sofre ou como é a maioral. Então se você é tão super assim, talvez consiga ser feliz sozinho. Não? Tu e teu deslumbre.

Eu não preciso e não tenho vergonha pra assumir minhas fraquezas. E me sinto uma idiota quando lido com pessoas que não assumem as suas. EU não sei ser feliz sozinha. Me parece impossível.

Definitivamente, perdi a paciência pra aturar gente assim. E por isso me afasto. Com dor de ter visto uma “amizade” ir embora ladeira abaixo. Me afasto por medo de parecer falsa ao tentar aceitar alguns comportamentos, de engolir sapos, de parecer ser alguém que não sou só pra agradar. Não dá. Sabe, a gente até tenta salvar tudo... mas como mudamos o rumo do barco que já seguiu seu caminho?

Lembrei de como sempre acho que algumas pessoas não vão com a minha cara. E, por isso, não me aproximo. Morro de medo. Me fechei por temer o fracasso. E isso é muito chato. Lembrei de uns 4 nomes, pessoas que passaram a conviver mais comigo e que eu daria de tudo pra construir uma amizade verdadeira. Mas o problema é que, graças a todas as pessoas que me julgaram como uma “companhia descartável”, aprendi a sempre ter um pé atrás com todo mundo. É uma pena, de verdade. Uma pena me sentir mal por não conseguir mais confiar nas pessoas. O resultado é ridículo. Me sinto uma ameba por às vezes forçar sorriso com quem parece forçar TUDO comigo.

Entrei num nível ridículo. E é duro quando atingimos algo assim. Esse piloto automático que a gente assume sem dizer.
É como quando resolvemos colocar uma foto de alguém em um álbum de uma rede social só porque sabemos que, se não colocarmos, seremos cobrados. E aquilo se torna completamente superficial, tolo e a gente só faz pra não se incomodar. E é idiota. Porque não é nada disso que diz quem é mais amigo de quem. Mas já nem importa as razões pelas quais você não aguenta mais aquela pessoa. Você abaixa a cabeça e aceita o convívio, porque no automático isso já não te atinge. No meu caso, atingia.
Porque uma hora você olha pro lado e começa a analisar que você não é um caso isolado. Não é só você que perdeu o ânimo pra levantar da cama cedo. Nem só você que se desgastou a ponto de sublimar teus sentimentos e aceitar que pessoas tem o direito de te decepcionar. Te decepcionam e depois correm pra você, dizendo que te amam e sentem saudades. Pois bem.

Hoje, quando me olhei no espelho, me assustei com o fato do meu cabelo ter crescido e eu não ter feito nada a respeito. ACREDITEM! Essa era minha meta: deixar meu cabelo crescer. Fútil, eu sei. Mas entre “procurar emprego”, “aprender a fazer as unhas” e “terminar de ler um livro”, eu só queria deixar meu cabelo crescer, que tem de mal nisso? E agora que tá como eu queria, nem me importei...
Porque às vezes fica engraçado quando algumas prioridades mudam. E não que meu cabelo seja a prioridade máxima da minha vida, mas passei esse ponto pro último item da lista. Tá um saco de arrumar ele, mas e daí? Tem coisa mais importante na frente. E até que as coisas não mudam porque queremos assim, sabe? Às vezes só acontece. No automático. Da mesma forma que às vezes não temos tempo para alguns amigos, ou nem paciência com outros que só abrem a boca pra falar de como são os melhores.

Já consigo prender meu cabelo. Mas de que adianta, mesmo? A lista de pessoas que me decepcionam é BEM maior que o tamanho dele.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Agosto

Ele me chamou de monstra, admirado pelo que lhe confessei. Parecia não acreditar na minha força, se mostrou surpreso por saber como eu ainda lidava com tudo aquilo.

Na hora, quis chorar. Precisei me cuidar pra não mostrar que, na verdade, sou fraca, que não sei lidar com isso. Sou toda de mentira. Uma farsa que fracassa sempre que tenta sair na frente.
Brigo com o relógio todos os dias, tentando mostrar que sou melhor. Mas ele sempre, SEMPRE me ganha. Vivo naquela realidade paralela em que o tempo ainda não passou, que aquele ano não acabou, que ainda estamos naquela vida de ficção. Na rotina, apenas finjo seguir o fluxo, faço de conta que também sou de verdade.
Em vão.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Porto Alegre

Vi em teus olhos, tua cara não me engana. Engoli seco, fingindo não ter entendido. Há tempos planejamos, separados, um futuro que parece nunca chegar. O dia depois de amanhã que espero há tanto tempo, daquela vida inventada, que quero sempre nunca lembrar.

Procuro entrar nos teus padrões, alcançar tuas expectativas, mas no fundo, tudo o que estamos fazendo é nos afastar. Então vejo que todos os planos, nada mais eram passos em direção a um longo caminho, longe de tudo, longe de você. O lugar onde eu sempre deveria estar.

Te espero do lado de cá.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Desapego (tentativa #25)

Não sei por que tento tanto. Não sei por que me importo tanto. Não sei por que vou atrás de quem faz de tudo pra se afastar.
Me sinto uma verdadeira idiota por passar boa parte dos meus dias tentando criar diálogos em vão. Você certamente nem se dá conta, você não vê. E eu sempre me decepciono, sempre me frustro por não vencer.
Parece que corro na tentativa de te alcançar, de salvar uma coisa que não existe, que nunca existiu. Eu quero, de todas as formas, que a gente possa ser o que fomos um dia. Queria voltar a preencher aquele lugar que um dia foi meu. A dor de não conseguir já tomou conta de mim e a verdade é que já não consigo mais. Meus músculos, paralisados, me impedem de seguir.

E aqui vou eu, pela quinta, sexta, sétima vez. Mais uma tentativa em vão, tomada pela dor da perda. Aquela reprise, a repetição dos meus atos, o replay que ninguém quer rever: me afasto e tento, de todas as formas, te tirar daqui.

E lá vou eu de novo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tórax, perna, pé

Sigo pessoas que não conheço, mas afinal, o que pode ser o desconhecido? Se vamos atrás dele, é porque sabemos o que pode nos oferecer. Não?
Os lados não dizem nada e a realidade parece não ser exatamente como é. Sempre assim, sempre buscando qual caminho seguir. Qual passo devemos tomar, qual será o "menos pior"?

Sempre te vi de forma diferente. Sempre te abracei forte, te levei como quem leva uma foto 3x4 na carteira.
Mas hoje, por um instante, te coloquei na prateleira ao lado dos demais. Te deixei fugir dos meus braços e o gosto amargo da decepção parecia ter tomado conta da minha boca seca, descrente. Só que não adianta: por mais que lute contra, esse lado ruim não sabe vencer. Guardo muito em mim, e grande parte transborda amor. Às vezes não sei como posso sentir tanto assim.
A verdade é que não pretendo mais sair de perto porque não posso desistir de você. É como aquela frase: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Nunca soube se te “cativei”, realmente. Mas na verdade isso não importa: só espero que o respeito que tenho por ti seja recíproco.

Somos imperfeitos. Você sempre me forçou a ver isso, insistindo: somos apenas pessoas. O que sinto por ti é tão puro e sincero, que vejo teus tropeços como tentativas de se encontrar. É absurdamente diferente do que penso dos outros, é como se você fosse uma peça exclusiva, que tem o direito de errar. E assim eu aceito o fato de que essas coisas acontecem.

É sempre assim: a gente se perde tentando ir atrás até mesmo daquilo que não sabemos se queremos. Aprendemos com os erros, dizem. Mas deve ser frustrante quando isso te torna uma reprise. É como digo: sua alma, sua palma. Fica pior quando envolve os outros. Mas não comigo.

Por mais que seja natural da tua parte agarrar a solidão, deixo claro que, com a minha presença, você vai ter que aprender a lidar. Não dou o braço a torcer tão fácil assim: minhas expectativas são linhas altas que você já atingiu.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Previsível

Refiz meu coração pra chegar até aqui, mas ainda sinto as marcas daquilo que não consigo esquecer. Não ouso mais nada, só acumulo, com medo de qual será minha reação. Digo várias vezes, mentalmente, que já passou e que está tudo bem, mas às vezes acho que é apenas uma repetição feita pra me enganar. Não sei porque continuo no mesmo lugar.

A sensação que tenho é a de que sei exatamente o que não quero, mas que não faço idéia do que posso querer. Me falta coragem pra assumir o que sinto, não consigo mais com a honestidade. Devia me fechar em um lugar, colocar aquela música em volume máximo e chorar, me deixar levar pra não ter mais volta, mas não consigo. Seguro o choro e finjo, só falseio o que não tenho forças pra dizer.

Me perdi na metade do caminho e não faço idéia de como sair daqui. Parece que espero que uma mão me resgate, mas talvez não faça sentido se não for a sua. Desejo o impossível, sabendo que já foi embora sem se despedir. Guardo o absurdo, vontade daquilo tudo que não vivi.
Não sei mais até onde é mágoa, até onde é saudade. Sei que dói. Transbordo sentimentos, escondendo o que, na verdade, não sei até onde consigo aguentar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sem voltar atrás

"Não chora! NÃO CHORA!”
- Chorar? Não vou chorar!
“Vai sim. Olha teu olho aí. Marejado, embaçado. Tá na cara que lágrimas estão pedindo pra cair.”
- Que nada, você nem me conhece. Ora, lágrimas. Sou forte!
“Bom, você se sabe. Depois não diz que não avisei...”

Enquanto as lágrimas caiam, ela ficava confusa, sem saber se eram lágrimas de ódio por estar errada, ou era culpa daquela dor que sentia.
Todo dia a mesma coisa: lutava contra a mágoa que sempre impedia de aparecer. E sua consciência, com toda aquela ironia, ria como quem faz questão de fazer piada com a tragédia alheia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Música de queimar o coração


Como me alegro quando vejo um show bom. Não é sempre, mas quando acontece, rola uma coisa bizarra e na metade da segunda música, uma espécie de "resenha mal feita" já começa na minha cabeça. Bizarro que só me sinto assim em shows bons, que me causam algum efeito. A vontade é de correr pra casa e começar a escrever desesperadamente (e exatamente o que estou fazendo agora), mas enfim. Aqui rolaria todo aquele meu papo de "laptop embutido nos seres humanos", afinal seria de utilidade MÁXIMA pensar e já escrever ali durante o show, mas ENFIM! (risos.)
Besteiras a parte, só queria deixar registrado por aqui o TAMANHO da qualidade que a banda Sabonetes tem. Digo isso recém chegada de um show dos caras, ainda com meu coração em pedaços, e a cabeça cheia, tão cheia que precisava escrever e tentar descrever o tamanho da alegria em que senti quando o show começou.

Lembro que vi os caras pela primeira vez lá por meados de 2008, quando eles ainda eram "apenas" uma banda de Curitiba. Fiquei tão abismada com aquele som naquele dia e hoje, ao vê-los novamente no palco, me veio exatamente a mesma sensação.
O incrível é que dois anos depois da minha primeira experiência com eles, o lance continua no mesmo padrão altíssimo de qualidade que tinha lá no início. Guitarras anestesiantes, vocal limpo e sincero, naquela batida que parece que te tira de ti mesmo e te leva pra outro lugar. Aquela coisa toda que a gente sente quando escuta uma banda diferente e boa, sabe?

E bandas assim me fazem acreditar na música, de verdade. Aquele tipo de música que você não acha em qualquer lugar, mas que quando começa, você já sabe: ali está mais uma canção de queimar o coração. Completamente honesta e justa, que ultrapassa o quesito comum e geral de melodia/acordes/oqueseja. É bem mais que isso, é como aquelas experiências bizarras "extracorpóreas", e só dá pra sentir quando se escuta algo assim.


Se daqui uns 2 anos o país todo não souber quem eles são, eu desisto da vida! Bandas que atingem esse nível classudo tem que ser trilha sonora de todos nossos dias... como radinhos espalhados na cidade dando a chance de todos sentirem o que a gente também sente.

Só sei que são quase 2 da manhã e "amanhã" preciso acordar às 10 pras 6h, pra chegar a tempo no trabalho. Mas nada disso realmente importa depois de Marca página, Hotel e Boleros. Os dias serão bem melhores assim.

domingo, 4 de julho de 2010

O tragicômico

Digamos que você anda em um grupo grande de amigos. E, veja só, você se dá bem com todos. O problema, como em todo grupo grande, é que amigos ficam com amigos, e um se machuca, outro fica com ciúmes, bla bla blá... e ASSIM é dada a largada para o festival de fofocas e intrigas.
Esse é só um exemplo meramente fictício que ilustra direitinho o quanto é completamente natural do ser humano dar “pitacos” sobre a vida de um amigo.
Isso tudo porque quem tá de fora sempre acha que tem razão, sempre acha tudo mais simples, mas fácil, menos chato. Mas a real é que todos nós já estivemos em uma situação irritante parecida com esta, e só quem passa por isso sabe a verdadeira dor que é se sentir completamente perdido.
Aliás, pior que sentir-se perdido, só mesmo se magoar e magoar as pessoas ao seu redor, mesmo sem querer.

Cá entre nós, é MUITO fácil criticar. Assim como seria fácil chegar aqui e escrever um texto sobre um mundo perfeito, onde pessoas perfeitas se amam e são felizes. Óbvio, é muito fácil também baixar a cabeça e aceitar calado as coisas que são impostas a você (e não falo de “mídia”, ou sociedade... é a realidade, mesmo!).

Sirvo de exemplo vivo pra um tipo de problema como este, e assumo que minha vida se tornou uma confusão no EXATO instante em que toda aquela “utopia de vida” que EU achava que seria legal viver, deu de cara com uma situação diferente desse tal “padrão”. E ao contrário do que acreditava, aceitei a cagada e vivi completamente de pernas pro ar. Talvez tenha sido uma das fases mais divertidas de todos esses meus 22 anos de vida, e vejam bem: ia contra TUDO e TODOS. Não tinha um só dia em que não me criticavam pelas minhas escolhas, e eu sempre ficava confusa, me sentindo errada porque todo mundo dizia que era errado, mesmo.
E aí, de quem é o erro? De quem vive “errado” e me “convidou” pra ser igual, ou meu, por ter arriscado?
Entendem o que quero dizer aqui?

E exatamente por isso que pergunto a vocês: cabe mesmo a gente ficar dizendo que o erro alheio é um absurdo? Será que são os OUTROS que estão sempre errados? E porque nunca a gente?
Seria muito fácil eu colocar a culpa no próximo e chorar pra sempre, dizendo que fui vítima de uma pessoa que, na verdade, só queria ser feliz.

Quem somos nós para julgar as escolhas alheias? Quem somos nós pra criticar?
QUEM SOMOS, mesmo?
Você sabe BEM quem você é? Você faz suas escolhas.

Tenho pena de quem fecha os olhos pra realidade e se diz perfeito. De quem acha que viver é tarefa simples, de quem não arrisca, de quem baixa a cabeça pras ações, fingindo não ver o que realmente acontece.
É claro que não quero assinar aqui um documento que deixe a vida uma esbórnia e que “ninguém é de ninguém”. Mas eu SEI que, no fundo, erros não são cometidos visando o fracasso. Tem gente que erra exatamente por não saber fazer a escolha certa. E essa pessoa, como TODOS nós, tem que errar mesmo! Ela só quer achar a resposta! E todos nós somos assim. A vida é pra ser tragicômica mesmo. Não existe perfeição.

A gente cria uma fantasia na cabeça e sempre escolhe um lado pra defender. Talvez eu que seja a errada de achar que o “vilão” da história também sofre. Mas nesse romance cheios de anti-heróis que é a vida, só posso afirmar que não, nunca alguém está 100% certo.

E em toda essa confusão que a gente cria pra tentar ser feliz, só nos resta errar, errar mais um pouco, e errar um pouco mais.
Não, nunca vamos saber a resposta para todas as perguntas, e essa que é graça. Não saber as respostas só nos dá mais vontade de correr atrás delas... mesmo sem nunca encontrá-las. E qual é a graça de se saber tudo nessa vida, de estar sempre certo e nunca descobrir mais sobre você?
Certamente, quem ACHA que sabe de tudo é porque não sabe nada. Nem sobre si mesmo.

Então aqui vai o convite: Erre mais. Porque faz parte, e nos faz ser de verdade.

E se tudo isso que eu disse não fez o mínimo de sentido... bom, tentei. Porque eu ainda busco as respostas, e não vou desistir tão fácil.

Obrigada a quem me ensinou a ver a vida assim.