“Não sei porque te considero tanto, se você nunca demostrou ser mesmo meu amigo.”, reclamou ela.
“E quem disse que eu sou?”, respondeu.
E assim seguiram.
A vida me dá o drama e devolvo o cálculo. Nenhuma solução. Escuto, escrevo, falo, comento. Sinto. Até demais.
“Não sei porque te considero tanto, se você nunca demostrou ser mesmo meu amigo.”, reclamou ela.
“E quem disse que eu sou?”, respondeu.
E assim seguiram.
Lembro que há muito tempo atrás, quando eu ainda achava que a FRESNO era uma banda emo, ruim e com músicos sem qualidade, acabei vendo, sem querer, o clipe de “Mr. Confusion”, do Beeshop.
Aquilo me deixou completamente sem reação.
Então perai: O cara que toca na banda que eu achava ruim tinha um projeto solo? E um projeto solo que era BOM?
Obviamente tratei de ouvir Fresno com calma depois desse dia. Ouvi tanto que eles foram assunto do meu trabalho final de graduação e hoje até posso dizer que sou fã dos caras e que admiro muito o som que eles fazem. Mas isso, claro, não vem ao caso.
É um fato muito curioso SIM, alguém que aprendeu a gostar de Fresno a partir do momento em que conheceu Beeshop. A coisa geralmente acontece ao contrário.
A verdade é que o tal “Lucas Silveira Beeshop-Paraíba” possui muito talento. E isso talvez não seja tão gritante pra quem acompanha de fora o trabalho do quarteto gaúcho que ele lidera há aproximadamente 10 anos (aproximadamente porque eu não sei a data correta, claro)...
Semana passada a grande novidade no twitter era o fato de que o primeiro álbum do Beeshop, intitulado “The Rise and Fall of Beeshop”, já estava disponível pra download.
Demorei pra ouvir. Não estava em casa, não tinha como baixar, enfim. Só lia os comentários de quem já tinha escutado, e tive certeza: precisava ouvir o mais rápido possível.
Não vou ser hipócrita aqui e falar “então fui na loja, comprei o CD e ouvi no carro”. Não foi assim. Entrei na comunidade dele mesmo e lá já encontrei o link pra download.
Eu já tinha algumas canções do Beeshop que faziam parte do “The Really Really I’m Sorry EP”, então já sabia que o trabalho dele era classudo. Mas as coisas sempre parecem ganhar uma magia diferente quando são BEM gravadas, não?
Ainda mais quando ganham uma roupagem diferente e mesmo assim, não deixam a essência inicial se perder.
A impressão que fica é obviamente aquela que quase todo mundo deve ter tido: O guri amadureceu. Passou de um sofredor a alguém que grita seu amor a quem quiser ouvir. Mas de um jeito sutil, que ao mesmo tempo consegue ser visceral.
A voz do Lucas se mostra melhor a cada faixa. Vai de doce a forte, intensa. Age como se tivesse interagindo com o ouvinte, como se tivesse, literamente, falando sobre sentimentos que, de fato, existiram (E ainda existem).
E talvez isso que me surpreenda no Beeshop. É um trabalho honesto. Esse é o verdadeiro Lucas. Talentoso, que mostra suas várias “facetas” e diversas influêcias musicais em absolutamente todas 13 faixas.
E essa é parte curiosa, deliciosa e incrível de um projeto solo: é só uma pessoa fazendo o som que quiser. Não são cinco caras discutindo sobre que rumo devem levar. E a não ser que o cara seja esquizofrênico, essa é a chance que ganha pra fazer o que bem entender. Aí você pensa “Fazer o que nos der na telha nos dá grandes chances de errar.” Claro. Mas não se você SOUBER o que está fazendo. E acreditem, o cara SABE.
Entre as canções, destaco aqui minhas favoritas (e que certamente mudarão ao longo do tempo, todas músicas tem um nível de prezabilidade altíssimo): a divertida “Driving All Night Long”, a viciante “Cookies”, a “de rasgar o coração” (E primeira música de trabalho do CD, que tá com o clipe pra sair!) “Come and Go” e a que até então era inédita pra mim, “Go on”.
Acho bem difícil ninguém ter um pouquinho de vontade de ouvir esse CD depois dessa rasgação de seda CONFESSA aqui. Mas, na boa... Se eu soubesse descrever melhor o que esse álbum me causou, descreveria.
Como não sei chegar nesse ponto, fica a dica: Baixem esse disco.
E depois de baixar, escutem e façam como vou fazer: comprem.
Beeshop é uma daquelas coisas que só um arquivo de mp3 não basta. A gente precisa ter em mãos pra realmente ter certeza de que é real.
Pros curiosos:
- esse vídeo mostra a grandiosidade da coisa.
- myspace
*Só eu que acho que essa parte de "Driving All Night Long" lembra Elizabethtown? Quem já viu o filme, tá ligado: "some music needs air: roll down your windown". MUITA coincidência.