quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Trem 119

O sol saiu assim, quentinho, apesar de ainda fazer frio lá fora.
E eu coloquei todas as minhas roupas pra não correr risco nenhum de ser levada pelo vento.
O trem sempre demorava pra chegar, mas era eu que sempre esperava por ele tarde demais. Ia e sempre pegava aquele vagão em que as pessoas pareciam mais tristes do que deviam.

Lembrei de uma vez que escutei "Sophia" do Esteban e fez sentido. Era dezembro. Ano passado.
E ri, porque sempre achei aquela letra alheia demais.
Hoje, por acaso, acabei ouvindo de novo.

Apesar de não fazer mais sentido algum, veio um sorriso automático, chato. De saudade, de alívio.
Ao mesmo tempo, veio uma sensação boa, inexplicável, que acabou resultando em algumas lágrimas tímidas e covardes.

Ainda não sei explicar e digerir tudo isso. Mas é bom.
É bom porque faz sentido.
Eu era a idiota que achava que sempre estava errada, e nossa, foram meses difíceis.
Só que quando a gente resolve as coisas, acaba. Sabe?
É algo como... "pronto, passou".

Foi um ponto final naquilo que eu nem sei mais como começou.

E é essa sensação calma, de coração tranquilo e seguro que eu sentia antes, que eu sinto agora.
Aquela de sempre.

O engraçado é que, enquanto escrevo essas linhas, sinto os olhos pesarem, como se quilos de areia tivessem sido jogados na minha cara.
É estranho chorar assim, por desabafo, por emoção, sem coisa ruim, sem doer.


Com o tempo a estação foi se aproximando e nem sol mais tinha lá fora. Eram só aqueles faróis fortes de sempre da BR. Eu tava indo pra outro lugar agora.
Mas sabe que eu ainda me perco? E preciso ligar pra alguém me achar, pedindo ajuda.
"Me busca lá?".
Acho que nunca vou mudar... você sabe!

Só que o meu caminho não é o mesmo.

Enquanto enxugo o rosto, lembro de você dizendo estar feliz por mim.



Chegamos.

Um comentário:

Rodrigo Vieira disse...

Virei muito teu fã agora. Sério.