domingo, 1 de agosto de 2010

Anão vestido de palhaço mata 8

Dois socos na cara e uma rasteira, pra completar.
A dor, ridícula, vinha sem ser convidada. Indisposta, ela se viu incapaz de conseguir.
O corpo parecia apertado, fraco, sem condições de dar conta. Já tinha sido assim outras vezes. Se perguntava por que sempre tentava e, no fundo, tinha um pouco de orgulho por não ceder à desistência. Só queria que as coisas fossem como antes. O antes que ela havia criado na cabeça. Ao ver que a realidade não condizia com a vontade, preferiu desabar.
Se fechou em sofrimento, tomada pela raiva da indecisão. E quando expôs o que sentia, viu que já não conseguia nem chorar.
Arrependida de tentar arrumar o que só ela via, pensou em fugir pra que ninguém a visse aos prantos. Mas de nada adiantava. Até nisso fracassava.

Nenhuma lágrima, nada.
O olhar seco era como o coração: apesar de presente, parecia já nem ter mais função.

Um comentário:

iarashi disse...

morri na última frase.