sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Santa Maria

Não posso contar nada pra ninguém.
Não posso porque aqui ninguém sabe guardar segredo. Todo mundo tem um comentário a fazer. Todo mundo acha que tem que saber de tudo. E sempre tem mais alguém querendo saber...

Então, fico calada.

Não é uma questão de não confiar nas pessoas. É só se acostumar com a idéia de que aqui ninguém é realmente teu amigo.
São companheiros. Companhia pra festa, companhia pra trabalho, companhia pra ir ali tomar um café...
Mas amizade mesmo, aquelas em que a pessoa te escuta, te ajuda, e fica com aquilo pra ela... isso não existe.

Fico calada mais uma vez.


Vou costurando os lábios pra não falar, vou sempre remendando porque uma hora uma palavrinha que outra sempre escapa.

Preciso me acostumar com a idéia de que estou sozinha neste barco. Ninguém vai me ajudar a remar assim, de graça. Sempre esperam algo em troca. Sempre querem mais.


Sou daquela época em que a gente chorava no colo, abraçava pra passar dor e amava só por amar.
Hoje tenho que aceitar que aqui, as pessoas falam sem lembrar que existem outras, que as pessoas não sentem, apenas agem.


Somos todos marionetes nas mãos daqueles que nunca aprenderam o verdadeiro significado de tudo isso.




Preciso voltar.