segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Maria Pessimista e Joãozinho vai-dar-tudo-certo

A gente evitava algumas palavras porque era mais simples. Cortar respiração, sentimentos pela metade, fingimento pra não doer em ninguém.
A gente nunca foi "a gente", pelo menos não pra PRA gente, não pra mim.

Todo mundo achava que sabia, todo mundo achava que era óbvio, mas a gente nunca soube, nem fazia questão de entender.

Era divertido assim, reconfortante saber que ele sempre ia ser o único abraço que me deixava leve, o único sorriso que me fazia sorrir.
Eu já nem me importava com nada, é como se fossemos amigos desde de sempre, como se tivesse que ser assim, mesmo.
Era a única pessoa que me entendia, mesmo sem fazer nenhum esforço para tal.

Ele me irritava, mas tirava o melhor de mim. Era tudo na medida certa, e às vezes eu me surpreendia quando me pegava olhando nos olhos dele pela sinceridade, sem desviar, sem ter vergonha de ser aquela versão que ele despertava em mim.
Era estranho quando eu ficava tão a vontade porque já tinha me acostumado a incomodação banal.
Mas era sempre o único lugar pra onde eu queria ir, a única parte de todo o mundo que me fazia ficar bem.

Todo mundo julgava, brincava, fazia piada sobre o que achava que sabia. Nos divertiamos com o nosso próprio fracasso.

Apesar de sempre precisar de uma afirmação, quando ele me abraçava, com a mão na minha cabeça, é que eu sabia que ele era um pedaço de mim, já.
Bizarro como a gente mudou a vida um do outro, estranho como foi tudo tão natural.

Eu já não consigo mais olhar pra frente se ele não estiver lá, porque senão estarei pela metade.
O que eu guardo dentro de mim é descomunal, é familiar, é amor daquele mais puro, que a gente não espera nada em troca.
Fico sempre feliz ao ver que fomos absurdamente maiores que qualquer drama bobo por motivos pequenos.
Fico aliviada em ver que tenho ao meu lado um amigo que me faz tão bem.
É bom demais ver que a mudou.

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