quinta-feira, 2 de junho de 2011

Deixa eu te contar...

Andei treinando muitas despedidas nos últimos dias.
Ensaiei frases em frente ao espelho, tentando lembrar do que eu precisava falar, o que devia ser dito, o que não podia passar em branco.
No meio do caminho me dei conta que já ensaiei muitas chegadas, também.
E aí você treina tudo e nunca sai do jeito que você espera. Porque quem tá do outro lado acaba sempre te surpreendendo.

E naquele momento em que os vi no palco, só conseguia lembrar de como tudo aconteceu e nos trouxe até aqui.

Como aquela vez em que a van atrasou, porque marcaram o horário errado com o motorista. E eu sentei em frente ao bar com um amigo, agarrada no telefone, pra que nada desse errado.
E no fim ninguém se deu tchau direito naquele dia, porque tava todo mundo atrasado pra voltar.
Ali eu vi 4 meninos que eu acreditava. É estranho te posicionar assim sobre teus amigos, porque geralmente a gente abraça algumas causas pela parceria.
Mas ali não. Era uma coisa maior, ia além e me fazia sentir coisas que nem sei se existem formas pra se explicar.

Foi quando vim pra cá que tudo tomou forma, foi um projeto que abracei com toda a força que podia ter.
E cada tijolo que a gente foi colocando, cada passo que a gente deu junto, escoou aqui. Bem aqui.

Lembrei daquela vez que a gente se encontrou na casa dos meninos pra tentar ficar bem, porque sabia que vinha coisa difícil pela frente, ou quando viramos a noite gravando clipe, querendo ir embora pra casa a todo instante, mas sempre deixando a impressão pra quem tava ajudando de que ia acabar logo...
Aquela vez que fomos comer num rodízio de pizza e dissemos "O PRÓXIMO SABOR QUE PASSAR TODO MUNDO VAI TER QUE COMER!"... e veio calabresa, que decepção!
Ou aquele show na Independência, o primeiro do "gurizinho" que tava assumindo a bateria. Lembro como se fosse ontem: uma menina pediu um autógrafo, e ele ficou perdido, sem saber o que fazer. Todo mundo riu tanto vendo aquela cena, mas na verdade, o que ninguém sabia era que aquilo ali ia virar rotina alguns anos depois!
Quando me perguntaram "qual tu acha que é a maior vitória que a gente pode conseguir?" e me disseram um "Vai rolar" logo depois que respondi o que eu achava que era...
E quando isso se repetiu no ano seguinte, a gente saiu às 4h da manhã pra poder chegar a tempo. A gente conseguiu fazer o milagre da multiplicação numa cama pra que desse pra descansar, e quando fui pra sala, estranhando o silêncio e achando que todo mundo tinha saído, me deparei com umas 8 pessoas divididas pelos sofás, dormindo junto.

E as coisas foram dando certo, tão certo, pra todos nós.
A gente se ajudava porque a gente acreditava, porque a gente era aquilo dali.
E eu coloquei toda a minha força e fé nos 4 meninos que me fizeram ser quem eu sou hoje.
Fiquei abismada porque naquela hora só lembrei de coisas boas, de momentos em que a gente se apoiou, em que todo mundo se reuniu e fez tudo funcionar. E engraçado porque depois de tanto tempo, em nenhuma hora foi ruim, foi difícil, foi complicado. Foi sempre simples, foi sempre agradável.
E fomos sempre assim, também.
Acredito que isso seja eterno.

O que me emociona e ainda me tira o ar em alguns momentos, é ver como crescemos JUNTOS. É ver que eu tô seguindo pra um caminho diferente porque apareceu algo maior.
Mas que eles estão tão em frente quanto eu... E se eu ajudei eles a chegarem onde chegaram, eu só consegui tudo o que tenho por culpa deles, também.

Eu deixei um pedaço de mim porai, porque não sou capaz de dar um adeus e jogar tudo pra longe. É isso que explica tudo o que a gente já enfrentou.

Algumas decisões na nossa vida são difíceis, mesmo.
Mas nada, nada MESMO, acontece sem querer. Muito menos a gente.

E são nessas decisões complicadas, nesses abraços de "obrigado por tudo" e no sorriso honesto de quem fica feliz por ti, é que a gente vê que fomos muito mais que uma equipe.
Somos uma famiLHA, com "LH", mesmo, como nos chamamos. Desde sempre, desde o começo.

E no fim eu ensaiei uma despedida inutilmente.
Porque ninguém abanou dando tchau, ninguém chorou porque nunca mais ia se ver.
Não foi uma despedida.
Foi um "muito obrigada", foi um "vocês são os culpados por isso também".
Foi um "a gente sempre soube que esse dia ia chegar e que bom que veio por um motivo tão bom".

Não consigo imaginar o que pode vir pela frente, mas consigo ver claramente os mesmos 4 meninos nas minhas "futuras lembranças".
Pois é isso que a gente chama de "amigos pra vida toda".
E não consigo achar outra definição pra pessoas que conseguiram mudar tanto a minha vida.

2 comentários:

Gabriela Lemos disse...

nossa tu quase me fez chorar com esse post. simplesmente lindo. tu sabe como usar as palavras!

Cândida Matos disse...

Me emocionei, que se dane. Choro mesmo tô nem ai. Tri lindo, caralho.