terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ventania (2)

Esses dias descobri que não existe canto melhor na minha casa que a sacada que dá pra rua. Nunca morei em nenhum lugar com uma “sacada aberta”, e talvez por isso aquele tenha se tornado o meu ponto favorito de todo apartamento.

Foi quando sentei lá que começou a ventania. E não era um vento frio, agonizante ou daqueles que atrapalham. Era um vento bom, gostoso, renovador.

E naquela minha hora em que reservava pra olhar pro céu pra tentar resolver as gigantes e fúteis complicações da minha cabeça, que me dei conta:Tava REALMENTE tudo bem.

Eu externava, gritava, incomodava e me perdia, mas tinha certeza de que tudo serviu pra mostrar todas aquelas coisas em suas melhores formas.


Lembrei da Ana Terra.

“Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando”.


O vento não secou meus olhos, não esfriou minha pele, não bagunçou meus cabelos. Ele me abraçou, com a vontade de conseguir, com a confirmação de que estamos indo do jeito certo.

Quando olhei pro lado, vi toda minha dor ir embora, voando, levada pelo vento.
Fizemos uma troca. E comigo só ficou tudo aquilo que um dia me fez tão bem.

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