quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sobre amigos e cabelo

Ontem vi um grupo de “crianças” de uns 11, 12 anos. Um grupo grande, reunido no shopping. Me lembrei de quando tinha essa idade e de como tinha amigos. E de como a gente é submetido a pensar que com o tempo conheceremos mais pessoas e nosso “leque” de amizades vai crescer. Mentira.
Quando eu tinha 10 anos, colecionava amigos. A partir dos 12 aprendi que não ia ser assim pra sempre.
Hoje, mal e mal coleciono companhias.

E agora sempre que conheço alguém muito, mas MUITO afudê, meu coração se fecha, como uma defesa contra uma possível decepção. Porque a gente cansa. E eu, sem dúvida alguma, cansei de achar que as pessoas são realmente legais. Porque elas só são assim quando precisam da gente... depois... quem é que precisa de depois, mesmo? Hum.

Conto em menos de uma mão nomes de pessoas que com CERTEZA nunca me farão mal algum, e que vou levar pro resto da minha vida como pedaços em mim. Deles não posso reclamar. Mas sabe, a gente desiste um pouco cada vez que vê que, pra algumas pessoas, o que importa são os seguidores no Twitter, o reply do “famoso”, ou repetir inúmeras vezes as vantagens que não são tão vantajosas assim. Mas tudo bem. Cada um tem a prioridade que achar melhor.

Mas acontece que a gente não escolhe amigos pela quantidade de coisas que ele fez. Não é ESSA a bagagem que importa. Uma pessoa que só pensa em si não me cativa. Porque EU não sou assim, e não sou obrigada a ouvir inúmeras vezes uma pessoa ser grosseira porque se vê no direito de tal ou repetir como sabe tudo sobre todos os assuntos do mundo. Porque essa pessoa anula a parte mais importante e divertida da criação de uma amizade, que é nada mais que a descoberta.
Aquela incrível sensação de ter uma companhia ao teu lado pra aprender sobre a vida contigo. Que traz as opiniões dela pra irem de encontro às tuas. E assim crescemos juntos. Amizade, pra mim, nada mais é do que aquele clichê todo de união, de sinceridade. Não uma pessoa declamando sobre si mesma, falando como SÓ ela sofre ou como é a maioral. Então se você é tão super assim, talvez consiga ser feliz sozinho. Não? Tu e teu deslumbre.

Eu não preciso e não tenho vergonha pra assumir minhas fraquezas. E me sinto uma idiota quando lido com pessoas que não assumem as suas. EU não sei ser feliz sozinha. Me parece impossível.

Definitivamente, perdi a paciência pra aturar gente assim. E por isso me afasto. Com dor de ter visto uma “amizade” ir embora ladeira abaixo. Me afasto por medo de parecer falsa ao tentar aceitar alguns comportamentos, de engolir sapos, de parecer ser alguém que não sou só pra agradar. Não dá. Sabe, a gente até tenta salvar tudo... mas como mudamos o rumo do barco que já seguiu seu caminho?

Lembrei de como sempre acho que algumas pessoas não vão com a minha cara. E, por isso, não me aproximo. Morro de medo. Me fechei por temer o fracasso. E isso é muito chato. Lembrei de uns 4 nomes, pessoas que passaram a conviver mais comigo e que eu daria de tudo pra construir uma amizade verdadeira. Mas o problema é que, graças a todas as pessoas que me julgaram como uma “companhia descartável”, aprendi a sempre ter um pé atrás com todo mundo. É uma pena, de verdade. Uma pena me sentir mal por não conseguir mais confiar nas pessoas. O resultado é ridículo. Me sinto uma ameba por às vezes forçar sorriso com quem parece forçar TUDO comigo.

Entrei num nível ridículo. E é duro quando atingimos algo assim. Esse piloto automático que a gente assume sem dizer.
É como quando resolvemos colocar uma foto de alguém em um álbum de uma rede social só porque sabemos que, se não colocarmos, seremos cobrados. E aquilo se torna completamente superficial, tolo e a gente só faz pra não se incomodar. E é idiota. Porque não é nada disso que diz quem é mais amigo de quem. Mas já nem importa as razões pelas quais você não aguenta mais aquela pessoa. Você abaixa a cabeça e aceita o convívio, porque no automático isso já não te atinge. No meu caso, atingia.
Porque uma hora você olha pro lado e começa a analisar que você não é um caso isolado. Não é só você que perdeu o ânimo pra levantar da cama cedo. Nem só você que se desgastou a ponto de sublimar teus sentimentos e aceitar que pessoas tem o direito de te decepcionar. Te decepcionam e depois correm pra você, dizendo que te amam e sentem saudades. Pois bem.

Hoje, quando me olhei no espelho, me assustei com o fato do meu cabelo ter crescido e eu não ter feito nada a respeito. ACREDITEM! Essa era minha meta: deixar meu cabelo crescer. Fútil, eu sei. Mas entre “procurar emprego”, “aprender a fazer as unhas” e “terminar de ler um livro”, eu só queria deixar meu cabelo crescer, que tem de mal nisso? E agora que tá como eu queria, nem me importei...
Porque às vezes fica engraçado quando algumas prioridades mudam. E não que meu cabelo seja a prioridade máxima da minha vida, mas passei esse ponto pro último item da lista. Tá um saco de arrumar ele, mas e daí? Tem coisa mais importante na frente. E até que as coisas não mudam porque queremos assim, sabe? Às vezes só acontece. No automático. Da mesma forma que às vezes não temos tempo para alguns amigos, ou nem paciência com outros que só abrem a boca pra falar de como são os melhores.

Já consigo prender meu cabelo. Mas de que adianta, mesmo? A lista de pessoas que me decepcionam é BEM maior que o tamanho dele.

6 comentários:

Vitor Molina disse...

Olha. O cabelo eu já deixei crescer. E deu vontade de ser seu amigo. Beijo

Dri Andrade disse...

Adorei seu blog e esse texto.
Todos chegamoa à essa conclusão um dia...chega um tempo em que aprendemos que pra chamar de amigo é preciso comer um kilo de sal juntos.....e demoooraaa..

ja to te seguindo beijos

Juliana disse...

Ba Renuska , além de te achar linda exatamente nesse momento descobri o quanto escreves bem ... é eu também escrevo , pouco mas escrevo e pelos amigos que se acham melhores do que eu , acabo ficando com vergonha deles e não postando.È preciso melhorar, e muito ...
Beijos , linda!

Renée Hasperoy ;D disse...

Bá, eu tenho um medo gigantesco disso ;~~

Mesmo vendo que muito disso já acontece. O automático, é meio que um medo de dizer verdades. É cômodo não se incomodar e não se extressar com uma briga sem fundamento sobre o que tal pessoa se tornou. Às vezes fugimos dessas pessoas. Mais uma vez no automático.

Valéria disse...

Teoricamente, pessoas legais demais deveriam nos deixar extremamente empolgadas, mas quebramos tanto a cara com gente que parecia ser assim que hoje em dia essas pessoas dão medo. Como tu disse, esse medo é entristecedor, e o que eu mais penso é em quantos poderiam se tornar grandes amigos meus e o meu pé atrás não deixou. É.

Sabe, eu SEMPRE me vejo muito nos teus textos, mas dessa vez eu fiquei REALMENTE impressionada. Até na parte do cabelo ali.

iarashi disse...

nem quero ser sua amiga, só queria te pegar.