"De onde você tá tirando tanta inspiração?", perguntou aquela amiga da curiosidade irritante.
"Ah... da vida... dos filmes...", tentou desconversar. "Sabe como é, né? Quase nunca falo de mim...".
A amiga riu. Ela também.
Riso nervoso, daquele que a gente usa quando não sabe o que dizer.
Voltou pra casa contando os passos, alinhando bem os pés, caminhando sobre um risco imaginário que a ajudava a se distrair pelo caminho.
Tentava não pensar nele. Não nele! Não naquele sorriso, e de como ele a deixava sem palavras.
Nãaao, não, não.
Ela que sempre foi toda dona de si, orgulhosa por ter sempre "tomado a iniciativa" e uma atitude... Agora tava ali, olhando pra parede, se perguntando o porque de tanto sentimento, logo por quem não esperava.
"Ah, a ironia da vida!".
Se preocupava, e muito, com o que ele poderia pensar de tudo aquilo. Mas, no fundo, já não ligava.
Não ia assumir nunca o que sentia. E muito menos ia perguntar se ele podia sentir algo parecido também. Resolveu esperar sentada.
No auge de "trouxisse", preferiu se calar.
E ali ficou.
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