segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vitória

"De onde você tá tirando tanta inspiração?", perguntou aquela amiga da curiosidade irritante.

"Ah... da vida... dos filmes...", tentou desconversar. "Sabe como é, né? Quase nunca falo de mim...".

A amiga riu. Ela também.
Riso nervoso, daquele que a gente usa quando não sabe o que dizer.

Voltou pra casa contando os passos, alinhando bem os pés, caminhando sobre um risco imaginário que a ajudava a se distrair pelo caminho.
Tentava não pensar nele. Não nele! Não naquele sorriso, e de como ele a deixava sem palavras.
Nãaao, não, não.

Ela que sempre foi toda dona de si, orgulhosa por ter sempre "tomado a iniciativa" e uma atitude... Agora tava ali, olhando pra parede, se perguntando o porque de tanto sentimento, logo por quem não esperava.

"Ah, a ironia da vida!".
Se preocupava, e muito, com o que ele poderia pensar de tudo aquilo. Mas, no fundo, já não ligava.
Não ia assumir nunca o que sentia. E muito menos ia perguntar se ele podia sentir algo parecido também. Resolveu esperar sentada.
No auge de "trouxisse", preferiu se calar.


E ali ficou.

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