quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Envelope

É estranho sentir saudades de casa.
"NADA mais normal", eu devia pensar. Afinal, foram 15 anos morando no mesmo lugar, na mesma rua, com os mesmos amigos e sempre dando bom dia pras mesmas pessoas no elevador.
Foram anos muito parecidos, acolhedores... Anos de risadas gostosas e abraços confortáveis.

Por mais que me vire bem com a "solidão" que a gente ganha de bandeja quando resolve "morar sozinha", às vezes me pego olhando pros lados, procurando por uma companhia entre os quartos vazios.

É estranho sentir saudades de casa porque "ir embora" devia ser uma coisa natural. Era mais que uma vontade, sempre foi uma meta. E em nenhum momento cogitei voltar.



Mas, no fundo, eu sei: o que dói mais não é a saudade. É saber que não pertenço mais aquele lugar que SEMPRE foi tão meu.

2 comentários:

Márcia Pilar disse...

é sempre bom ter pra onde voltar.
acho que o legal de sentir saudades é o fato de ter um sentimento forte pra nutrir.

Gadú canta uma coisa que reafirmo: 'o apego não quer ir embora... diaxo, ele tem que querer' ♫

bjs, guria.

antes que a natureza morra disse...

Fora 3 anos que morei em Curitiba (1969/70/71, época do meu Mestrado) e 3 anos em P. Alegre (de segunda à quinta, quando fui presidente da Fundação Zoobotânica/RS), o resto dos meus 68 anos vivi em Santa Maria, RS, onde dei aulas na UFSM e cursinhos, tive programas de rádio, de TV e coluna diária em jornal. Enfim, tive em S. Maria o porto seguro e o "reconhecimento" e "estabilidade" que qualquer cara da minha idade sonharia ter. Como virei um cara maldito na cidade, um tipo satânico para os valores da mesma e nunca me submeti às ordens vigentes, fiquei um velho rebelde, mal-visto pelas "forças vivas"...rsss
Há 3 anos, depois de formar e casar 3 filhos, morrer meu pai e sogros em apenas 10 meses, me senti liberto das obrigações familiares e chutei o pau da barraca. Estou morando a apenas 10 metros do mar na praia de Canasvieiras, na ilha da magia de Florianópolis. Fui agora por apenas uma semana visitar minha mãe de 89 anos que teimou em ficar em S. Maria. E senti exatamente o que tu sentiste : não pertenço mais àquele lugar. Estou noutra. Virei um bicho de praia, que anda de bermuda apenas durante todo o ano. Não me dói constatar isso, talvez pore causa da minha idade. Mas acho curioso. E acho que a Vida premia com a Felicidade todo aquele que tem coragem de ousar.
*Adorei teu blog.
Beijo
James Pizarro