terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sobre espelhos e balanças

Às vezes paro pra pensar, e chego a conclusão de que pessoas inteiramente satisfeitas com sua aparência física devem ser aberrações da natureza.

Sempre tem alguma coisa que nos “estraga”, sempre temos um motivo pra reclamar.

Quando me olho no espelho, encontro infinitos defeitos. Olho e penso: “como pude deixar chegar a esse ponto?!”. É complicado. Qualquer deslize e OPS, tô acima do peso.
Aí me deixei levar. Ganhei mais do que devia. Fiquei diferente. Sou chamada “carinhosamente” de gordinha, comecei a virar motivo de piada sobre comida… comecei EU mesma a me fazer ser piada sobre comida… E quando vi, já não tinha mais controle.
Não tenho mais paciência pra regime. Não sei ir pra academia, fazer exercícios. É complicado falar que não quer tomar Coca-cola, ou não ter vontade de chocolate…

Mas o fato é: eu REALMENTE não me importo. Se me importasse, já tinha me jogado pela janela. Porque cá entre nós, eu já fui mais magra/bonitinha. E é engraçado pensar que naquela época eu já me achava “gorda”. Hoje vejo fotos e me assusto… “De onde que eu tinha tanto osso?”.
Mas sabe, quando vejo essas meninas malucas porque tomaram um sorvete, ou porque jantaram Mc Donald’s, penso em como EU seria infeliz se controlasse cada passo, cada caloria, cada garfada. É completamente irritante alguém assim do seu lado, porque nada é pior do que alguém que não se aceita, que é infeliz dentro do seu próprio corpo. Isso torna a pessoa mais feia do que qualquer gordurinha saltada naquela blusa mais justa.

É nessas horas que eu começo a viajar naquelas coisas de pessoas de verdade e de mentira. Porque parece que tudo o que importa é o que você mostra, o que você representa…. São as roupas que te caem bem, e o decote, a perna bonita, o fato de você tirar fotos na praia de biquini e postá-las no orkut, sem problema algum (mas certamente com alguma legenda te rebaixando).
Não quero nem falar de extremos, mas se você só pegar o “grosso” do que tô falando, vai entender.

Pessoas são bem mais do que isso. É óbvio que eu adoraria ter 15kg a menos, mas será que isso ia mudar alguma coisa? MESMO? Ia me tirar alguma chance na vida? Eu ia ser mais por isso? Fazer mais amigos? Ir a mais festas? Ter mais “menininhos apaixonados" por mim (ou melhor, só querendo me pegar)? É isso mesmo que eu procuro nessa vida?

Ou procuro pessoas de verdade, que me conheçam e que me respeitem de VERDADE, a ponto de eu deixar elas fazerem piadas sobre eu ser “gordinha tensa” sem me preocupar?

É um ciclo vicioso. Quanto mais pessoas que gostem de mim pelo que sou estiverem em volta, mais eu vou ver que o que vale aqui, MESMO, é ser o que a gente REALMENTE é. E sabe… ser quem a gente realmente é APENAS traz gente de VERDADE pra perto.

Claro que não aposto aqui em “perder o controle” e sair chutando o balde, mas a verdade é uma só: Meu espelho não mostra quem eu sou por inteira.

E nada melhor do que pedir uma pizza e rir na companhia dos nossos verdadeiros amigos.

Um comentário:

Samuel Santos disse...

Gostei muito do texto Renuska realmente nada melhor do que sermos nós mesmo. Verdadeiros e que gostem e deem o valor a nós como pessoa quando mostramos o nosso Eu e nao photoshops, e regimes por aí como vemos.

Gostei muito da parte que vc fala pra que eu ficar me preocupando com aparência em demasia, pra mais menininhos se "apaixonarem".

muito show parabéns mesmo

abraço